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Sexta-feira, 11 de outubro de 2024

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'Bingay' atrai público para noites de jogatina apresentadas por drag queen em bar LGBTQIA+ de Cuiabá

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

'Bingay' atrai público para noites de jogatina apresentadas por drag queen em bar LGBTQIA+ de Cuiabá
Toda quarta-feira, a drag queen Alyssa Fresh, de 29 anos, se monta especialmente para cantar as dezenas sorteadas nas noites de bingo da Pop House, bar e casa de festas LGBTQIA+. Na infância, quando ainda morava em Dom Aquino (a 176 km de Cuiabá), Alyssa costumava frequentar uma igreja todo domingo para participar do bingo e do leilão de frangos com a família. Hoje, ela é responsável pela animação do bingo da Pop House, que ficou conhecido como "Bingay", por conta do público LGBTQIA+. 


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"Fui criada dentro do berço católico no interior, onde todo domingo tinha o bingo e o leilão de frango nos fundos da igreja católica. Íamos cedo para a missa, almoçávamos no leilão e também tinham os bingos, eram eletrodomésticos, coisas de casa... Tudo para ajudar a arrecadar fundos para a igreja. Então, cresci nesse meio. Falo que as LGBTs dos anos 90 adoram uma jogatina, um joguinho... Até falo no bingo isso". 

Nesta quarta-feira (29), o Bingay da Pop House vai para a 28ª edição. As noites de "jogatina" começaram a pedido do público, de acordo com uma das proprietárias do local Brunna Almeida. Por ser beneficente, a renda das cartelas vendidas é revertida semanalmente para o Projeto Lunaar, que resgata animais abandonados e vítimas de maus-tratos. 

"O valor da cartela é R$ 5  e em todas as rodadas temos vários prêmios e patrocinadores. Toda essa movimentação do bingo acontece em prol do Projeto do Lunaar. Todo o dinheiro das cartelas nós revertemos semanalmente. Iniciamos começou a pedido dos clientes, mas acabou que também virou algo beneficente. Sempre estamos em busca de parceiros, quanto mais prêmios conseguimos mais rodadas fazemos", explica.

Alyssa conta que os prêmios vão de ingressos para festas a procedimentos estéticos, diferente do bingo que frequentava nos fundos da igreja em Dom Aquino. Para ela, o espaço renovou o conceito de bingo, que agora é sucesso entre o público jovem. 

"Não é mais aquela coisa de idoso ou de igreja, com prêmios de eletrodoméstico... Hoje renovamos, demos uma nova pegada para o bingo, desde a apresentadora até o intuito final de ser algo beneficiente. Não é um bingo que pego a bola e anuncio o número, faço uma introdução, invento frases, jogo para as pessoas adivinharem qual seria a pedra. Isso já virou tradição, as pessoas querem isso". 

A drag queen explica que a primeira edição do bingo aconteceu no ano passado, durante uma festa junina. Na ocasião, Alyssa estava trabalhando como DJ na parte de baixo da casa de festas, mas se animou ao ouvir a animação do público do Bingay. 

"A Brunna veio conversar comigo, disse para tentarmos fazer em uma quarta-feira, porque já é um dia no meio da semana, na época não tinha uma programação fixa. Topei e fizemos a primeira edição. Encheu, deu umas 60 pessoas. Foi legal, divulgamos e muita gente que foi, voltou no próximo dia. Foi enchendo cada vez mais. Fizemos a terceira vez e foi lotação máxima, a ponto de não termos espaço". 

Público fiel

Não demorou para que as noites de Bingay se tornassem parte da programação fixa da Pop House e conquistasse apaixonados. Alyssa conta que parte do público é tão fiel, que muitas vezes frequenta a casa apenas nos dias de bingo. Para ela, apesar de haverem outros pela cidade, o Bingay garante uma experiência divertida e diferente do comum. 

"Uma programação que lugar nenhum tem: bingo em uma quarta-feira com uma drag queen apresentando. Não existe em Cuiabá, sei que existem outros bingos pela cidade, mas não como esse. Além da gente movimentar o espaço do bar, ainda estamos dando emprego para uma drag queen na quarta e ajudando uma ONG de proteção animais". 

Apesar da casa ser majoritariamente frequentada pelo público LGBTQIA+, Alyssa ressalta que as noites de Bingay caíram no gosto de pessoas de pessoas que estão fora da sigla. A animação do bingo faz com que um dia de quarta-feira se transformem em um momento divertido e inesperado no meio da semana. 

"A quarta-feira vira sexta. O LGBT que acompanha a Pop sabe que a quarta-feira é um dos melhores dias. Fico muito grato por ter a aceitação das gays mais novas, mas percebi que a faixa etária é de 25 a 30 anos. São pessoas que estão lá quase sempre. São as LGBTs dos anos 90, mas temos as mais novinhas, de 19. As pessoas que vão lá uma vez só precisam de uma quarta-feira para se encantar com o bingo". 

A drag queen comenta que até mesmo mães e pais dos jovens começaram a frequentar as noites de bingo, que têm os prêmios como principal diferencial. 

"Os prêmios já atraem o público LGBT e é uma quarta-feira, as vezes você não tem nada para fazer em casa e quer tomar um drink ou ter um date. O meu prazer maior é ver as LGBTs lá com as mães e isso já aconteceu muito. Já vi muitas gays levar a mãe e o pai. Desde o público LGBT até os heterosexuais sempre mandam feedbacks bons. E é uma forma também de gerar renda para uma ONG que precisa muito". 
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