Opinião
Da invisibilidade à inclusão: uma transformação necessária
Autor: Bruno Moreira
22 Abr 2025 - 08:00
Quando criança, nos anos 90, lembro que era muito raro ver pessoas autistas ou com síndrome de Down em espaços públicos. Essas pessoas eram tratadas com descaso, muitas vezes chamadas de “retardadas”, “abobadas” ou “loucas”, termos cruéis que revelavam não só a ignorância da época, mas também a dificuldade coletiva em lidar com o que era diferente.
Muitas famílias, por vergonha, medo ou puro despreparo, mantinham esses parentes em casa, afastando-os do convívio social. As escolas não os aceitavam, os espaços de lazer não os incluíam, e a sociedade inteira agia como se essas pessoas simplesmente não existissem. Crianças como eu, sem entender nada, acabavam absorvendo esse medo, esse preconceito disfarçado de silêncio.
É bom perceber que esse cenário vem mudando. Com mais acesso à informação, avanços na ciência, na educação e nas políticas de inclusão, hoje essas pessoas têm conquistado mais espaço. Estão nas escolas, nas redes sociais, no mercado de trabalho e no meio artístico. É justo, é necessário.
Mas não podemos cair na armadilha de achar que está tudo resolvido. Ainda há muito preconceito disfarçado de “piada”, de “cuidado”, de “não é o melhor para ele(a)”. Ainda há quem olhe torto, quem subestime, quem exclua, mesmo sem perceber.
A verdadeira inclusão não está apenas na lei ou na rampa de acesso. Está no olhar, no respeito, nas oportunidades reais. Pessoas com deficiência têm o direito de existir plenamente, de estudar, trabalhar, amar, se divertir, de ocupar todos os espaços. Não são invisíveis, não devem ser silenciadas. E nós, como sociedade, precisamos parar de apenas tolerar e começar, de fato, a incluir.
Incluir não é favor, é responsabilidade. E só assim seremos, de fato, uma sociedade por inteiro.
Bruno Moreira (@obrunocos) é publicitário e gestor de marketing.