Opinião
O machismo mata
Autor: Bruno Moreira
28 Abr 2025 - 08:00
O Brasil é, infelizmente, um dos países que mais mata mulheres no mundo. Sim, estamos no Top 5 dessa triste estatística, e essa posição nos obriga a refletir: o que nos leva a ser tão violentos com as mulheres?
Ano passado, assisti a uma palestra sobre violência contra a mulher que me marcou profundamente. Uma delegada relatou casos que acompanhou, histórias brutais e assustadoras. Um detalhe me chamou especialmente a atenção: na maioria das vezes, o assassino mata sabendo que será preso, mas mesmo assim acredita estar "defendendo sua honra". Se a mulher decide terminar o relacionamento, ele mata. Se ela o trai, mata. Se a mulher ousa desafiá-lo ou simplesmente o "incomoda", mata.
Esse tipo de pensamento revela algo ainda mais grave: a cultura machista profundamente enraizada na nossa sociedade. Talvez adultos que carregam essas crenças não consigam mudar, mas podemos – e devemos – mudar o futuro. Precisamos debater a violência contra a mulher em casa, nas escolas, em todos os espaços possíveis. O machismo é um câncer social que precisa ser extirpado, urgentemente. A sociedade precisa aprender, de uma vez por todas, que ninguém é dono de ninguém.
Crescemos escutando absurdos como verdades absolutas: homens devem trabalhar, sustentar a casa, ter amantes e jamais aceitar "desaforos" da esposa. Mulheres, por outro lado, devem se comportar bem para "arrumar marido", cuidar da casa, dos filhos, e abdicar dos próprios sonhos e carreira. Pode parecer exagero, mas essa mentalidade, infelizmente, ainda habita muitas mentes hoje em dia.
Quem vê o outro como propriedade está fadado a sofrer por aquilo que nunca foi seu. Precisamos, urgentemente, olhar para dentro de nós mesmos, curar nossas feridas, e nos libertar dos padrões sociais que nos aprisionam. Amar é liberdade. Quem ama de verdade não impõe, não controla, não exige nada em troca.
Para quem quer refletir mais sobre esse tema, deixo uma recomendação especial: o livro Ninguém é de Ninguém, de Zíbia Gasparetto (pelo espírito Lucius). A obra nos lembra, de forma sensível e profunda, que o amor verdadeiro é, acima de tudo, livre.
O machismo mata. E enquanto fecharmos os olhos para isso, continuaremos escrevendo capítulos de dor em nossa história.
Bruno Moreira (@obrunocos) é publicitário e gestor de marketing.