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Terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Opinião

Olhemos para os bebês prematuros do Brasil

Em novembro,com a campanha “novembro roxo”, chamamos a atenção para a prematuridade, uma condição que afeta cerca de 15 milhões de bebês por ano no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o número de nascimentos prematuros representa aproximadamente 12% do total, uma das taxas mais altas do mundo. Foram 340 mil bebês, segundo o Ministério da Saúde.

O nascimento antes das 37 semanas de gestação está associado a uma série de complicações, como problemas respiratórios, dificuldade para controlar a temperatura corporal, risco aumentado de infecções e complicações neurológicas, que podem impactar o desenvolvimento do bebê a longo prazo.

A prematuridade é um fenômeno multifatorial, mas estudos mostram que muitos casos poderiam ser evitados com um acompanhamento pré-natal adequado. Condições como hipertensão arterial, diabetes gestacional, infecções urinárias e cervicais, além de gestação múltipla, são fatores de risco frequentemente associados a partos prematuros. Identificar e tratar essas condições precocemente é fundamental para reduzir os índices de prematuridade.

Por exemplo, o controle da hipertensão gestacional com medicamentos apropriados e a realização de cerclagem cervical em casos indicados podem fazer uma grande diferença. Além disso, intervenções como o uso de corticoides em gestantes com risco iminente de parto prematuro têm comprovado impacto na redução de complicações respiratórias do recém-nascido.

Outro aspecto relevante é o acompanhamento do recém-nascido prematuro, que geralmente requer internação em unidades de terapia intensiva neonatal (UTI Neonatal). Nessas unidades, tecnologias como ventilação mecânica e nutrição parenteral desempenham um papel crucial na sobrevivência dos bebês.

Investir na conscientização sobre prematuridade e na melhoria dos serviços de saúde é essencial. Isso inclui desde a garantia de exames de ultrassonografia e testes laboratoriais no pré-natal até políticas públicas que favoreçam a equidade no acesso ao sistema de saúde.

É fundamental também promover educação em saúde para que gestantes possam identificar sinais de risco e buscar atendimento em tempo hábil. Estudos indicam que iniciativas de conscientização comunitária e capacitação de profissionais podem reduzir os índices de partos prematuros em até 25%.

O Novembro Roxo, portanto, vai além de campanhas de sensibilização. Ele reforça a necessidade de ações integradas entre governo, profissionais de saúde e sociedade para prevenir a prematuridade e oferecer aos bebês prematuros um início de vida mais seguro. O foco deve ser não apenas em evitar o parto antecipado, mas também em proporcionar suporte adequado para que, mesmo quando nascidos antes do tempo, esses bebês possam alcançar seu pleno potencial de desenvolvimento.

Aparecida Camacho é pediatra e neonatologista do Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá*
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