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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Resenha: '50 tons de cinza' perde a graça ao mostrar sexo comportado

 


Christian Grey se decepcionaria com o filme "Cinquenta tons de cinza", da diretora Sam Taylor-Johnson ("O garoto de Liverpool"). O personagem que "não curte romance" ganhou uma versão pudica, interpretada por Jamie Dornan (da série "The Fall") no longa que estreia nesta quinta-feira (12). 

Baseado no primeiro volume da trilogia erótica de E. L. James, que já vendeu mais de 100 milhões de cópias em todo o mundo, "Cinquenta tons de cinza" retrata o relacionamento do jovem milionário Christian Grey com a estudante Anastasia Steele.

A atriz Dakota Johnson, em seu primeiro grande papel, é tão convincente como a virgem Ana que chega a ser irritante. Ela fala sussurrando, tem os olhos aguados e postura fragilizada. Até aí tudo bem, já que a personagem é a "submissa" do livro. A falha do filme está no Sr. Grey. Cadê o "dominador" da história? Taylor-Johnson e a roteirista Kelly Marcel ("Walt nos bastidores de Mary Poppins") certamente não encontraram o tom do sadomasoquismo da obra de E. L. James.

Sexo comportado

Toda a graça se perde na adaptação. A "pornografia para mulheres", como o livro foi definido no lançamento em 2011, se transforma em sexo comportado. Mais da metade das cenas de sexo foram cortadas, como as de Anastasia fazendo sexo oral em Christian, e as que ficaram têm poucos minutos de duração.

Nem Dakota nem Jamie Dornan têm seus órgãos sexuais visíveis no filme. O personagem dele, em particular, parece fazer um monte de jogos na sua sala secreta sem tirar a calça, o que parece desconfortável. Algumas situações chegam a ser engraçadas de tão fofinho que ficou o erotismo. Para quem já viu "Ninfomaníaca", do diretor Lars von Trier, por exemplo, a palmada que Christian dá em Ana nem dói.

Até a linguagem dos personagens é diferente da do livro. O texto em que Christian diz "realmente gostaria de comer seu c..., Anastasia" foi substituído para "não quero a introdução da sua mão no meu ânus, Grey". Os diálogos sem frescura e bem diretos, que chamaram a atenção em um livro por mulher para mulheres, somem. Raramente os personagens soltam palavrões. Ficou certinho demais. É tudo tão cronometrado que a pegação parece mais insossa que beijo técnico de filme teen da Disney.

O pouco romantismo do livro ganha destaque no filme. Uma cena em que o casal sobrevoa Seattle no helicóptero dele, ao som de "Love me like you do", de Ellie Goulding, é tão açucarada quanto qualquer comédia romântica. Resta aos fãs de E. L. James protestarem para que "Cinquenta tons mais escuros" e "Cinquenta tons de liberdade", os outros dois filmes da trilogia já confirmados pela Universal Pictures, recuperem a pornografia perdida.
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