Um pedaço do Brasil no coração de Cuiabá. A Rua 24 de outubro abriga a loja Mãe Arteira com produtos 100% artesanais, na Vila Maria. O espaço é circundado por artesanatos de Cuiabá, Várzea Grande, Santo Antônio do Leverger, Juara, Curitiba, João Pessoa e até Israel. São peças de cerâmica, tapetes com tuiuiú e araras, pequenos barcos, viola de cocho, santos, fuxicos, quadros, e toda sorte de mimos e memórias. São presentes que trazem emoção, tem sentimento, assim explica a proprietária Aurea Dalcol.
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O nome Mãe Arteira é em homenagem à mãe de Aurea, Dona Sebastiana Souza, que com seus 65 anos, e residente de Tangará da Serra, faz desde bonecas de pano e porcelana a um revestimento com diversos objetos pequenos que estão em um baú disposto no espaço da loja, e também cadernos. Aurea conta que a ideia é fazer até fevereiro uma galeria na loja apenas para abrigar este trabalho da mãe.
Nada é ‘made in China’. A Mãe Arteira não trabalha com produtos industrializados. Mas, Aurea revela que o trabalho é extremamente difícil. É preciso fazer um garimpo para encontrar peças 100% artesanais e de qualidade. Mas, todo o árduo empenho é compensado pela harmonia do espaço. Cada canto da loja é uma surpresa. Um desenho, um bordado, uma peça diferente.
“A Mãe Arteira é a minha mãe, Sebastiana, e eu entrei no artesanato para comercializar, porque ela faz este trabalho, mas dava de presente ou guardava, e nunca colocava os produtos na rua. Então, comecei a oferecer para amigos e expor em feiras, e assim surgiu a necessidade de um espaço físico e estamos aqui na Vila Maria há dois anos”, contou.
O espaço que começou apenas com o artesanato de Dona Sebastiana agora agrega diversos outros artesãos de várias partes do país. “O conceito da nossa loja é 100% artesanato. Não temos nada industrializado, ‘made in China’. E eu trabalho na Justiça Eleitoral, então quando faço viagens a serviço no interior do Estado, eu saio à caça dos artesanatos locais”, disse.
Os tapetes são de Santo Antônio do Leverger, as roupas de Curitiba e as pequenas estátuas de mulheres negras são de Juara, cerâmicas do São Gonçalo Beira Rio, telhas trabalhadas como esculturas são de Várzea Grande. Até produtos de Israel foram trazidos por Dona Sebastiana, que se arrependeu de não ter comprado mais opções.
Mas, Aurea reserva a surpresa para o fim, ela própria se rendeu à paixão pelo artesanato, e agora produz caixas personalizadas com tecidos. “Além do garimpo que faço para encontrar as peças, eu mesma me rendi ao artesanato”, acrescentou.
O negócio da Mãe Arteira é mais do que encontrar presentes, é dar uma lembrança que marque, que tenha um significado, um sentimento.
Uma cliente procurou Aurea para encontrar um presente para dar a mãe no dia do seu casamento. O que dar para uma pessoa que tem de tudo, em um dia que será especial por ver a filha se casar? Neste momento, nem as jóias mais lindas podem reter a emoção. E o presente escolhido foi uma caixa com fotografias dos momentos de suas vidas. Uma caixa que abriga as lembranças.
Para Aurea, tudo o que existe na Mãe Arteira tem um significado, uma identidade. “Nem sempre o artesanal é o mais barato, antes o industrializado era o caro, mas hoje em dia, isto se inverteu. Mas o cliente sabe que o que ele compra de artesanato além de ser único, possui qualidade e uma história por trás. É uma guerra contra a indústria porque ela domina”, revelou.
Nas datas comemorativas, a Mãe Arteira produz mimos especiais, como no Dia das Mães e na Páscoa. Além disso, Aurea já produz os ‘kits-cultura’ com peças de viola de cocho, Santo Antônio e tuiuiú, em que irá explicar em um texto qual o significado de cada item para o Mato Grosso. “Se as pessoas querem algo com emoção buscam o artesanato, porque é isso que ele te traz”, concluiu.