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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Cinema e poesia

Segundo vídeo do projeto "Encaixes Poéticos" é publicado por cineasta cuiabano

Foto: Reprodução

Imagem do vídeo

Imagem do vídeo

A imagem em preto e branco embalada pela música em espanhol faz uma das traduções possíveis do poema “Anoitecer no apartamento”, de Matheus Jacob. No roteiro, a separação de um casal.

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As únicas palavras são as do poema:

“Hoje as luzes morreram
e deixei que morressem.
Porque a luz foi supérflua
e se dá tão bem sem.
Hoje o sol que morreu
e eu deixei que se fosse
sem correr para a luz.
A penumbra de hoje

vale o dia que foi.
Hoje o escuro, crescendo,
fez da sala penumbra
fez escura a fazenda

dessas roupas

                          e alma.
Não liguei, hoje, a luz.
Anoitece, e a noite
é carinho pro pus.

Não liguei hoje a luz
na sala anoitecida.
Essa noite é remédio
e esse corpo é ferida.”


O vídeo faz parte do projeto “Encaixes Poéticos”, produzido pela IHLO Filmes, que busca apoiar trabalhos que propaguem a cultura e o uso da informação para divulgar conteúdo independente.

O produtor do vídeo e fundador da IHLO é Thales de Mendonça, cuiabano que estudou filosofia na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e hoje estuda cinema e trabalha com edição e criação de roteiros na capital paulista.

O projeto “Encaixes Poéticos” tem como objetivo traduzir poemas de novos escritores para a plataforma audiovisual. Os cinco primeiros vídeos do projeto trarão poemas do também cuiabano Matheus Jacob, que já escreveu três livros e ganhou dois prêmios nacionais de literatura. O poema “Amanhecer no apartamento” está no livro “É”, publicado em 2013.

Segundo o poeta, ele e Thales se conheceram ainda em Cuiabá, mas não tinham muito contato. Quando Matheus se mudou para São Paulo e lançou seu livro “É”, ele mostrou o manuscrito para Thales, que ficou impressionado e disse que gostaria de, um dia, trabalhar com os textos do livro.

“A primeira parceria de fato que tivemos aconteceu alguns meses depois, no curta "Nada" do Thales (que ainda não foi lançado), no qual ele usa um poema do meu livro "É" como epígrafe”, conta Matheus. Depois disso, surgiu a ideia de fazer o projeto “Encaixes Poéticos”, o qual Matheus aprecia por considerar Thales um “artista sensível e perspicaz”.

Sobre o vídeo do poema “Anoitecer no apartamento”, especificamente, Matheus conta que achou a interpretação de Thales muito original e rica, “O Thales poderia, se quisesse, fazer 10, 20, 50 vídeos sobre um único poema! Essa é a riqueza da literatura: as possibilidades são infinitas. Essa interpretação que ele deu pro "Anoitecer no apartamento" é uma das várias que ele tem”, conta o poeta.

Para Thales, a intenção foi fugir do óbvio. "O título do poema, muito literal, situa a situação num apartamento, e eu queria fugir de cara da associação fácil". Ele explicou ainda que seu processo literário acontece de maneira gradual. Ele lê o texto com diferentes trilhas até encontrar a música que se encaixa. A partir da música, monta a imagem.

Para esta criação, a escolhida foi "Siboney", um clássico cubano. "A versão de Connie Francis continha a tônica perfeita entre melancolia e romance sofrido que eu queria evocar para as cenas do filme. O diretor da obra original "Chóngqìng Sēnlín", ficara conhecido por mesclar tão bem elementos latinos para seus romances chineses, o bambolear de seus personagens logo me inspirou a fazer uso dos mesmos elementos", comenta o cineasta. 

A leitura cinematográfica dos poemas de Matheus Jacob é, nas palavras do poeta, “um modo de unir forças e de ligar áreas das artes que não necessariamente se encontrariam”. Com este trabalho, as pessoas tem acesso aos poemas de Jacob e ao trabalho de Thales, e a arte se torna cada vez mais conhecida.




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