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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Rodrigo Meloni e a filosofia de bar: Crônica de bêbado não tem dono

Foto: MYEOMBEOM KIM

Rodrigo Meloni e a filosofia de bar: Crônica de bêbado não tem dono
...eu bem nem sei se esta história começa, ou se algo tem começo, algo como um Big Bang. Ou se é uma estória com E ou H. Mas no que parece o início desta, éramos eu e ela. Éramos dois. E apesar de juntos, nos sentíamos tristes e sozinhos sabe, bem pequenininhos diante do mundão que brincava de nos assustar, ele lá, fantasiado de dragão-cospe-fogo.

O mundo e as pessoas que nele pisavam nos assustavam. Tudo nos deixava de calças quase sujas, como crianças mimadas que éramos. Qualquer olhar torto, cochicho suspeito, falta de atenção. Pequenos deslizes. Daqueles bem pequenos mesmo. Bastavam. Eles bastavam para incrustar em nossos egos de idiotas mimados desculpas mil para que agíssemos como imbecis e saíssemos por aí, magoando quem bem entendêssemos.

Daí caiu em nossos colos, de maneira qualquer, em um dia comum, sem sol forte ou vento assoviando, ou chuva eminente, umas poucas e ruins ressacas morais. Dias antes, tínhamos ambos aprontado mais uma. Tínhamos magoado alguns amigos, envergonhado outros colegas, ferrado com um bocado de coisas legais e acabado com um terço das festas pelas quais passamos.

Eu me lembro de ter vomitado. E de ter dado em cima de quem não devia. A vergonha de minha amiga a consumia. O namorado chegou ao ponto de querer terminar com ela. Resignada, achou que ele tinha toda razão. Por dentro, era todo o desespero do mundo, pedindo que ‘não’. Resolvemos não passar a mão na cabeça um doutro.

A noite, teve pizza e família na mesa do aniversário do meu primo de apelido Peba. Foi legal ter saído com minha família. Lembrei que era gente também. Na verdade foi muito bom. Normalizei. Vi minha tia lokona em plena segunda, e o marido da minha prima também. Eles riam e eram felizes. E ninguém enchia o saco deles. Minha tia contava que no domingo tinha ida a igreja bêbada, e que tinha baforado na cara do pastor um tanto de hálito aroma álcool com porção de calabresa.

Pelas tantas joguei videogame com os dois filhos da minha prima. Ao lado, um casal de amigos bem gordos riam e comiam muito, e eram felizes bem gordões, e riam de si mesmos e faziam piadas sobre como iam morrer de AVC ou ataque fulminante.

Então percebi que todos tem direito a se comportar como loucos, neste mundo que alguém (quem?) classificou certa vez como um grande hospício. Voltei a sorrir de lado.
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