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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Porque as garotas querem um Augustus Waters? Sobre "A culpa é das estrelas" e os sonhos femininos

Foto: Reprodução

Porque as garotas querem um Augustus Waters? Sobre
(Se você ainda não leu o livro ou assistiu ao filme, saiba que o texto revela informações essenciais da trama)

A cena é a mesma em qualquer sala de cinema do Brasil (suponho eu, mesmo que eu não tenha ido em todas elas): quando o filme acaba, garotas levantam-se com os olhos inchados, as bochechas vermelhas e assoando o nariz. Resultado de duas horas e cinco minutos de choro incessante.

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Que o filme “A culpa é das estrelas” é um sucesso de público, assim como o livro que deu origem a ele, todos já sabem. A pergunta que fica é por que e como a trama atinge o emocional das meninas, principalmente.

O comentário comum na saída das salas de cinema é “Eu queria um Augustus Waters. Pena que não existe”. E as meninas o querem, mesmo que ele morra de câncer no final do filme.

Ora, vamos analisar os fatos: Augustus e Hazel se conhecem em um encontro de pessoas com câncer. Ela, já desacreditada e sem a mínima vontade de ir a esses encontros, começa a se interessar quando o conhece.

Ele é corajoso. Diz não ter medo de nada, a não ser do esquecimento. Ele sempre está com um cigarro na boca, mas nunca o acende porque “você coloca a coisa que te mata entre os dentes, mas não dá a ela poder de completar o serviço”.



O amor dos dois é puro e Augustus traz mais vida à vida de Hazel. Ela, que sempre enxergava seus dias como “mais próximos da morte”, passa a achá-los mais bonitos ao lado de Augustus. Ele consegue um encontro entre ela e Peter Van Houter, escritor de seu livro favorito, em Amsterdam e, mesmo que Peter seja grosso, arrogante e os trate muito mal, a viagem ainda é perfeita porque os dois ficam juntos e bebem “estrelas engarrafadas” (champagne).

A história não tem nada de extraordinário ou muito diferente do que se vê nos romances. É a fórmula certa para um Best Seller. A diferença é que o câncer dos dois personagens principais é apenas o plano de fundo.

John Green, autor do livro, não coloca ênfase na doença, mas sim no amor do casal. Até mesmo quando Augustus está prestes a morrer e faz um “pré-funeral” para ouvir as palavras que Hazel e Isaac (seu melhor amigo) diriam à beira de seu túmulo, a cena não é mórbida.



A frase mais famosa do livro “alguns infinitos são maiores do que outros” resume toda a história. Por mais que o final seja trágico, como o foco não é a doença ou a morte, o que eles viveram foi infinito.

E talvez seja por isso que as garotas choram no cinema e querem um Augustus Waters (mesmo morto). O que elas querem é o infinito que, hoje em dia, é tão raro encontrar. Aliás, vale lembrar que um poeta brasileiro já disse a mesma frase há 54 anos: “Mas que seja infinito enquanto dure”. Vinícius já sabia das coisas em 1960.
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