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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Inteligência artificial cria emaranhado de palavras sem vida; a alma transforma em poesia

Foto: Google

Inteligência artificial cria emaranhado de palavras sem vida; a alma transforma em poesia
Viva como
Viva como se fosse morrer
Vida como se fosse
Viva como as flores
Viva como
Vida como se
Viva como poucos
Vida como um cachorro
Vida como um cão
Viva como você quer viver

Nenhuma lágrima foi derramada para fazer a poesia escrita acima. Ninguém sofreu. Nenhuma memória viva foi acionada. Nenhuma licença poética foi pensada. Nenhum labor. Preocupação estética zero. Sentimento nulo. Na verdade, o que parece poesia é apenas um emaranhado de palavras organizadas por uma inteligência artificial. Talvez até seja poesia, mas isso só depende do leitor.

A combinação de palavras acima é fruto de um raciocínio lógico elaborado pelo robô mais utilizado na atualidade, o Googlebot, mecanismo que “varre” a rede e cataloga tudo no banco de dados do Google, o que permite ao internauta encontrar páginas relacionadas às palavras buscadas.

Além de trazer respostas imediatas, o Google oferece uma gama de buscas semelhantes ao termo pesquisado. Palavras chaves, continuações de frases, termos parecidos. Um em baixo do outro, postos como poesia, pouco maiores que haicais.

Difícil saber quem viu pela primeira vez uma coesão estética entre os termos relacionados e enxergou algo mais que um simples facilitador de buscas. Fato é que já existem comunidades virtuais para troca da poesia artificial. O Tumblr Poesia do Google é um deles. A página é colaborativa e tem conteúdo em português, inglês, italiano, finlandês, holandês, bósnio, sueco, alemão, letão, dinamarquês e sérvio.

Mas o produto “literário” acidental da execução de um programa algorítmico tem algum valor artístico? A construção (con)textual se faz na cabeça do leitor, que ao mesmo tempo é o autor da busca e é quem acaba encontrando sentido na combinação apresentada pelo Google, mas ainda assim o autor da combinação de palavras é um robô.

Não há subjetividade alguma na composição dos termos, só na leitura.

(...)

Mas nada é mais lindo que o sonho dos homens
Fazer um tapete voador
Sobre um tapete mágico eu vou cantando
Sempre um chão sob os pés, mas longe do chão
Maravilha sem medo eu vou onde e quando
Me conduz meu desejo e minha paixão

(...)

O trecho acima já não é do Google, mas de Caetano Veloso (Tapete Mágico). E se o internauta com a imaginação capaz de criar um tapete voador encontrar um poema em uma busca corriqueira durante o trabalho, está feito o oásis em meio ao tédio. “Sempre um chão sob os pés, mas longe do chão”. Ganhou o dia.

Mas de volta a pergunta. É arte ou não é? Ah, sei lá. Procura no Google, vai.

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