No primeiro semestre de 2023, previsão aponta mais de 20 festivais de música espalhados pelo Brasil. Para curtir os eventos, mato-grossenses precisam desembolsar em média R$ 3 mil, para custear hospedagem, passagem, ingresso e alimentação. Nesta sexta-feira (24), o psicólogo Caio Felisberto, de 26 anos, o universitário Daniel Guimarães Silva Paulo, de 22, e a diretora de arte Laís Wrzesinski Ribeiro, de 28, embarcaram para São Paulo (SP), para a 10ª edição do Lollapalooza.
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Apesar do ingresso para os três dias de festival ter praticamente dobrado em comparação com o valor cobrado em 2019, e das despesas da viagem para outros estados, o psicólogo afirma que, para ele, a experiência vale a pena.
Segundo a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), todo o setor soma 4,5% do PIB, gerando R$ 314,2 bilhões de faturamento anual. Ainda neste ano, Caio pretende voltar a São Paulo para o festival de música MITA, que acontece em junho, além de estar planejando ir ao show do cantor The Weeknd, no Rio de Janeiro (RJ), em outubro.
"Amo festivais de música e sempre que posso tento ir. De todas as edições do Lolla, essa foi a mais cara. Em 2019 o Lolla Pass entrada social [ingresso para os três dias de evento] custou R$ 1.075, esse ano foi quase o dobro. Precisei me organizar financeiramente. Mas adoro a energia e a multidão. Tento não pensar muito, dividir no cartão de crédito e ir pagando".
Ao Olhar Conceito, o psicólogo, que mora em Cuiabá, revelou que está ansioso para assistir aos shows de Billie Eilish, Lil nas X, Rosália e Drake. Em 2019 e 2022 (edição que marcou o retorno do Lollapalooza depois da pandemia de covid-19), Caio viajou para São Paulo com amigos, o que barateou o valor da hospedagem, por exemplo, já que todos dividiram os custos.
Passagens aéreas mais caras
Para ele, a maior alta aconteceu no preço do ingresso do festival e das passagens aéreas. Assim como o psicólogo, Laís também precisou fazer um planejamento financeiro para curtir o Lollapalooza. Na expectativa de assistir o show da banda Foo Fighters, no The Town, que acontecerá em setembro, a diretora de arte afirma que ainda não tem certeza se vai a outros festivais.
"Ter que sair de Mato Grosso gera muitos gastos, como passagem e estadia. E, como a alimentação acaba sendo toda 'na rua', encarece também toda a viagem. O maior gasto é o valor do ingresso, depois a estadia... Estou planejando voltar para SP para o The Town assistir Foo Fighters, que era para eu ter visto ano passado no Lolla). Vamos ver como estarei de dinheiro até lá".
Na edição do ano passado, o Foo Fighters cancelou a apresentação após a morte do baterista Taylor Hawkins. O Lollapalooza deve movimentar a economia de São Paulo já que, além de ir ao festival, alguns turistas, como Laís, pretendem estender a passagem pela capital paulista.
Em 2022, mais de 300 mil pessoas compareceram nos três dias de festival no Autódromo de Interlagos para curtir o Lollapalooza. (Foto: Reprodução)
A diretora de arte lamentou o cancelamento do aguardado show do Blink-182, que cancelou todas as apresentações na América do Sul e no México. A apresentação marcaria o retorno da banda que fez sucesso nos anos 90.
"Já é minha terceira vez no Lollapalooza, estou um pouco triste com a line up e com o cancelamento do Blink-182 e da Willow [filha do casal de atores Will e Jada Smith]. Agora, o show que mais espero ver é do britânico Yungblud".
Daniel também sentiu no bolso o aumento no preço das passagens aéreas. Ele conta que viajou para São Paulo em 2021 e pagou metade do valor que desembolsou para viajar para a capital paulista nesta sexta-feira (22). Como mora em Barra do Garças (a 516 km de Cuiabá), o universitário ainda precisa viajar de ônibus para o Aeroporto de Goiânia.
Assim como Caio e Laís, o jovem é apaixonado pelos festivais de música. Ano passado ele foi no Rock in Rio, no Rio de Janeiro, e já se planeja para voltar a São Paulo e participar do MITA.
"Sou muito fã da Billie Eilish [que vai se apresentar no Lollapalooza], Lil Nas X gosto bastante também. Mesmo se eu fosse de ônibus para São Paulo, teria que viajar para Goiânia, já que esses festivais nunca acontecem no Centro-Oeste".
Festival de música em Cuiabá?
Os jovens mato-grossenses sonham com a possibilidade de shows de bandas alternativas em Mato Grosso, onde a maior presença é de artistas de música sertaneja. Para Caio, Cuiabá já possui público suficiente para apresentações de artistas nacionais de outros gêneros musicais.
No ano passado, a funkeira Luíza Sonza, que esgotou os ingressos do primeiro show e precisou abrir uma sessão extra em Cuiabá, e a cantora Pabllo Vittar lotaram a Musiva. O psicólogo lembrou da iniciativa "Vem pra Arena", que trouxe nomes como Vanessa da Mata e Tulipa Ruiz para Cuiabá.
"Lembro da iniciativa do “Vem para Arena” que se não me engano era promovido pelo governo do estado… rolou Vanessa da Mata, Tulipa Ruiz e uma galera bem boa… tinha bastante público e ainda acho que colabora para acesso à cultura de maneira geral".
Laís também concorda que falta investimento para shows de gêneros musicais diversos em Mato Grosso. A diretora de arte lembrou da Virada Cultural realizada no estacionamento da UFMT, que aconteceu pela última vez em 2012.
"Sei que o público pra esse tipo de evento é menor em Cuiabá, ainda mais comparado ao público que ouve sertanejo. Apesar disso, lembro que durante as viradas culturais que aconteciam no estacionamento da UFMT sempre tinham uma boa quantia de pessoas assistindo a shows de diversos gêneros".