Em apenas dois meses, Mato Grosso perdeu cinco artistas plásticos por causas diversas. Morreram entre agosto e outubro Adir Sodré, Regina Pena, Rafael Rueda, Sebastião Mendes e Gilberto Izdebski. Somente em outubro, foram três mortes registradas. Apenas em setembro não foram registradas nenhuma morte neste intervalo de tempo.
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Artista plástico é encontrado morto em casa em Cuiabá
A primeira perda registrada em 2020 foi de Adir Sodré, em agosto. O artista plástico passou mal em frente a uma agência de publicidade em Cuiabá antes de falecer. Adir chegou a melhorar e foi para sua casa, quando em determinado momento desequilibrou, caiu e bateu a cabeça na calçada. O Serviço de Atendimento Móvel (Samu) foi acionado, mas não indicou nenhuma causa.
Adir nasceu em Rondonópolis (219km de Cuiabá) em 1962. Já em 1977 passou a frequentar o Atelier Livre da Fundação Cultural de Mato Grosso, onde foi orientado por Humberto Espíndola (1943) e Dalva (1935). Nos dois anos seguintes, integrou com Gervane de Paula (1962) e outros artistas, um grupo que procurava renovar a arte mato-grossense.
O artista é reconhecido nacionalmente por suas obras. Em 2017, um de seus quadros esteve ao lado de Pablo Picasso, Adriana Varejão e tantos outros na exposição 'Histórias da Sexualidade', no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.
Regina Pena
Também em agosto, Regina Pena faleceu aos 68 anos em uma casa de repouso no bairro Boa Esperança, em Cuiabá. Ela lutava contra esclerose múltipla, doença neurológica, crônica, progressiva e autoimune.
Nascida em Cuiabá, Regina Pena era bacharel em psicologia e desde 1974 fazia de sua arte uma expressão de vida. Versátil, após ser diagnosticada com a doença, transformou o seu fazer artístico e passou a utilizar tablets para produzir suas obras.
Pena frequentou o Ateliê Livre da Fundação Cultural, atual Secretaria de Estado de Cultura (SEC), durante a década de 1970 e 1980. Além de Regina, outros artistas influentes no cenário mato-grossense frequentaram o Ateliê, como Adir Sodré, que morreu no dia 10 deste mês, e Dalva de Barros.
Rafael Rueda
Rafael Rueda, já em primeiro de outubro, faleceu ao 69 anos no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, onde foi submetido a uma cirurgia de retirada de um tumor localizado no rim. O artista estava internado há quase um mês por conta da cirurgia. No hospital, ele também acabou diagnosticado com o novo coronavírus. Porém, segundo familiares, já havia se recuperado da doença.
Rafael Pintava quadros abstratos desde 1988 e foi o primeiro a fugir da pintura cabocla e integrar o núcleo de artistas dessa corrente artística. Já expôs na UFMT, Chapada dos Guimarães, Pontifícia Universidade Católica São Paulo, Salão Jovem Arte Mato-grossense, Museu de Arte Contemporânea, Campo Grande (MS), Sociedade Brasileira de Belas Artes - Rio de Janeiro (RJ), dentre outros locais, mas estava há certo tempo afastado das telas.
Sebastião Mendes
Sebastião morreu na última quinta-feira (8), aos 54 anos, vítima de uma morte súbita em seu sítio, na região do Taquaral. Expoente das artes plásticas, de Mato Grosso, ele é membro da Academia Brasileira de Artes e já expôs em diversas cidades do mundo. Segundo informações preliminares, ele estaria tentando apagar um fogo em sua propriedade, teve o mal súbito e não resistiu.
O artista plástico nasceu em Cáceres (217km de Cuiabá). Desde os oito já riscava com carvão as tábuas de madeira das paredes de casa, e com gravetos a terra batida do quintal. Foi um frei de origem holandesa, chamado Frei Matheus, que o incentivou a investir na arte.
No início, o cacerense pintou paisagens, flores, pessoas. E chegou a tentar trabalhar como funcionário para empresas. “Mas percebi que não ia dar muito certo. Sempre [tinha] aquela cobrança de espírito pra que nunca parasse de pintar”, contou, em 2018, ao
Olhar Conceito. Foi com cerca de dezoito que ele decidiu que seguiria uma arte mais figurativa.
A presidente da Academia Brasileira de Belas Artes, Vera Gonzales, lamentou a morte do artista plástico. “Sebastião era magnífico. Criou seu estilo próprio, cujo reconhecimento ganhou o mundo. Desejamos aos familiares e amigos nossas condolências nesse momento de dor. Tenho certeza de que, a partir de hoje, o céu está ficando cada vez mais bonito e colorido, com sua presença”.
Gilberto Izdebski
A última morte registrada foi de Gilberto Izdebski, desta vez em casa, neste sábado (10), em Cuiabá. Segundo informações da Polícia Judiciária Civil (PJC), a casa do artista era no bairro Duque de Caxias. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ir ao local, mas a vítima já havia morrido. Familiares relataram que ele havia ido tomar banho já dizendo que não estava se sentindo bem.
Gilberto era do Paraná. Começou a pintar na década de 80, mas depois foi cursar economia. Veio para Mato Grosso morar com a família em Itaúba, onde passou a dar aulas de educação artística. Voltou a pintar nos anos 2000, e em 2004 chegou a fazer uma exposição individual no bairro Goiabeiras.