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Opinião

Uma nova esperança para os endividados

Fabianie M. Mattos Limoeiro


Apesar dessas pressões todas por uma bomba de inadimplência em 2021, não faltam economistas esperançosos. Otimistas até.

Como, se o desemprego está lá em cima?

A questão é que o índice de desocupação tem uma peculiaridade. O IBGE leva em conta quem buscou trabalho e não achou. Se não procurou, a pessoa fica de fora da força de trabalho, mas não é desempregada.
Só que era pandemia e as pessoas não estavam saindo de casa; por isso, não eram consideradas desempregadas. Aí já viu. A taxa de desocupação recorde chegou agora, que as pessoas estão indo para a rua – bateu em 14,6%, e deve continuar a subir.

Mas os números que os especialistas vão olhar daqui para frente são outros, diz o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo. Mesmo com o índice oficial de desemprego em alta, pelo motivo que você viu aqui, o número de pessoas ocupadas está aumentando.

Parece paradoxal, mas é um fato. De acordo com o IBGE, havia 81,7 milhões de pessoas ocupadas em setembro. Esse número aumentou para 84,1 milhões em outubro. Uma diferença de 2,6 milhões. Não menos importante: o país vem gerando vagas com carteira assinada (justamente as que são as mais difíceis de recuperar depois de crises).

Ou seja, mais gente está trabalhando de novo. E assim, mais dívidas voltam a ocorrer!

Por isso os bancos veem uma luz no fim do túnel, E começam a ser abrir para os endividados. E eles elencam outras métricas positivas: Banco vende “dinheiro”.

Com isso dizem que as pessoas não estão conseguindo pagar as dívidas que voltaram a correr, e as novas que vão fazer.

O Itaú, por exemplo, abriu os seguintes dados: R$ 53,5 bilhões em créditos concedidos pelo banco foram protelados. O que aconteceu? 68% desse crédito prorrogado voltou a vencer e está sendo pago em dia, enquanto 7% virou atraso. O restante ainda estava no prazo de carência no final de setembro, data dos dados mais recentes do banco. E foi mais ou menos o mesmo que disseram os executivos de outras instituições, como Bradesco e Caixa.

Além da recuperação do emprego, o mercado financeiro conta com a poupança feita ao longo do ano. Ela que ajudaria a manter as contas em dia de quem não conseguiu deixar o pior da crise para trás. Não é pouco. Só na caderneta estão mais de R$ 1 trilhão em dinheiro dos brasileiros.

Tudo certo, então? Talvez o aumento da ocupação e das reservas financeiras de quem pode juntar impeça mesmo a detonação da bomba da inadimplência.

Mas, claro, o índice de calotes é só uma média. Se você estiver devendo, o fato de a média baixar não vai servir de consolo. No fim, eles não pegam leve, você sabe.

Gosto sempre de citar o Sr, João Dantas, do BTG Pactual: “Entre duas partes, eu conheço a sua situação e você conhece a minha. Não posso te dar prazo para sempre porque é empréstimo, não doação”.
Solução trabalhar com um jurídico preventivo. A bomba sempre estoura.

Fabianie M. Mattos Limoeiro, Escritora e advogada Civilista Especializada em Direito Bancário, fundadora da Mattos Limoeiro Advogados há 18 anos e Administradora Judicial no TJMT. Presidente da Comissão de Direito Bancário na ABA-MT. IG:@fabianiemattoslimoeiro – www.mattoslimoeiro.com.br
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