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Opinião

“Dê poder ao homem e descobrirá quem ele é!''

Lidiane Álvares Mendes

A frase “Dê poder ao homem e descobrirá quem ele é” atribuída a Nicolau Maquiavel, filósofo florentino que viveu entre os séculos XV e XVI, é tão recente quanto era no período em que ela foi dita. Voltamos está máxima para as gestões das escolas públicas em Mato Grosso, onde profissionais da educação ocupam através de eleições ou nomeações cargos de direção e coordenação escolar, tendo como função, a administração da unidade escolar de acordo com legislação vigente, normativas e decretos, além dos estatutos internos e as competências pedagógicas que deverão estar  de acordo com as necessidades da comunidade, dentre outros quesitos da praxe administrativa do órgão público. Dito isso, partimos da análise de que em diversas unidades escolares temos na função e gestão servidores públicos que através do poder se revelou-se. E revelam-se diante da incompetência administrativa em distinguir público e privado, da incoerência do discurso, do assédio moral aos colegas de profissão, da junção de Igreja e Estado, das contradições das regras estabelecidas que vão desde a prestação de contas até o tato do expediente das boas maneiras. Temos a frente das escolas públicas – lembrando que não estou generalizando os gestores, e sim apontando que em muitas unidades, a gestão é de péssima qualidade, o que interfere na convivência, no setor administrativo e no andamento do cotidiano escolar – servidores mal preparados, que o poder transitório e imaginário do cargo e função que estão ocupando exerce sobre suas personalidades, o que por muitas vezes salta aos olhos o desvio de caráter, utilizando deste poder simbólico para perseguir colegas de profissão, administrar a escola como se esta fosse o quintal de sua residência, esquecendo de que a escola está para a comunidade quanto para os profissionais da educação como o local de conhecimento e construção de cidadania, do ganha pão e das inúmeras possibilidades de transformação que ela pode imputar. Também consideramos que são inúmeras as escolas públicas sucateadas, que é visível o desgaste físico e psicológico de grande parte dos docentes e que grosso modo a família atribuiu à escola a função que por lei deveria ser exercida pelos responsáveis. Mesmo, com os inúmeros problemas que são apresentados, dos discursos contemporâneos de transformação de valores sociais, políticos e econômicos, exercem funções em algumas unidades escolares, gestores que de maneira retrograda administram de acordo com seu bel prazer, com discursos e comportamentos nos quais Maquiavel não ficaria surpreso. Dar poder é realmente descobrir quem as pessoas verdadeiramente são! Muito embora, os cargos públicos são eletivos ou nomeados, talvez fosse tempo de estabelecer através da Secretaria Estadual e/ou Municipal de Educação, curso obrigatório de gestão escolar, contendo na grade uma disciplina voltada para o entendimento de liderança e a lida do emocional para com os comportamentos sociais e de humanidade para com o próximo, concluído o curso, o servidor poderá candidatar-se ao cargo/função, e será avaliado por todos os servidores da comunidade escolar, a fim de estabelecer subsídios de transformações tanto administrativas quanto de relacionamentos interpessoais e educacionais, tal como acontece em alguns países de índices de desenvolvimento considerados de Primeiro Mundo. Se buscamos uma educação de qualidade, que possa formar cidadãos conscientes com o todo, devemos partir da premissa de que a educação dentro da unidade escolar é realizada de maneira global e não em um ambiente de insalubridade emocional e administrativa que contamina os bons servidores e aumenta o cordão de puxa saco dos piolhos de galinhas da máquina pública.

Maquiavel, nunca esteve errado!
 


Lidiane Álvares Mendes, é mestra em História pela Universidade Federal do Amazonas, e professora da rede pública e particular da rede mato-grossense de educação.
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