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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Danny Boyle abusa de pirotecnias no suspense "Em Transe"

"Em transe", novo filme do inglês Danny Boyle ("Trainspotting", "Quem quer ser um milionário?") é um filme cheio de malabarismos e que procura ser esperto. Uma casa de leilão é o ponto de partida e o cenário de um roubo de uma pintura do espanhol Goya, chamada "Voo das Bruxas".

Simon (James McAvoy, de "X-Men: Primeira Classe") é um funcionário do local, dedicado, mas não ao ponto de correr risco de vida pelo quadro durante o roubo. Sua atitude tem outra explicação: ele está junto com a gangue, liderada por Franck (Vincent Cassel), que foi obrigado a golpear Simon para disfarçar seu envolvimento. Como resultado, este acabou inconsciente e perdeu parte da memória.

Isso não seria nada se, antes de entregar a pasta com o quadro ao chefe, ele não tivesse removido a tela da moldura. Agora, por conta da amnésia parcial, Simon não sabe o que fez com a obra, não sabe onde a guardou. Com a ajuda de uma terapeuta, Elizabeth (Rosario Dawson), e de hipnose, Franck espera mergulhar na memória do rapaz e descobrir o paradeiro da obra.

Até aí, a trama de "Em transe" segue, mais ou menos, numa linha reta - apesar do excesso de informação proposital. Porém, conforme Elizabeth começa a terapia, novos elementos surgem, mas, combinados com as piruetas de câmera e montagem comuns nos filmes de Boyle, se tornam, às vezes, confusos e excessivos. E, à medida que os personagens perdem a razão numa espiral de loucura, ficam prejudicadas a coesão e a coerência da narrativa.

O uso da psicanálise pode remeter a outros filmes, como "Quando fala o coração", no qual Ingrid Bergman interpretava uma terapeuta tentando ajudar Gregory Peck a curar-se de uma amnésia e em que as cenas de sonho haviam sido criadas por Salvador Dalí. Boyle não vai tão longe, contentando-se com suas pirotecnias de sempre, ao fazer um remake de um telefilme, de Joe Ahearne (roteirista da série "DaVinci's Demon"), que aqui também leva crédito pelo roteiro original.

Se um filme pode ser chamado de suspense psicológico é este que, em alguns momentos, aspira ser. O que sobra ao final é Rosario Dawson - uma espécie de Maja Desnuda em pele de psicoterapeuta. Sua entrega ao papel é admirável, embora nem sempre este lhe corresponda à altura. Ainda assim, ela é o melhor do filme.
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