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Opinião

O buracão do Largo do Rosário

Wilson Carlos Fuáh

                    
Existe um triangulo com seus três pontos, ligando a Av. Coronel Escolástico, o Alto do Rosário e o Palácio das Águias na prainha, e na ponta do triangulo tinha o “buracão”, e que depois virou o poço d’água, que abastecia os antigos moradores do bairro areão, e quem conhecia aquela região, conhecia  como “buracão” e nunca se falou que ali existia a “ilha de banana”.
                      
Porque buracão?
                       
Todos os antigos moradores do bairro do “areão”, composto pelas Ruas:  São Benedito, São Francisco e Av. Coronel Escolástico, sempre ouviam seus ancestrais a contar a “Lenda da Alavanca de Ouro”, e que constituía em relatos que aumentavam de pessoa para pessoa que dispunha a contar, e que em resumo também contamos:
                          
Em Cuiabá, se achava ouro por toda “parte”, bastava fazer um buraco, logo encontra ouro, e os primeiros moradores construía as suas casas em cima da descoberta, por isso, as ruas eram tortas e os alinhamentos irregulares.
                           
Contam às “estórias” que um negro escravo que estava lá do Alto do Rosário, e olhar em direção ao que hoje está a Av. Coronel Escolástico, na meia noite na escuridão da antiga Cuiabá, avistou um brilho de doer nos olhos, e avistou nas imediações do lugar chamado de “buracão” visualizou  um objeto reluzente em forma de uma “Alavanca de Ouro”, e logo pela manhã todos os moradores do areão, já disparavam as suas versões: uns diziam que ali morava a “mãe da terra” ou a “mãe do ouro”.
                               
E por lei da época, o negro escravo teria que contar primeiramente ao seu dono, para que este pudesse tomar posse da riqueza do “achado”, e como o escavo espalhou para todos,  antes de contar ao seu Dono, este por dia após dia, teve como castigo receber as  chibatas nas mãos do Feitor, e fazia os escravos “cavucar” em busca da Alavanca de Ouro.
                              
E ali formou um enorme buracão, e este ao desbarrancar, engoliu a todos, e morreram todos os escravos que trabalhavam a procura da “alavanca de Ouro”, e assim, todos os moradores evitavam em passar por ali, pois se ouviam choros e urros dos espíritos dos escravos que ficaram enterrados  no buracão, e diziam que o local ficou “mal assombrado” pois todas as noites ouviam-se urros, gemidos e gritos vindo do fundo do buracão, por isso, ficou o no nome de Buracão do Largo do Rosário.
                         
Agora, dizer que ali tem a denominação de “Ilha da banana”, é desrespeitar a história de Cuiabá, são coisas daqueles que chegaram “três anteontem” e que pensam que Cuiabá começou com sua chegada.
                         
Como chamar “Ilha da Banana” se ali nunca houve plantação alguma, o que “nóis cuiabanos dos pés rachados” sabemos muito bem, é que: ali tem sim, a “Maldição da Mãe do Ouro”, e, é bom ter cuidado ao mexer com aquilo que não se conhece, pois pode chegar ao desconhecido e as descobertas serão muito estranhas aos projetos “utópicos”.
                        
Quando participei da Audiência Pública na AL/MT – convocada pelo Dep. Wilson Santos em 2018,  sobre a Construção da Estação do VLT, no Largo do Rosário, falei sobre essa lenda do Buracão, e dei uma sugestão para que fosse construído naquele lugar, um monumento com um Negro e com uma alavanca de Ouro, como forma de homenagear aos escravos e para que a história da antiga e querida Cuiabá não fique perdida no tempo.


Econ. Wilson Carlos Fuáh – É Especialista em   Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.
     Fale com o Autor: wilsonfua@gmail.com   
 
                                          
    
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