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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Cuiabano caçador de terremotos tem milhares de seguidores, pouco reconhecimento científico e faz alerta: "estão chegando no Brasil"

Foto: Divulgação / O Livre / Documentário Sísmico - Severino Neto

Cuiabano caçador de terremotos tem milhares de seguidores, pouco reconhecimento científico e faz alerta:
Já pensou encontrar um padrão que prevê terremotos e salvar centenas de vidas, mas não ter a sua tese completamente abraçada pela ciência por ela ter sido pesquisada fora dos muros da academia? Foi isso que aconteceu com o técnico de áudio da Universidade de Cuiabá (Unic) e profissional em Letras, o cuiabano Aroldo Maciel.

Foi uma ideia que surgiu em um churrasco entre amigos há mais de dez anos atrás e, três meses depois, virou um método matemático que já salvou vidas no Chile quando antecipou o abalo La Serena, em 2015. Caso fosse tratado com a devida importância pelo universo científico, poderia salvar outras milhares por ser capaz de antecipar a chegada de sísmicos com dias e até meses de antecedência.

Por conta de sua descoberta, Aroldo Maciel Máximo dos Santos se tornou uma figura importante e aclamada no Chile, onde já recebeu uma carta de agradecimento do ex-presidente, Sebastián Piñera. Além disso, foi personagem principal do filme "Sísmico", na Amazon, pauta no programa Domingo Espetacular e já sentou para entrevista com Danilo Gentilli.

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Desgosto do mundo acadêmico e científico por considerável período, seu padrão peculiar e sem bases comprovativas da ciência chamado “Migrações sísmicas à larga distancia” mostra que, além de existirem padrões sísmicos, é possível seguir um terremoto e prever sua magnitude, localização e data aproximada.

Teoricamente, é impossível prever um terremoto. No entanto, Aroldo demonstra com publicações em suas redes sociais que suas antecipações tem se confirmado. Por este motivo, ele se tornou celebridade no Chile e conquistou espaço no cenário nacional e internacional.

A fama do cuiabano se desenrolou a ponto de se tornar um filme documentário, exibido por uma das maiores redes de streaming do mundo, a Amazon.
 

‘Sísmico’, dos diretores mato-grossenses Severino Neto e Rafael de Carvalho, conta a história de Maciel, um estudioso autodidata que se tornou celebridade no Chile por conseguir prever os abalos.

Aroldo soma centenas de milhares de seguidores nas redes sociais, entre Youtube, Instagram e Twtitter, entrevistas concedidas para quase todas as emissoras de TVs do Chile e até uma carta do ex-presidente chileno Sebastián Piñera com agradecimentos pelos serviços prestados àquela nação – fato que lhe colocou no radar chileno como o homem que prevê terremotos.

A razão de ter despertado tamanho furor pelos chilenos se deu porque Aroldo conseguiu prever, com dias de antecedência, a chegada vários sísmicos registrados nos Andes, todos com magnitude acima de 6 pontos na escala Richter.

Uma das mais recentes previsões no país foi o abalo que atingiu e causou devastação na região do Coquimbo, em 2015, o La Serena.  

Aroldo previu o tremor de magnitude 8.5 e tsunami que aconteceu no local. Na época, morreram seis pessoas, mas a tragédia poderia ter sido muito maior caso as antecipações do cuiabano não tivessem sido compartilhadas.

“O La serena foi previsto com 15 dias. Previ ele em agosto depois que aconteceu o terremoto no Nepal. Ai tem um outro terremoto. Ligando os dois, se você puxar uma linha, vai dar exatamente em La Serena”.

“Terremoto 7.9 no nepal, ele migra em diração ao pacífico, e em 35 dias depois causou um terremoto nas Ilhas Bonin, no Japão. Ou seja, você tem o Ponto A no Nepal e o B no Japão. Agora, usa os 35 dias e divide pela distância entre eles, encontrando aí a velocidade média. Traçando uma linha reta usando como referência os pontos A e B, encontra-se o possível ponto C. nesse caso, o ponto C foi em La Serena, no Chile”, completou.
 
 
O filme Sísmico mostra cenas de chilenos agradecendo Aroldo pelas previsões, o que mostra a importância do método que desenvolveu para aquele país. Caso fosse abraçado plenamente pela ciência, as atencipações de Maciel poderiam continuar salvando vidas ao redor do mundo. 

“Muitas pessoas se salvaram graças ao seu anúncio. E isso é graças ao trabalho que Aroldo desenvolve, com isso de prever sismos em nosso país e no mundo inteiro”. As cenas do documentário mostram os moradores do país vizinho abraçando o cuiabano em agradecimento.
 

Mais recente, ele antecipou os eventos que atingiram o Oceano Atlântico e causaram abalos na região Norte e Nordeste do país, como, por exemplo, no Rio Grande do Norte.

“Quando aconteceu o tremor no meio do Atlântico eu falei ‘oh aqui gente, onde vai tremer e apontei ali. Bahia Rio Grande do Norte. Apontei assim mostrando com o tremor do Atlântico atingiriam locais que iriam tremer, e aí aconteceu um terremoto de 4.0 em Natal”.

Aroldo ainda fez um alerta àqueles que desacreditam que o Brasil algum dia poderia sofrer com a chegada eventos naturais capazes de causar estragos, como terremotos e tsunamis.

Conforme suas previsões, o Atlântico está sendo perturbado e não irá demorar muito para os reflexos atingirem o país e demais vizinhos latinos.

“Os eventos já estão chegando no Brasil, pois o Atlântico está sendo perturbado. Nunca havíamos registrados um tremor de 8.1 no Atlântico, perto das Malvinas. Se tem um 8.1, um 8.6, é suficiente para gerar um tsunami, reflexos maiores. Teve um evento no Atlântico e eu disse que migraria para o Rio Grande do Norte, e aconteceu”, disse ele acrescentando que, onde há terra e mar, há risco de terremotos e tsunamis.

Mas como o operador de áudio da Unic consegue prever os sísmicos sem receber o devido reconhecimento da ciência? Ele descobriu um padrão de eventos pesquisando sozinho em um site que monitora tremores em todo o planeta.

Emitiu relatórios de eventos que ocorreram entre 2004 a 2010 e se pôs a analisar os abalos de maior intensidade. Em três meses de pesquisa, encontrou um padrão e desenvolveu o que ele chamou de “migrações sísmicas à larga distancia”.

Maciel se emocionou quando descobriu existência de um padrão. “Pensei na quantidade de pessoas que já tinham morrido, no dia 25 de dezembro, com o abalo na Sumatra. Depois no Haiti. Chorei porque pensei, puta merda, um cara filho de pai analfabeto, descobriu um padrão. Foi tipo um acidente”.

Como foi idealizado de maneira informal e desenvolvido por conta própria do autodidata, a comunidade científica na área de geologia e geofísica descredibilizou os métodos usados.

“Quando vi que tinha um padrão, comecei a procurar pessoas dentro da própria geologia e só foi piada. Foi riso, fui muito criticado na internet. Até que um dos caras comprou o meu método”.

O “cara” citado por Aroldo à reportagem é o mesmo cientista que ele demonstra respeito e faz questão de contar em todas as entrevistas que deu.

Jorge França acreditou no padrão o cuiabano após ouvi-lo durante longas seis horas e decidir transformar a pesquisa informal em uma pergunta científica. Com isso, Aroldo rodou países como Estados Unidos e Portugal para apresentar sua tese.

A tese de Maciel, já apresentada de forma semelhante por outros pesquisadores, é a de que os grandes terremotos seguem um padrão: caminham em linha reta de um ponto a outro, com intervalo de dias dependendo da magnitude do evento.

Mas, diante da impossibilidade de cravar 100% de certeza para um único padrão, até hoje os cientistas e estudiosos dos abalos são céticos quanto às antecipações.

“Eu ofereci primeiro para a ciência, mas a ciência continua batendo. E aí, o que você faz numa coisa dessas? Eu acredito no meu potencial, eu falo que vai acontecer e aconteceu”.

Apesar do descrédito sofrido por alguns anos, hoje em dia ele acredita que sua ideia será abraçada pela ciência, mesmo que ele não esteja vivo para ver isso. Pontuou também que já existem artigos publicados no exterior que dão conta das suas teses.

“Tem dois artigos dizendo que sim: os terremotos tem reflexos em outras partes do planeta e em outras áreas. A metodologia foi especulada em 2012 e as últimas publicações aconteceram naquele ano (2018)”.

Aroldo ainda contou à reportagem que está de braços abertos caso alguém se interesse e se disponha a dar corpo científico ao seu padrão, com intuito de levar adiante as previsões “mágicos” que são capazes de antecipar fenômenos naturais e, mais que isso, salvar vidas.
 
Enquanto isso, ele segue compartilhando suas antecipações para centenas de milhares de pessoas que vivem sob o risco de ter suas vidas atingidas por abalos sísmicos que viajam pela Terra.
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