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Sábado, 20 de abril de 2024

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Orquestra Petrobras Sinfônica inaugura programação de música clássica da Cidade das Artes

Saindo de Botafogo, no sábado, às 18h, de carro, cheguei à Cidade das Artes às 19h15 (o concerto da Petrobras Sinfônica era às 20h). Moral da história: num sábado, é viável (não me perguntem pelos dias de semana). Eu estivera ali há quatro anos, na inauguração provisória. Senti a mesma emoção: é um espaço formidável. Pensando bem, está para o século XXI como o Teatro Municipal estava para o Rio da Belle Époque. Tem tudo para dar certo. Faltam algumas definições.

À frente da Petrobras Sinfônica, microfone na mão, Isaac Karabtchevsky estava em seus dias de grande comunicador. O discurso tinha tudo a ver com política musical e com a administração municipal (ele é o “querido amigo” do prefeito Eduardo Paes). Isaac, com toda razão, mostrou-se comovido com o concerto histórico que reinaugurava a sala (com a Petrobras, registre-se, e não com a OSB). Criticou os que querem limitar o alcance da C.A. — segundo ele, espaço para todas as artes.
Não deixa de ter razão. Mas fica no ar a questão OSB — que está sendo debatida por um grupo de amantes da música. A Cidade das Artes foi feita para ser a sede da OSB. Não há orquestra boa sem sede, sem lugar para ensaio.

Depois desse estágio inicial, muita água rolou por debaixo da ponte. Apareceram os custos altos de manter a então Cidade da Música. O atual ecletismo da programação reflete a necessidade de angariar recursos. E nesse meio tempo, a OSB quase cometeu harakiri com a grande crise de 2011. Mas ela continua precisando de uma sede. A questão Cidade das Artes não deveria ser prematuramente encerrada.

Antes que eu me esqueça, a orquestra tocou bem, com um repertório que misturava satisfatoriamente o nacional e o universal. A abertura ficou com o Prelúdio das “Bachianas nº 4”, em que as cordas deram boa conta do recado. Era mesmo emocionante ver Villa-Lobos inaugurando uma grande sala de concerto.

Veio depois o irresistível “Mourão”, de Guerra-Peixe, que John Neschling andou tocando pela Europa com a Osesp. O Beethoven estava correto (“Leonora nº 3” e “Coriolano”). E depois do “Ponteio” de Claudio Santoro, dois grandes Wagner (“Tristão” e “Tannhäuser”) completaram o que se poderia chamar de “a consagração da casa”.

Acústica boa; mas pode (precisa) melhorar.
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