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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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O que o verniz tem a ver com a educação ?

Arquivo Pessoal

A forma como nos comunicamos fala muito a nosso respeito. As expressões faciais, os gestos, as palavras, o modo como se usa o celular, a maneira de vestir-se, o corte de cabelo, os acessórios, o caminhar e o modo de portar-se a mesa, da uma referência parcial de quem somos. Quando vejo meus filhos esquecidos de algumas regrinhas básicas de educação, costumo abordá-los com a seguinte pergunta:  “seu desejo é ser educado ou envernizado”?
 
 Imediatamente sinto meu corpo em chamas, pois me fuzilam com seus lindos olhos, todavia prefiro ser queimada por eles, do que vê-los queimados por olhos alheios.
Com a educação dos filhos jamais devemos desistir, a bandeira é: muito amor, disciplina e perseverança.
 
 O que o verniz tem a ver com a educação?
 
 Já vi pessoas que em lugares públicos ou que possam ser observados, fotografados, serem exemplos de educação e mestres em boas maneiras, no entanto tive a oportunidade de ver algumas destas pessoas na intimidade, e custei a acreditar que se tratavam das mesmas, tamanha a diferença no comportamento.
 
 Quando aprendemos algo e praticamos, torna-se um hábito e este hábito gera um comportamento que passa a ser natural em nós.
 
 Agimos da mesma maneira independente do lugar que nos encontramos, de quem nos acompanha, ou nos observa. O envernizado só tem uma boa postura mediante os holofotes, ele obteve a informação de como agir corretamente, aprendeu (pois age vez e outra) mas não exercitou o suficiente para aderir a sua conduta com naturalidade.
 
 Acho de muito mal gosto a expressão “novo rico”, pois se sabe que independente do tempo que a pessoa seja portador de posses, conhecimento intelectual, dinheiro, elegância e educação, necessariamente não caminham juntos.
 
 Quando nos referimos à educação, alguns de nós podem pensar em etiqueta, modos, jeitos ou trejeitos, mas educação vai muito além, é um processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando a sua melhor integração individual e social.
 
 Ao falar em integração, a palavra unir, incorporar me vem à mente e já que educação também é o ato de integrar o individuo a sociedade me ocorre que poucos foram educados ou educam para a formação de uma sociedade mais íntegra e homogênea.
 
 É lamentável ver uma criatura se prevalecer de sua posição sócio econômica e humilhar aqueles que no momento se encontram em posição “inferior” a ele, como garçons, secretárias, serventes, atendentes, ou qualquer um que julgue não estar a sua “altura” ou ser merecedor de sua atenção.
 
 Não menos lamentável é ver indivíduos bajular aquele que no momento se encontra em posição de “destaque”, independente de ser confiável, íntegro, ético ou não.
 
 Temos vivido momentos de total distorção de valores, onde honestidade virou coisa ultrapassada e quem permanece convicto de seus valores recebe o nome de bobo, conservador e pouco empreendedor, pois acreditam que ser empreendedor é sinônimo de passar a perna no outro, ser esperto é agir com sacanagem, criativo é ser malandro, e tráfico de informações virou negocio de lucro estrondoso.
 
 Muito triste ver jovens (por vezes a exemplo dos próprios pais) que estão em plena formação e já abraçam estas posturas distorcidas como natural e que sai a pregar que quem é honesto não ganha dinheiro e se o outro faz posso fazer também.
 
 Para muitas pessoas,  ser culto, íntegro, ético, já não faz parte da educação, agora o cara tem que ser articulado, o que me leva a pensar em flexibilidade, que é fundamental para a integração e convívio do individuo em sociedade, mas que tipo de sociedade é esta onde o homem nem a si próprio respeita mais?
 
 Corrompe e se deixa corromper com tamanha naturalidade que faz parecer que as bases da real educação tem se tornado uma banalidade. Com a evolução dos tempos,há conceitos que devemos reformular,tanto quanto devemos preservar todos aqueles que prioriza, valoriza e educa o ser humano para se tornar um colaborador na construção de um mundo melhor. Mundo este que todos almejam, mas poucos se dispõe a educar e se reeducar para que este ideal venha se concretizar.
 
Um abraço

*Isolda Risso é Personal & Professional Coaching Executive, Xtreme Life Coaching, Neurociência no Processo de Coaching, Programação Neurolinguística (PNL) pedagoga por formação, cronista, retratista do cotidiano, empresária, Idealizadora do Café Com Afeto, mãe, aprendiz da vida, viajante no tempo, um Ser em permanente evolução. Uma de suas fontes prediletas é a Arte. Desde muito cedo Isolda busca nos livros e na Filosofia um meio de entender a si, como forma de poder sentir-se mais à vontade na própria pele. Ela acredita que o Ser humano traz amarras milenares nas células e só por meio do conhecimento, iniciando pelo autoconhecimento

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