O cabeleireiro Carlos Henrique Garcia, de 29 anos, mais conhecido como Kaike, tem chamado atenção nas redes sociais por ser adepto do “sereísmo”, um estilo de vida que tem como premissa o amor pelo mar e água. Com sua cauda azul, o sereio mato-grossense nada e mergulha em diversos locais pelo estado, como lagoas e rios de Chapada dos Guimarães e Primavera do Leste.
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O Olhar Conceito conversou com Kaike para conhecer um pouco mais sobre esse estilo de vida que já inspirou uma novela da Globo, a Força do Querer, com a personagem de Ísis Valverde, Ritinha, que também era adepta do sereísmo. Além disso, o estilo se popularizou nos últimos anos e deve entrar em pauta novamente com o lançamento do live-action da Disney, ‘A Pequena Sereia’, na próxima quinta-feira (25).
“Eu sempre fui fascinado por mergulho, acho muito lindo o fundo mar, sempre gostei de peixe e quando era criança tive vários aquários, então, é uma paixão desde quando nasci. Eu também sempre nadei com as pernas juntas para imitar o movimento do peixe. Falava que era um peixe porque amo água”, conta Carlos.
O jovem cresceu em um sítio em Mirassol D’Oeste (297 km de Cuiabá) e sempre brincava nas lagoas e córregos que tinha na zona rural e quando foi aprender a nadar, conta que o pai disse que ele deveria engolir um "peixinho" vivo para saber nadar. Ele engoliu um lambari e nunca mais deixou de nadar.
“Nesse ano, eu consegui encontrar um site onde vende a cauda para nado profissional, que realmente tem a função de auxiliar no nado, não é só de enfeite, uma fantasia. Eu comprei ela em fevereiro e comecei a nadar na piscina do meu condomínio, depois fui para Chapada, para Primavera e pretendo ir para muitos outros lugares”, continua.
Conforme Kaike conta, os "sereios e sereias" se dividem em clãs, grupos de pessoas que se identificam com alguma causa e cada um possui uma cor de cauda, para identificação. ˜Cada clã tem o seu objetivo, como cuidar do meio ambiente, e eles movem campanhas para limpar as praias e lagos. Existe todo um projeto por trás disso”.
Devido à distância, o mato-grossense ainda não teve a oportunidade de participar de algum encontro do clã, pois é mais voltado para o público que mora na região de São Paulo. Mas o cabeleireiro sonha em conseguir se reunir com os "sereios" e participar de alguma ação.
“Pessoalmente, eu ainda não conheço outras pessoas adeptas do sereísmo também, mas conheço o pessoal do grupo Sereias Guardiãs, que é do site onde eu adquiri a minha cauda. A gente mantém o contato pelo Instagram e sempre troca ideia, mandamos fotos dos lugares que já nadamos e é muito legal”, disse Carlos.
E como funciona a cauda profissional de sereia? O jovem explica que a cauda é feita com um tecido parecido com o mesmo utilizado para moda praia, e dentro da ponta dela, há um silicone que dá o formato na ponta, evitando que o tecido fique mole.
“Dentro desse silicone, a gente precisa colocar uma peça chamada monofin que é um tipo de pé de pato, porém com os dois pés grudados. Ele forma uma barbatana, que ira dar o impulso para a cauda realmente funcionar na hora de nadar. Sem ele, é como se você fosse cair na água com as pernas amarradas, sem conseguir nadar”, explica o cabeleireiro que investiu cerca de R$ 850 em sua cauda profissional.
Preconceito
Uma mensagem que Kaike tenta passar para as pessoas é que cada ser humano pode ser o que quiser. O jovem reforça que deveria haver menos julgamentos porque cada um faz o quer de sua vida e vive da melhor forma, pois o importante é ser feliz, sem criticar ao próximo.
“Tem tanta gente aí que paga milhões para virar cachorro. Eu simplesmente quis parecer com uma sereia. Pelo menos quando eu vou nadar acho muito gostoso, é uma sensação incrível, de liberdade. E é ótima para fazer como atividade física, porque o movimento do nado estimula bastante os músculos do corpo, o dorsal das costas para poder fazer o impulso, então assim é muito bom, né? Como atividade física também”, conta.
“Acho que o importante é ser feliz. Sem criticar o próximo, sem julgar, acho que se cada um cuidar da sua vida fazer o que gosta, todo mundo vai ser mais feliz, então mais mensagens positivas e menos críticas”, finaliza.