Um livro de poesias autobiográfico conta a história do cuiabano Nicolas Behr, que nasceu na capital mato-grossense, mas vive atualmente em Brasília. “Nicolas Behr: o menino do mato que engoliu Brasília” é editado pela Entrelinhas, e tem seu lançamento marcado para o próximo dia 16 de abril, terça-feira, no Sesc Arsenal.
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Quem organizou os poemas do autor foi Maria Teresa Carrión Carracedo e, como o próprio nome diz, a obra busca mostrar os ‘vários meninos que coexistem em Nicolas Behr’.
“Para falar sobre a vida e trajetória de Nicolas Behr, passando por suas origens familiares, por Diamantino, Cuiabá e Brasília, convidamos o biógrafo do vocalista da Legião Urbana – o jornalista e romancista Carlos Marcelo Carvalho, autor de Renato Russo: o filho da revolução. A apresentação do livro é assinada pelo escritor, professor e tradutor Milton Hatoum, amazonense descendente de migrantes libaneses, um dos prestigiados e premiados escritores brasileiros”, explica Maria Teresa em seu texto de introdução ao livro.
Na apresentação, Hatoum destaca: “Nesta coletânea, Nicolas Behr evoca esse exílio interior, cujo centro é a infância. Mais exato seria dizer infâncias: ‘nascentes de onde minam as lembranças’. Ou como ele indaga num poema: ‘quantos meninos correm dentro de mim?”.
O livro é dividido em três partes. A primeira, ‘Menino Diamantino’, traz poemas sobre a infância de Nicolas nesta cidade. ‘Menino de Cuiabá’ tem 69 poesias e ‘Menino Candango’, traz poemas sobre a vida adulta do autor, já morando na capital federal.
Nicolas Behr nasceu em 5 de agosto de 1958 na primeira maternidade de Cuiabá, hoje Hospital Geral. É filho de migrantes dos países bálticos – sua mãe, Therese, nasceu na Lituânia e seu pai, Anatol, na Estônia. Sua família vivia na fazenda Amolar, a 20 quilômetros de Diamantino. Lá, Nicolas viveu seus primeiros 10 anos, até mudar-se para Cuiabá. Estudou na Escola Técnica Federal de Mato Grosso, se tornou geólogo e mudou-se para Brasília, aos 14 anos, em 1974.
“É o livro mais completo sobre a minha obra”, destaca Nicolas Behr. “Fico ainda mais feliz por ser lançado quando minha cidade natal completa 300 anos e por se tratar de um trabalho realizado com extremo profissionalismo por uma editora cuiabana. Gostaria que esse livro fosse adotado pelas escolas, públicas e particulares, e que chegue às mãos dos jovens estudantes”.
Um dos fatos mais marcantes da biografia de Behr está em sua prisão pelo DOPS, órgão repressor da ditadura militar, que aconteceu em 1978, em consequência – segundo o auto de prisão em flagrante – da publicação de “livretos de cunho pornográfico” onde “o interrogado deixa transparecer cunho político-ideológico, esclarecendo que realmente manifesta-se descontente com muitas coisas existentes no regime, como falta de eleições diretas, vigência de atos de exceção e ocorrência de tortura a presos políticos”.
Nicolas foi julgado pela publicação dos seus livrinhos mimeografados – um deles, Iogurte com farinha já tinha vendido 10 mil exemplares de mão em mão, entre outros títulos –, e absolvido em 30 de março de 1979.
“A vida e a obra deste poeta extraordinário que publicou mais de 50 livros – incluindo seus livrinhos mimeografados –, a maioria independente, que foi criativo e ousado ao driblar as regras engessadas de sua época, se traduzem em estímulo e possibilidades para dias melhores”, destaca a editora Maria Hatoum.
O livro também será lançado em Diamantino, cidade onde o autor é Cidadão Honorário, no dia 17 de abril, dia seguinte ao lançamento em Cuiabá.
Serviço
Lançamento do livro: “Nicolas Behr: o menino do mato que engoliu Brasília”,
pela Entrelinhas Editora
Formato 16 x 23 cm, 288 páginas em papel offset
Valor de capa: R$ 69,90 (sendo R$ 60,00 no lançamento)
No Sesc Arsenal [Rua 13 de Junho, Porto, em Cuiabá]
Dia 16 de abril de 2019, terça-feira, das 1730 às 21h30