Opinião
Os Desafios dos Síndicos na Gestão de Pessoas
Autor: Milka Moraes
14 Nov 2024 - 08:00
Ah, ser síndico! Para muitos, a palavra já vem carregada de responsabilidade e uma certa dose de “calma, não vou querer me envolver nisso”. Mas a realidade é que, cada vez mais, essa função vai além de cuidar da pintura de fachada ou resolver uma infiltração no térreo: a gestão de pessoas é um dos maiores desafios enfrentados pelos síndicos hoje em dia.
Primeiro, pense na diversidade de um condomínio. Você tem jovens que saíram da casa dos pais e ainda estão entendendo como lidar com parentes, aposentados que conhecem o condomínio como a palma da mão e esperam que tudo continue “como sempre foi”, e famílias com crianças que só querem saber do parquinho e das regras de silêncio, mas que nem sempre concordam com o horário imposto. É como ser o maestro de uma sinfonia onde todos os músicos estão tocando ao mesmo tempo… e cada um acha que está no tom certo.
A comunicação aqui é chave! E ela não pode ser aquela comunicação seca, com avisos em letras garrafais colados no elevador. Os síndicos precisam desenvolver uma habilidade quase que diplomática, saber entender as diferentes perspectivas e, de quebra, manter a calma para não perder o boato em meio aos debates sobre o uso da piscina no feriado.
Outro ponto interessante: a gestão de conflitos. Ao contrário do que muitos pensam, os conflitos são naturais em qualquer comunidade. A questão é como administrá-los. Um síndico que sabe ouvir (de verdade!) ganha meio caminho andado. Às vezes, o morador nem quer uma solução imediata; quer apenas ser ouvido. No entanto, equilibrar isso com a execução de decisões que beneficiem a maioria requer habilidades que se aproximem muito das de um mediador profissional.
Agora, pense em treinamentos para os funcionários do condomínio. Imagine um síndico que pensa à frente e oferece capacitação para os porteiros, faxineiros e até para a equipe de segurança. O retorno vai além da qualidade do serviço: esses profissionais se sentem mais valorizados e motivados, e o clima organizacional do condomínio muda para melhor. Afinal, não há síndico que dê conta do recado sozinho.
Por fim, ser síndico é aprender todos os dias que, mais do que resolver problemas de ordem prática, ele precisa entender de gente. É uma função de gestão, sim, mas também de proximidade. É enxergar as pessoas por trás das reclamações e demandas, e, acima de tudo, criar um ambiente onde todos – sim, até o reclamão do segundo andar! –podem conviver em harmonia.
Então, na próxima vez que encontrar seu síndico, pense nele como um gestor de pessoas e comunidades. Porque é exatamente isso que ele faz, com o bônus de que, aqui, o “cliente” também é seu vizinho!
Milka Moraes, Administradora de Empresas, especialista em Gestão de Pessoas.