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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Vampire Weekend lança 'Modern Vampires of the City'

É fácil detestar o Vampire Weekend. Desde que virou darling de crítica, em 2008, e popular entre as massas, em 2010, o grupo de bons garotos do Upper West Side nova-iorquino é porta-voz de um nicho indie que exalta a inocência. Propositalmente ou não, a música tornou-se representante de um ideal de juventude comercializado ad nauseam por empresas de publicidade, que vale-se do petit, do fofo, para chegar ao coração do público alvo. É claro que isto não é culpa da banda, que como um Phoenix, ou um Passion Pit, trabalha com competência e atende seu eleitorado generosamente em Modern Vampires of the City, novo disco lançado este mês e disponível no iTunes, por US$9,99. Mas o fato é que este tipo de pseudo nostalgia cheira a farsa - como tudo que um dia já foi verdadeiro e hoje é cooptado pela indústria- e parece desdenhar do conceito de pureza almejado pela música: memória, saudade, inocência são chaves para um mundo extremamente rico, que vai muito além do que propõe esta simplória estirpe de indie pop. Portanto, é fácil, quase automático, desdenhar do saudosismo pré-adolescente evocado pela voz meio esgoelada de Ezra Koenig e pelos arranjos ensolarados de Rostam Batmanglij.

Mas olhando pela ótica específica deste tipo de nicho, Modern Vampires of the City não é um disco ruim. Há um bom conteúdo de melodias graciosas e arranjos bem bolados, que inserem referências de música erudita num contexto de indie rock. Algumas faixas, como Obvious Bycicle e Unbelievers tiram o grupo do armário alternativo e abraçam o rock mainstream com sinceridade, uma trajetória natural que só não cairia bem se a banda insistisse em um status cult.

Mas isto também não quer dizer que é um bom disco. Modern Vampires of the City requer uma certa predisposição. A postura juvenil, tranquilamente encenada no homônimo disco de estreia (2008), e em Contra (2010), parece estratégica em faixas como Step e Ya Hey, que têm melodias açucaradas mas não convencem o ouvido crítico a cantar junto como se tivesse 13 anos.

Quando é menos hiperglicêmico, o grupo acerta. A faixa Hudson, com harmonias orquestrais, voz mais grave e fundo eletrônico tira o disco do oba oba e paira como folha seca para anunciar a última música. É quase um alívio ouvir um acorde menor em um disco do Vampire Weekend.

Na faixa em questão, é prova de que a musicalidade do grupo sustenta também um lirismo maduro, soturno, que faz falta em discos de bandas do mesmo porte do Vampire Weekend.
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