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Confira duas resenhas sobre o blockbuster "Interestrelar" de Christopher Nolan

12 Nov 2014 - 17:35

Da Redação - Stéfanie Medeiros e Jardel P. Arruda

Foto: Reprodução

Confira duas resenhas sobre o blockbuster
Os repórteres do Olhar Direto, Stéfanie Medeiros e Jardel P. Arruda farão semanalmente uma crítica e contra-crítica de um filme, mostrando diferentes pontos de vista sobre a mesma obra. Nesta semana, eles assistiram "Interestrelar". O filme, que está em exibição nos três cinemas da capital, gerou diversas discussões e opiniões. Confira abaixo duas resenhas sobre o longa-metragem de Christopher Nolan:

Interestellar: Uma pirâmide cheia de rachaduras (por Jardel P. Arruda)


Passado o momento de êxtase por ter visto uma obra grandiosa, os pontos negativos de Interestellar, filme dirigido pelo famigerado Christopher Nolan, aumentam a minha frente. É como se pudesse ver as falhas de uma pirâmide: Uma obra com várias rachaduras, mas que continua sendo um monumento.

Interestellar me pareceu uma grande homenagem a 2001: Uma Odisséia no Espaço, mas muito diferente ao mesmo tempo. No filme de Nolan, os robôs ajudantes (os melhores personagens) são referencias ao monólito, temos uma cena psicodélica assim como aquele final alucinante do filme de Stanley Kubrik, além de termos uma cena da acoplagem em rotação nas duas obras.



Contudo, enquanto 2001 é um filme que nos põe para pensar nas várias possibilidade de uma coisa acontecer, Interestellar nos dá todas as resposta. Nolan responde todas as questões apresentadas. Ele até mesmo se prolonga no roteiro – escrito pelo seu irmão -somente para poder explicar cada detalhe. Nada fica para a imaginação do espectador. A quem assistiu, cabe refletir sobre o universo pronto e acabado proposto pelo diretor.

Isso é arriscado quando falamos em ficção cientifica. Existem teorias diferentes para o que é mostrado. Ele escolhe uma como verdade absoluta e a segue, dando explicações sobre tudo. É verdade que as explicações seguiram a risca a lógica escolhida, mas Nolan não aposta na inteligência do espectador. Kubrik, ao contrário, disse em entrevistas que queria as pessoas assistindo o filme várias vezes para tentar entendê-lo. Aí está a grande diferença.

Enquanto kubrik fez um filme celebre, mas pensado em um público muito menor, Nolan levou ficção cientifica “purista” a um blockbuster, com direito ao “amor” ser um das grandes respostas para um dos principais questionamentos. Os fãs mais assíduos de ficção científica devem ficar um pouco decepcionados, mas quem não está acostumado com esse tipo de filme deverá ter noites mal dormidas pensando no quanto significam tão pouco para o universo e nas estranhas leis que regem esse mundo.



Recomendo o filme a todos. A quem não está acostumado com ficção científica e a quem é fã hardcore do gênero. Todos terão muito que discutir depois de assistir o filme, seja para falar dos acertos, seja para falar dos “erros”. E, mesmo que tenham havido muitos erros, terão de admitir o fato de terem assistido um filme grandioso, talvez o melhor dos anos recentes.

A ciência e a relações humanas em um blockbuster (por Stéfanie Medeiros)


Interestrelar tem todas as características de um blockbuster: Uma história interessante permeada de reflexões, ciência, relações humanas, um elenco forte, diretores e roteiristas talentoso e especulações sobre teorias ainda em discussão. Mas talvez o ponto mais forte do filme seja aliar a discussão científica com as relações humanas, com o que nós faz ser humanos e com o conceito de amor.

O filme começa em um mundo que alguns chamam de pós-apocalíptico, outros de pós-distópico e terceiros de “o fim do mundo”. Depois de eventos que devastaram a terra, as pessoas passam por uma situação onde tem que enfrentar a escassez de alimentos e a falta de recursos para manter a raça humana. Cooper (Matthew McConaughey), que costumava ser um piloto, agora é um fazendeiro, “como todos naquela época”. Pragas assolam as plantações, tornando ainda mais difícil de as pessoas alimentarem suas famílias.



A NASA havia sido fechada pelo governo. Mas através da descoberta de Murph (Mackenzie Foy), filha de Cooper, ambos descobrem que a NASA ainda existe e está com atividades à pleno vapor. Para evitar a extinção da raça humana, a organização quer mandar uma equipe explorar três planetas do outro lado do universo (eles chegam lá através de um buraco de minhoca - clique AQUI). Cooper então deixa seus filhos, sua fazenda e sua antiga vida para assumir a missão como piloto.

Há duas alternativas para esta missão: O plano A, que é transportar um grande número de pessoas que moram na terra para um novo planeta habitável; ou o Plano B, que seria começar uma colônia neste novo planeta com humanos gerados através de fertilização e gestação artificial.

Com duração de 2h50, o filme é uma verdadeira “Odisséia no espaço” (filme o qual homenageia indiretamente). Mas uma reflexão feita pela Doutra Brand (Anne Hathaway) me chamou atenção: Depois de descobrirem que o primeiro planeta não é adequado para começar uma colônia, a equipe tem que decidir entre visitar apenas mais um dos planetas. Drand quer visitar um deles principalmente por ser onde a pessoa que ela ama possa estar. E neste trecho, ela argumenta que o amor talvez seja mais do que somente um sentimento, mas sim algo que ainda não compreendemos completamente, que nos guia e nos faz humanos.



E ao longo do filme, vemos que nada do que acontece é por acaso. O tempo é tratado conforme a teoria da relatividade e de forma linear. Uma ação no passado pode mudar o que acontece no futuro. E não há futuro sem a determinado ato no passado. É uma linha quase perfeita de acontecimentos.

Neste cenário, Cooper é guiado pelo desejo de salvar sua família e tanto ele, quanto Murph guiam um ao outro para o desfecho do filme. Muito mais do que especulação do que acontece quando atravessamos um buraco negro, do que são seres de cinco dimensões, como surgem os buracos de minhoca e o que são singularidades, o filme é guiado pelo sentimento humano.

O desfecho é redondo, embora pessoas que entendam melhor de física possam encontrar várias pontas soltas na história. Mas uma coisa não passa despercebida: A conexão entre Cooper e sua filha Murph e como este sentimento entre os dois os conduziu para todos os lugares certos, coincidência ou não.

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