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Opinião

A esquizofrenia do discurso liberal sobre o papel do estado na economia

Fernando Henrique da Conceição Dias

A paixão Brasileira pelo debate recorrente a respeito do papel do estado revela-se claramente esquizofrênica. De um lado, os liberais amantes das demandas que se formulam relativamente ao Estado é a da necessidade de contê-lo e restringi-lo, de maneira a neutralizar os embaraços que sua ação representaria para o redescoberto dinamismo do mercado. Por outro lado, as mesmas vozes que apresentam tais demandas reiteram, ao ponto do chavão cansativo, a ideia de que os males de nossa atualidade são a consequência da falta de “vontade política” e da incapacidade do estado para agir orgânica e eficazmente como mentor da realização de um “projeto nacional”.

Nesse aspecto, esse traço esquizofrênico deve ser visto como a manifestação intuitiva que o calor e as confusões do debate e as paixões ideológicas tendem a obscurecer: a de que o estado bem proporcionado e eficiente que se almeja não pode ser o resultado do mero empenho de contenção e está longe de corresponder ao “estado mínimo” de certas fantasias liberais. De maneira geral, o tema da definição ou redefinição do papel do estado sugere antes de tudo a questão da expansão funcional dele. Trata-se dos problemas postos por um estado econômica e socialmente ativo, em contraste justamente com a ideia do “estado mínimo”.

Dessa forma, atualmente no Brasil, a equipe econômica liderada pelo “posto Ipiranga”, Paulo Guedes, que buscava implantar políticas liberais voltadas à economia de mercado, viu-se obrigado a rever alguns fundamentos liberais, e iniciar a postura do Estado protagonista durante esse período de pandemia. Mas é possível agradar o Mercado e fazer o papel doméstico em relação a economia? Pergunta extremamente pertinente já que o “triplé” da política macroeconomia Brasileira vem demonstrando ineficácia desde o Governo Dilma.

 A revisão do atual modelo macroeconômico implica resgatar o papel contracíclico da política fiscal, reduzir o papel da taxa de juros como o principal instrumento de política macroeconômica, manter a taxa de câmbio em torno de seu nível competitivo e preservar uma política salarial de ganhos reais pela produtividade, o que vemos atualmente é o contrário. A falta de investimento direto e principalmente a pandemia trouxeram uma triste realidade..... estamos retrocedendo. A virada de jogo só será possível no instante em que uma nova convenção de política econômica conseguir resgatar o grau de confiança nas expectativas de crescimento da economia brasileira. Por enquanto o que temos é o “MITO DO EMERGENTE”. Vislumbramos ser um EUA, Já tivemos dias de CHINA e hoje estamos esquizofrênicos para não virar uma “ARGENTINA OU VENEZUELA”. O que esquecemos é que para sermos comparados, devemos fazer no mínimo o dever de casa.

Fernando Henrique da Conceição Dias (fhdias1290@gmail.com) - Economista, Mestrando em Economia pela UFMT, Pós graduando em Gestão de Projetos e Gerente Comercial.

 
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