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Suco de laranja, pastel e churros: comidas de rua do Centro Histórico fazem parte da memória afetiva de cuiabanos

20 Mar 2024 - 17:06

Da Redação - Bruna Barbosa / Do Local: Mariana Freitas

Foto: Olhar Direto

Suco de laranja, pastel e churros: comidas de rua do Centro Histórico fazem parte da memória afetiva de cuiabanos
Os copos de suco, pastel e churros vendidos no Centro Histórico de Cuiabá atravessam gerações de cuiabanos que, ao passarem pela região, não deixam de ir à Feira da Matriz ou ao carro de churros que fica estacionado no começo do calçadão da Galdino Pimentel, ao lado da Riachuelo. A memória das comerciantes responsáveis pelos pontos guarda um pouco das histórias afetivas com a culinária característica do Centro de Cuiabá. 

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Dos 56 anos de vida de Tutti Dantas, quase metade foi dedicada à venda de suco de laranja na Feira da Matriz. Quando começou, o copo custava R$ 1 e, sem dinheiro para grandes investimentos, espremia as frutas com as mãos. Tutti já atendeu gerações diferentes de uma mesma família e conta que às vezes é surpreendida com a memória dos clientes fiéis que começaram a tomar o suco de laranja dela ainda na infância. 

“[Os clientes antigos] voltam aqui e falam: 'tia, vinha aqui quando eu tinha 10 anos'. Têm muitos clientes do começo, hoje o suco no copo de 700 ml está R$ 7. Fui a primeira pessoa a colocar suco de laranja na rua para vender fora da lanchonete, Rondonópolis tinha muito e minha cunhada insistiu muito. Na época comecei espremendo na mão, trabalhei sete anos espremendo na mão, depois comprei a máquina. Fui a primeira pessoa aqui no Centro a colocar suco de laranja na rua, consegui me sustentar assim a vida inteira”. 

Tati, que também é presidente da Associação Mato-grossense de Artesãs, sai cedo de casa para começar a vender os copos de suco na Feira da Matriz e, como passa a maior parte do dia no local, considera os outros comerciantes como família. 

“A gente vem cedo para cá, só 'visitamos' nossas casas, nossa família é a rua, o pessoal do dia a dia aqui é a nossa família. Ultimamente o movimento caiu bastante, não sei se por causa do estacionamento rotativo, não sei se o pessoal ainda não se acostumou”. 

A percepção também é endossada por Anicleide, de 41 anos, que trabalha na barraca de pastel na Feira da Matriz há quatro. No Centro Histórico, os pastéis vendidos no local também se tornaram uma espécie de patrimônio cultural. “Ainda não tenho certeza, mas depois que começou o estacionamento diminuiu bastante. Não tenho ideia de quantos pastéis saem por dia, acredito que mais de 50”, comenta. 

A aposentada Maria Auxiliadora, conhecida como Dora, de 65 anos, come o tradicional pastel de carne na barraca em que Anicleide trabalha, algo que já se repete há anos. Para ela, a cobrança do estacionamento também se tornou uma barreira para ir ao Centro, mas a idosa brinca que vai tentar continuar mantendo a tradição de ir à feira.

“Quando passo por aqui é comum, toda vez que passo por aqui como um pastelzinho, as vezes de carne e as vezes de queijo. Gosto muito, só que ultimamente não podemos mais ficar vindo aqui, porque agora veio taxação de estacionamento, então, está difícil, mas ainda tento manter a tradição”. 

Outra iguaria presente na memória afetiva de muitos cuiabanos é o churros do Centro. Há mais de 30 anos, a barraca de Luciane fica estacionada na porta da Riachuelo. Ela conta que ouve dos clientes que o churros do local faz parte das lembranças de infância e, por isso, sempre voltam para comer mais um. 

“Os clientes costumam falar que comer churros é uma parada obrigatória, temos muitos clientes aqui. Tem mais de 30 anos, então começou há muito tempo, temos clientes que são mãe, avó, filho e neto. A pessoa que vem desde criança comer diz que é para relembrar a infância e eles vêm aqui comer nosso churros”. 

Trabalhar no Centro de Cuiabá é motivo de alegria para Luciane que, por gostar de conversar, constrói vínculos com muitos dos clientes e pedestres que passam pelo calçadão. “Amo trabalhar no Centro, gosto de pessoas, de conversar, aqui acabamos sendo psicólogas porque ouvimos muitas histórias, para mim é gratificante, gosto muito do que faço. O movimento não posso reclamar, já temos uma clientela que sempre está vindo, procuramos agradar mais em termo de poder atender no IFood, mas não posso reclamar das vendas, não”.

 
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