Considerado por gente do ramo como pouco atento às questões históricas e culturais de Mato Grosso, o governador Silval Barbosa crê que seu governo ficará marcado como responsável por consolidar o resgate do sentimento cuiabano. A avaliação partiu do próprio Silval, na manhã desta quinta-feira (09/04), na antiga Residência Oficial dos Governadores – atual sede da MT Fomento, ao fazer uma análise sobre a importância do ‘tombamento’ do linguajar cuiabano como patrimônio histórico.
Aniversário de Mato Grosso homenageia linguajar cuiabano
Quase um dialeto, o linguajar típico do Vale do Rio Cuiabá – chamado de Baixada Cuiabá até a década passada – por pouco não se extinguiu de vez. “Quando eu vi uma professora do ensino fundamental corrigindo um aluno que falava ‘detcha eu midja’, dizendo que estava errado, então, tive certeza: estávamos nos estertores do nosso cuiabanês”, disse o octagenário Avelino Tavares, com as mãos sobre os ombros de Silval.
Tavares entende que a miscigenação, os meios de comunicação – especialmente a TV – a própria escola, que fez os alunos terem vergonha de exercitar o cuiabanês, por pouco não sepultaram o velho linguajar.
Já Silval assegura que tem priorizado investimentos em Cuiabá, em diferentes áreas, não apenas para a Copa do Pantanal Fifa 2014. Porém, demonstra certo desconforto quando questionado sobre a redução dos recursos destinados para obras que buscam o financiamento da Lei de Incentivo à Cultura (antiga Hermes de Abreu). “Hoje é aniversário de Mato Grosso e vamos falar de coisas boas. Mas é importante destacar que o ‘tombamento’ do linguajar cuiabano”, assegura.
Silval Barbosa até arriscou uma interpretação pouco convencional do cuiabanês, durante o evento. “Vôte! Aqui tem áufa de dgente. Ispiá aí”, brincou o governador, arrancando gargalhadas das testemunhas.
“Essa medida que tomamos – o tombamento da linguagem – certamente só vai receber o devido reconhecimento e ser valorizada dentro de 30 ou 40 anos, porque, no momento, as pessoas não têm sequer condições de fazer a leitura correta deste ato”, endossa a secretária de Estado de Cultura, Janete Riva, ao lado de Silval. “O governador teve a compreensão exata da importância que é preservar o linguajar cuiabano”, emenda Janete.
O deputado estadual João Antônio Cuiabano Malheiros (PR), autor da lei que cria o reconhecimento do aniversário de Mato Grosso, preferiu lembrar que, tão importante quanto a lei, é fazer com que a linguagem viva na memória popular. “É certo que a lei vale muito, porém, somente o povo mato-grossense, seja os que aqui nasceram ou aqueles que para cá vieram, continuarem exercitando o dialogo cuiabanês”, resume Malheiros.