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Opinião

Geladeira solidária

Licio Antonio Malheiros

A implementação de políticas públicas sociais por parte do governo estadual, vem deixado a desejar; principalmente para as pessoas que mais necessitam, em especial, aquelas  que se encontram  distantes da Capital. Não sabemos se é por falta de recursos, ou meramente uma questão de gestão pública, para gerir e equacionar o gravíssimo problema social, que assola nosso Estado.

A ausência e ineficiência dos Governos, no campo social têm levado pessoas comuns, a adotarem e criarem projetos sociais, que amenizem e minimizem a vida das pessoas carentes, que na maioria das vezes, se encontram em total vulnerabilidade social; principalmente aquelas ligadas a fatores socioeconômicos, partindo para o popular, pessoas que não tem nem sequer, o que comer.

Agora, imaginem vocês se essas pessoas conseguiriam diante dessa adversidade financeira, desenvolver o hábito da leitura, isso, seria humanamente impossível.

Pensando nisso, uma jovem empresária, a senhorita Valéria Araújo, do seguimento, de hotelaria, material de construção e mercados,  residente na cidade de Alta Floresta, distante  da capital 791 km, resolveu criar um projeto solidário de altíssimo nível social, que o denominou,  geladeira solidária, cada uma delas, se encontram nos fundos dos seus estabelecimentos comerciais.

Só que nessas geladeiras, a empresária visionária, colocou não somente comida, que é sem dúvida alguma o carro chefe desse projeto, porém a mesma inovou colocando, além de alimentos,  livros e roupas.

Essa belíssima iniciativa, acabou mexendo com o imaginário das pessoas, até porque, a própria empresária num primeiro momento, não acreditava que as pessoas tivessem a sensibilidade e entendimento, de que essa iniciativa visava atender, quem realmente não tem nada em suas vidas, e que essas geladeiras recheadas de alimentos, roupas e mais do que isso, passando informações também, através do estimulo a leitura.

O medo dela, é que as pessoas  não tivessem o entendimento da magnitude do referido projeto, e passassem a pegar os itens nelas contidas de forma desordenada e compulsiva. Felizmente, isso não  aconteceu; dando a quem realmente necessita um mínimo, para sua sobrevivência.

Estas geladeiras se encontram na parte externa dos seus estabelecimentos comerciais, por certo, o que levou às pessoas a entender a proposta e objetivo do referido projeto, foram os dizeres colocados na parte externa das geladeiras, através de uma frase de efeito, "quem não tem tira, que tem põe", essa frase sem dúvida alguma,  mexeu  no inconsciente das pessoas que por lá transitaram.

Estou fazendo alusão a este tema, por entender a importância do mesmo, além disso, tentar resgatar nas pessoas, o amor ao próximo, à solidariedade e a capacidade de ajudar as pessoas necessitadas. Principalmente, pelo fato de vivermos em um país extremamente capitalista, no qual o capital sobrepõe:  valores éticos, morais e institucionais. 

Temos sim, que aplaudir e difundir a belíssima iniciativa dessa jovem empresária, Valéria Araújo que poderia estar preocupada em auferir lucros financeiros e dividendos para si. Ao invés disso, quebrou  paradigmas ao colocar em prática esse belíssimo projeto social, parabéns.


Professor Licio Antonio Malheiros é geógrafo.
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