Apaixonada pela dança desde criança e com o desejo forte de se casar, a coreógrafa Sarah Emily de Lima Amorim, de 22 anos, descobriu o mercado dos casamentos quando estava noiva, em janeiro de 2022. Sarah procurava fornecedores para a própria cerimônia, quando percebeu a demanda de coreografias especiais para festas de casamento. De lá para cá, ela já perdeu a conta de quantos momentos emocionantes viveu enquanto ensaiava os noivos para o grande dia.
“Um dia abri o Canva e fiz um projetinho simples, enviei um grupo de várias noivas de Cuiabá. Lá elas jogam dicas de muitas coisas, fornecedores e valores. Não estava com intenção de nada, mas super rolou, o pessoal começou a pedir orçamentos. Comecei a ver como faria, se seria em um espaço alugado, se seria a domicílio… Fui desenvolvendo o projeto”.
De valsas mescladas com clássicos do rock, músicas indie ou funk, os pacotes de Sarah buscam atender todo os tipos de noivos. Ela brinca que alguns casais já chegam alertando que têm “dois pés esquerdos”, mas dão show no dia da apresentação na festa de casamento.
“É incrível, você vê a realização do trabalho e é muito gratificante. Acho que para quem nunca teve contato é mais incrível ainda. Quando fecho o orçamento, o mínimo são cinco aulas, porque se faço menos sei que não vai ter tempo hábil. Preciso primeiro ensinar a pessoa a dançar para depois montar a coreografia”.
Quando o mercado das coreografias de casamento surgiu na vida de Sarah, ela já estava afastada da dança, se dedicando às carreiras de atriz e cantora. O novo nicho na trajetória de bailarina, algo que faz desde os 10 anos, chegou por acaso para a jovem, mas representou uma mudança na realidade financeira, já que além de custear o sonho da cerimônia, Sarah está grávida do primeiro filho.
“No momento de preparar meu casamento, percebi que não tinha dinheiro para pagar o casamento. Mas eu não esperava isso, não foi planejado, foi uma ideia que surgiu de noite, do nada. Agora virou minha profissão. Tenho meus trabalhos paralelos, mas meu foco agora está no projeto”.
Atualmente, Sarah oferece pacotes com ensaios a domicílio e na Escola de Música Maurice Ravel, onde é professora de dança de salão. A experiência da coreografia no casamento é tão transformadora, que muitos dos casais se matriculam nas aulas regulares para continuarem aprendendo novos passos juntos, conta a coreógrafa.
“Já valsei com rock, indie, samba… Porque vai de cada casal. Tenho um PDF que envio para a pessoa escolher o que mais me agrada, o Wedding Clean e o Wedding Show. Eles não têm diferenças de valores, só no estilo mesmo. No Clean é algo bem mais tranquilo e intimista”.
“Mas se você quer algo mais animado, que levante a galera, você se encaixa no show. Se você gosta de um meio termo também podemos ir conversando, não precisamos limitar, porque o casamento é muito essa idealização”, continua.
Além dos ensaios, a jovem oferece suporte no grande dia do casamento, quando comparece a festa para garantir que tudo saia como nos ensaios. Nessas ocasiões, Sarah se emociona em ver os noivos acertando cada passo e se divertindo juntos na pista de dança. O momento da coreografia também surpreende os convidados.
“Os convidados não esperam, então é uma surpresa para eles também. Fazemos uma espécie de coreografia final para que os noivos chamem todos para a pista de dança. Quando não tem esse momento de interação, demora muito para as pessoas começarem a dançar. Assim a pista começa a ser usada bem cedo”.
Por conta da lista extensa de questões que envolvem a produção do casamento, muitos noivos não dão prioridade para o momento da dança. Sarah ressalta que a coreografia e o suporte profissional fazem diferença até mesmo nas fotos tiradas na cerimônia.
“A coreografia também é muito pensada nas poses de fotos para que eles tenham a recordação do momento. É a hora mais legal de fazer as fotos, porque é algo mais espontâneo. Então, ajudo os noivos a fazerem com calma para que os fotógrafos consigam pegar os momentos. A gente faz a limpeza na coreografia”.
A sensibilidade de Sarah para o momento do casamento faz com que ela sinta a necessidade de explicar para as noivas que o momento da dança não precisa ser perfeito. A jovem dá risada ao contar que, na própria festa, levou um tombo durante a apresentação. Ela reforça que cada casal tem sua própria personalidade.
“Meu marido estava muito nervoso, não tinha comido direito e me pegou de mal jeito. Mas é para elas verem que não é porque sou coreógrafa que vai ser tudo perfeito. Os convidados fizeram aquela cara de espanto, mas eu já levantei rápido e continuei. É uma coisa que tenho que passar para as minhas noivas, se errou, continua. Vai ser incrível também”.
Quando entrou no mercado dos casamentos, Sarah também descobriu a demanda por coreografias em outros tipos de eventos como festas de 15 anos e formaturas. Para ela, com auxílio de um profissional, a dança pode ser um dos pontos altos de qualquer evento, além de se tornar um momento feliz de recordação para o futuro.
"O projeto já foi se desenvolvendo e criando outras bifurcações, comecei a ir para formaturas de vários cursos, querem dançar com a galera, fazer graça durante a festa para animar mesmo. Acho que a dança é a maior parte da festa e é uma lembrança para a vida. Percebi uma diferença gigantesca na própria festa quando ela contrata esse tipo de serviço".
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