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Sábado, 27 de abril de 2024

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TIA KATINHA

Há 11 anos, bolos caseiros são assados diariamente em loja no Jardim Imperial: 'faço com o coração'

Foto: Reprodução

Há 11 anos, bolos caseiros são assados diariamente em loja no Jardim Imperial: 'faço com o coração'
Há mais de uma década, Katia Cilene Dias, de 53 anos, faz bolos caseiros que perfumam a loja dela, a Tia Katinha Bolos, no bairro Jardim Imperial, em Cuiabá, quando saem quentinhos do forno. A região está em constante crescimento com a chegada de condomínios e empreendimentos comerciais, mas Katia ainda preza por chamar cada cliente pelo nome. 

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“Às vezes as pessoas falam que eu podia abrir outra loja, mas eu tenho que dar o meu melhor, tenho que olhar no fundo dos seus olhos e falar que o bolo que você gosta está pronto. Se for para fazer bolo por fazer, não tem necessidade”. 

O carinho entre Katia e os clientes, que entram e saem da loja em busca dos bolos caseiros que são assados até 120 vezes por dia para atender a demanda, é estampado em uma das paredes da Tia Katinha Bolos. Nela, dezenas de pratos e quadros de viagens da clientela, que se tornou parte da vida da boleira, fazem parte da decoração. 

“Acha que eu ia fazer bolo e viajar desse tanto?”, brinca Katia em meio a gargalhadas. “São presentes de clientes, sei da história de todos. Sempre incentivei meus filhos a viajarem para viver. Tenho mais cinco quadros lá dentro que tenho que colocar na parede. É muito carinho e cuidado”, continua. 

A loja, que fica de frente para a Avenida das Torres, abriu em dezembro de 2012, quando a via sequer existia. Apesar do sucesso dos dias atuais, Katia ainda se lembra do começo incerto, quando vendia apenas um ou dois bolos por dia. 

“Falei para minha filha, para abrirmos a loja. Eu viajava pelo Brasil inteiro e ficava comprando bolos caseiros. Passava aqui na frente e ficava sonhando com esse lugar, era uma videolocadora. Corri um risco na época, também pensava que poderia quebrar ou não dar certo, mas fomos devagarinho”. 
 

Os bolos da tia Katinha 

O apelido de Katia surgiu quando ela começou a fazer bolos caseiros para o lanche da igreja. De chocolate ou de cenoura, com bastante calda, os doces faziam a alegria das crianças, que sempre perguntavam pela “tia Katinha”. Ela se lembra de ter replicado receitas gigantes e batido massa à mão para servir até 150 crianças. 

“Elas comiam e ficavam falando ‘que delícia, tia’. As crianças comiam e gostava muito, são verdadeiras”. Com o tempo, ela começou a aprimorar as receitas que fazia. Na loja de bolos, Katia explica que não usa misturas pré-prontas e tem os próprios segredos para garantir um bolo fofinho e saboroso. 

“Em um bolo de chocolate eu misturo cacau 50% e 70%, são coisas que são minhas. Faço testes com os fermentos. Não sou formada em gastronomia, mas faço bolos com o coração. Você não fica estressada? Sim, é um trabalho. É muito louco, às vezes sonho com um bolo e no outro dia chego aqui para fazermos o teste, mesmo se não der certo de primeira, vamos tentar de novo”. 

Antes de abrir a loja no bairro Jardim Imperial, Katia já tinha feito bolos para vender para ter uma renda extra enquanto cursava Administração. A Tia Katinha Bolos, como existe hoje, foi projetada em detalhes no projeto de TCC da faculdade, mesmo sem ela ter previsão de investir no próprio negócio. 

“A loja nem existia ainda, levei bolo para todos da banca. Foi incrível. Dois anos depois nasceu a Tia Katinha. Os sonhos ficam escondidos dentro da gente, nem imaginava que teria uma loja de bolos. Não é fácil, a gente engole um sapo por dia, mas é muita alegria, você participa de vidas e de histórias”. 

Com o passar dos anos, a loja cresceu, assim como a legião de fãs dos bolos caseiros feitos na Tia Katinha. Por isso, hoje Katia conta com a ajuda de seis funcionárias e uma equipe de entregas. Para as mulheres da equipe, ela sempre busca dar aconselhar que elas acreditem no próprio potencial. 

“Passo aqui para minhas funcionárias que elas sempre vão conseguir fazer, nenhuma entrou aqui sabendo fazer bolo, todas aprenderam. Ainda tenho muitos planos e muitas ideias, como ensinar mulheres a fazer com que os bolos se transformem em uma renda para elas, porque eu comecei assim”, conta Katia. 

“Os segredos que tenho nos meus bolos são meus, mas cada pessoa pode criar os seus, um pitada de noz moscada ou o que você quiser que seja”, continua. 

Enquanto conversa com a reportagem, Katia para algumas vezes para cumprimentar os clientes que entram na loja, sejam conhecidos dela ou não. “Quero que as pessoas cheguem aqui e sejam chamadas pelo nome. Não é só mais um cliente atendido no automático. Os clientes têm um nome”, diz depois de dar atenção para uma das mulheres que entram no estabelecimento. 

Katia começou a fazer bolos para levar para o lanche da igreja que frequentava e ficou conhecida como "Tia Katinha". (Foto: Reprodução)

Bolos caseiros e com afeto 

Katia explica que trabalha com poucos sabores no cardápio da loja, mas que são os mais tradicionais e que muitas vezes lembram momentos da infância, como o bolo formigueiro. Quando faz as receitas, ela recorda de momentos como quando observava a avó dos filhos, descendente de italianos, a fazer massas e bolos caseiros. 

“Os bolos começaram com a avó dos meus filhos, que é de origem italiana, então ela sempre foi cozinhar e eu fui aprendendo com ela. O bolo de cenoura me lembra de quando era criança, minha mãe nunca foi muito de fazer bolo, mas começou depois de um certo tempo. Ele sempre vai ser um bolo querido, de fazer uma forma grande para comer todos juntos à mesa”. 

Mesmo que sobrem bolos depois do expediente, Katia faz questão de que todos sejam doados, já que prioriza apenas bolos do dia à venda na loja. “Doamos, seja para o lixeiro, para o guarda da rua, para o centro espírita ou para igreja, para onde for. Quando tem bolo que saem ruins, vão diretamente para o lixo, se não serve para mim, não vai servir para você”. 

Recentemente, ela, a filha Niege Dias Massoni Bruneto, fecharam uma parceria com o publicitário Ícaro William de Oliveira e a esposa dele, Náttynny Modesto, abriram a cafeteria Jardim Secreto, também na região do Jardim Imperial. Além dos croissants e pães artesanais, também é possível encontrar fatias de bolo e geleias caseiras feitas por Katia. 

Além de ser responsável pela administração, ela conta que está sempre na loja com a mão na massa e não esconde que a rotina de trabalho pode ser cansativa, mas no final do dia, se alegra pela história que constrói. “Sou muito feliz e ainda mais por saber que tenho muitos planos para realizar”.
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