Entre a curta viela ao lado da matriz estão guardadas muitas histórias de gente que optou pelo artesanato como uma alternativa para aumentar a renda salarial da família e que permanece alí também, porque consolidou laços familiares com os outros associados.
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Lugar de comprar souvenirs, bijuterias e artefatos para casa, entre outros, também é ponto de encontro e lugar certeiro para degustar pastel sequinho frito na hora e ainda, um refrescante suco de laranja. A propósito, um tempinho de observação já substitui qualquer pesquisa quantitativa, eles saem a toda hora, com açúcar ou sem açúcar. “Todo dia de manhã venho aqui e como um pastel frito e suco de laranja. Hábito de velho que todo dia sai à toa”, brinca Mário Giroldo, 70 anos.
Entre diversos personagens que povoam aquele pequeno universo está o paizão Emílio Dias de Moura que vai à Feira todo dia vender os souvenirs feitos em cimento, madeira e material reciclado pelo filho surdo-mudo. A especialidade dele são peixes e aves do Pantanal. O pai vive numa constante pesquisa por estes símbolos da fauna pantaneira.
“Tudo começou com uma coleção de cartões de orelhão. Eu sempre mostrava para ele e logo, ele se interessou e começou a fazer. Hoje, já comprou carro com o dinheiro do artesanato”, se orgulha o cabo aposentado do Exército, Moura.
Passando no momento em que a entrevista era realizada, o mecânico industrial, Waldemir Gouveia, disse que compra quase toda semana e que a casa está repleta deles. “Gosto de colocar na estante, na geladeira, em cima da TV”, explica.
Entre as bancas mantidas por mulheres – figuram muitos bordados, pedrarias e crochês – além de guloseimas da culinária regional.
Entre as “forças femininas do artesanato”, uma chama muito a atenção de quem passa, pois ela é conhecida como a mulher do chifre. Trata-se de Irene Ferreira da Silva. Explica-se: há muitos anos domina a arte das produções em couro e as guampas para chimarrão e tererés, feitas de chifre.
Mas dentre estes, a grande vedete é a tiara de chifre. “Perfeita para festa à fantasia ou para tirar uma onda dos amigos”, brinca a comerciante de uma simpatia encantadora. Até chegar às guampas que lhe exigem muito apuro e que lance mão de diversas lixas especiais para fazê-las até brilhar, ela trilhou vários caminhos ao produzir bolsas e chaveiros a partir da reciclagem do couro.
Ainda que ela garanta a inserção de seus produtos em mercados da capital, não abre mão de ir todo santo dia ao ‘beco do artesanato’. “Gosto de ouvir os comentários, as brincadeiras de quem passa, além do mais, o ponto é muito bom e nos tornamos uma verdadeira família”.
Serviço:
A Feira de Artesanatos funciona na viela entre o Palácio da Instrução e a Igreja Matriz de Cuiabá, em frente à Praça da República e com saída na avenida Joaquim Murtinho. Artesãos começam a chegar logo cedo e ficam até final de expediente comercial.