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Opinião

​Casca I, Museu da Energia já!

Caiubi Kuhn

A energia elétrica é algo fundamental em nossa vida. Talvez seja difícil você leitor, imaginar o seu dia a dia sem poder contar com esse importante recurso. O computador ou o celular não funcionaria sem eletricidade. Porém, até algumas décadas atrás, era comum locais sem acesso à energia.  As primeiras lâmpadas a iluminarem Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso e geodésico da América do Sul, foram abastecidas pela energia gerada pela Usina Casca I, construída em 1928, na comunidade Rio da Casca, em Chapada dos Guimarães. 

A Usina que já não funciona mais, embora seja tombada como patrimônio histórico estadual desde 2009, está totalmente abandonada e pode em poucos anos virar apenas uma ruína. No local também existe o Chalé dos Governadores entre outras residências que faziam parte do antigo complexo. Tudo isso está situado no Distrito de Rio da Casca, localizado a 38 km da cidade de Chapada dos Guimarães.

A área que antes pertencia a CEMAT, após a privatização passou a ser gerenciada por empresas privadas, pertencente a Enel Brasil Participações. A empresa produz energia nas usinas de Casca II e Casca III, ainda em atividade na região.

Este patrimônio estadual poderia ter usos muito nobres. A Usina Casca I é o local perfeito para criação de um museu que conte a história da energia e, ao mesmo tempo, no Chalé dos Governadores poderia ser contado a história do estado de Mato Grosso. Tal complexo histórico poderia ser um importante polo de desenvolvimento de turismo e educação.

Mas quem poderia fazer investimentos para viabilizar tal projeto?

O poder público por meio do Governo do Estado e da Assembleia Legislativa, pode com certeza ser um dos responsáveis por viabilizar a recuperação e operacionalização deste complexo. Outro caminho seria a Energisa, concessionaria responsável pela distribuição de energia no estado, adotar esse projeto, e desta forma, dar uma contribuição sociocultural para a população mato-grossense. A Energisa teve, em 2021, um lucro superior a R$ 3 bilhões de reais, alguns milhões investidos em história, ciência e cultura não fariam nem cócegas no caixa da empresa.

Os museus são importantes espaços para a população e podem servir para impulsionar o turismo e gerar emprego e renda. Um bom exemplo no Brasil é o museu Inhotim, em Brumadinho (MG), que possui um acervo de arte contemporânea, além do espaço também ser um Jardim Botânico. Locais como a Usina Casca I podem ser facilmente transformados em um museu, porque lá estão muitos equipamentos abandonados, ou seja, já existe boa parte de um acervo potencial no espaço. Porém, se nada for feito tudo isso em pouco tempo irá virar ruína, transformando em ruína também as oportunidades que poderiam ter sido geradas.

Com certeza deixar o local como está não é uma boa opção. A sociedade civil e as pessoas que valorizam a história precisam se unir para discutir uma saída para Usina Casca I, seja o caminho apontado neste texto ou algum outro possível, e isso precisa ser feito rápido, antes que o tempo consuma a antiga usina.


Caiubi Kuhn, Professor na Faculdade de Engenharia (UFMT), geólogo, especialista em Gestão Pública (UFMT), mestre em Geociências (UFMT).
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