Caio Mattoso é ator, compositor, cantor e músico. No último dia 15 de maio, há cerca de um mês, fez sua primeira apresentação ao lado da Orquestra Sinfônica de Mato Grosso, junto a outros quatro nomes da ‘Nova Música’ mato-grossense. Com suas ‘variações sinfônicas’ do álbum Montanha, publicado em 2015, ele surpreendeu um público que, até então, não conhecia o trabalho – composto 100% em um software de computador.

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Caio é natural de Três Lagoas (MS), mas tem família cuiabana. Começou sua carreira artística compondo no violão, aos vinte anos de idade, antes de ingressar em bandas de rock do cenário independente da capital mato-grossense.
Passou pelas bandas ‘Papo Amarelo’ e ‘Dona Lua’, e durante quatro anos compunha e apresentava um ‘rock misturado à música brasileira’. Isso antes de ingressar no teatro. Em 2005, sem antes ter feito parte de nenhuma companhia, passou a integrar o grupo de atores do Teatro Fúria.

“Existe uma coisa de ser multiartista, mas eu acho que, além disso, quando você vai pela curiosidade, vai pelo prazer de estar desenvolvendo qualquer que seja a arte, não existe fronteira de uma coisa pra outra, por mais que exista especificidade. Assim como eu estava fazendo vídeo. Já compunha... geralmente quando você escreve um texto, um poema, você pode escrever pra teatro. E se você começa a estudar teatro você começa a desenvolver a vontade pra ser ator. E no cinema também”, afirmou Caio, em entrevista ao Olhar Conceito.


Gerald, o Leiloeiro, e Irigaray (Foto: Arquivo Pessoal)

Como ator, rodou o país, até a companhia se dissipar. Das artes cênicas herdou um personagem, o “Gerald – O leiloeiro”, que passeia até hoje pelas ruas de Cuiabá. “Hoje tenho um personagem de teatro de rua. Ele leiloa obras de arte de artistas de rua ou não, mas ele faz em praça pública”, explicou.

O personagem, inclusive, surgiu durante outro projeto do ‘multiartista’: O Sarau das Artes Free. Surgido em 2011, tinha o objetivo de propor um palco livre para todos os amantes de arte. “Geralmente o evento é pautado por um programa de ação, pré-produção, prestação de contas (...) e o Sarau te dá a liberdade de ser mais livre dessa estrutura toda. O Sarau é uma provocação sem muita burocracia”, afirmou o organizador. Durante alguns anos, os saraus foram organizados todas as semanas. Ele ainda existe – mas não com tanta assiduidade.

Sem nunca ter largado a música de vez – sempre levava o violão em suas peças e nunca deixou de compor – Caio lançou em 2015 o álbum ‘Montanha’, que fez totalmente em um programa de computador. Essa irreverência chamou a atenção do maestro Fabrício Carvalho, que teve a ideia de convidar Caio para o espetáculo ‘A nova música de Mato Grosso’.
“Ele ouviu [o álbum Montanha] e disse ‘cara, faça variações sinfônicas’. Ele falou você vai compor pra Orquestra, você é meu compositor. Componha, faça variações, faça um novo arranjo pra algumas músicas do seu disco que a gente toca. E aí eu fiz, fiquei pirando”, contou Caio.



De volta ao software, ele rearranjou as músicas do álbum com o som dos instrumentos de Orquestra. “Cara, na hora que ele me convidou não acreditei. Falei po, é mesmo? Porque eu vi que era possível, né? Porque quando a gente faz digital é uma coisa, você é limitado ao som que você produz. Agora, quando você envolve cinquenta pessoas de uma Orquestra, você amplia seu trabalho, você passa a envolver muita gente. Tem muitas pessoas envolvidas na produção. Foi o máximo do máximo”.


Caio Mattoso no concerto (Foto: Luzo Reis)

Depois de apresentar seu trabalho no Concerto, Caio quer mais. “Me inspiro mais agora pra fazer outras músicas de concerto. Por mais que eu não tenha feito academia de música, eu fiz música de concerto, segundo o Maestro eu sou erudito. Eu não quero saber se eu sou erudito ou não, eu to fazendo música, é isso que importa. Eu sei que a erudição vem com muito trabalho, mas isso que eu fiz também veio com muito trabalho”, afirmou.


Variações feitas por Mattoso para a Sinfônica

No próximo mês de agosto, Caio lança seu novo EP, com cinco canções. O projeto foi aprovado por um edital da Prefeitura de Cuiabá, e será lançado em Cuiabá. A partir daí, ele se dedicará aos shows, além dos trabalhos que faz como mestre de cerimônias e de publicidade com seu personagem Gerald. O importante é não parar.