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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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olhar sobre o santo negro

Vielas do entorno da Igreja de São Benedito são tomadas pela multidão de fiéis

Foto: Priscilla Silva - Olhar Direto

Vielas do entorno da Igreja de São Benedito são tomadas pela multidão de fiéis
Ainda era possível ver espaços vazios entre as barracas gastronômicas que ocupavam as vielas ao redor da Igreja de São Benedito, na Prainha, em Cuiabá. A festa do Santo Negro, símbolo de luta e fé, ainda começava a receber os seus primeiros convidados, às 19h, de sexta-feira (05) e o grande jantar já estava na mesa.

A Maria Izabel acompanhada com a farofa de banana e tutu de feijão eram as estrelas do cardápio e saíam da cozinha do Santo instalada atrás da Igreja. O cheiro da comida, já havia se espalhado pelo local. O prato começou a ser preparado por mais de 20 festeiros ainda no alvorecer do dia.

Há mais de 100 anos, a tradição é mantida e acompanhada por mais de 10 mil pessoas que prestigiam os últimos dias de festejos. Além dos pratos típicos, há um menu variado que inclui pastéis, creps, strogonof, paçoca de pilão e sarapatel. Tudo para agradar os diferentes paladares. 



Antes de alimentar o corpo, alimenta-se o espírito. A visita ao dono da festa é obrigatória para os mais devotos. À frente da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, a imagem do Santo é reverenciada, acariciada, contemplada e presenteada com flores e velas postas aos seus pés. O silêncio e o respeito predominam no momento da oração.



Com o passar das horas, as ruas vão sendo tomadas pela multidão. O espaço já preenchido vai ficando cada vez menor . Nas calçadas, vão se formando rodas de famílias já servidas e ansiosas para as apresentações culturais. A principal atração da noite é a tradicional Dança dos Mascarados de Poconé.

Enquanto esperam, é possível ouvir os burburinhos de um português bemmm puxado, o cuiabanês e suas nuances prolongadas. “Mas como comadre Dita, não veio? O que hove cô ela?”. O papo vai sendo colocado em dia. Os mais novos quando chegam tomam benção dos mais velhos e vão se acomodando pelo chão ou nas escadarias da Igreja.

Os mascarados são anunciados pelo microfone, os convidados abrem a roda para o grande grupo entrar. Ao som da banda que os acompanha, o balanço das saias das damas e do lenço dos homens cumprimenta a multidão que se aperta e briga por uma brecha de visão.



Típica da cidade de Poconé, região pantaneira de Mato Grosso, a dança tem origem controversa e está ligada a misturas tanto da contradança europeia, influência dos colonizadores espanhóis e portugueses, quanto das tradições indígenas locais com ritmos negros.

Apesar de ser dançada exclusivamente por homens, a imagem feminina é representada pelas saias rodadas, brilho e colorido das roupas. O marcante, que tem a função de conduzir a dança, dessa vez encantou os presentes. Ele era o menor e mais jovens de todos os dançarinos e deu uma aula de tradição aos espectadores. Acompanhado pelas balizas de segurar o mastro com fitas coloridas e a bandeira de São Benedito, o pequeno conduzia o espetáculo.



Finalizada a apresentação, os Mascarados seguiram rua acima e terminaram o ato  fazendo uma visita à cozinha do Santo. Para dar sequência à festa, o cantor Roberto Lucialdo sobe ao palco e arrasta todos para o centro da pista. Começa o rasqueado cuiabano. Momento de resgatar na memória as histórias contadas pelos mais antigos e aproveitar o ritmo animado da música cuiabana.

Quando o relógio já aponta meia noite, um casal acompanha a despedida do cantor, as mesas são recolhidas e os espaços voltam a crescer nas ruas do entorno da igreja do Rosário que cedeu um espaço para o Santo negro.
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