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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Paraguaio cria programa que acessa web por chat do Facebook

Acessar qualquer site da web usando o chat do Facebook. Esse é o objetivo do Facebook Tunnel, um software ainda em desenvolvimento criado pelo programador paraguaio Matías Insaurralde.

Com o Tunnel, internautas poderiam acessar qualquer site a partir de uma conexão limitada, ou seja, em que apenas o Facebook está liberado. O programa nasceu no final de 2013 e recentemente ganhou notoriedade depois de ser publicado no site Hackernews.

O Facebook Tunnel só funciona em sistemas baseados em Linux – ele usa um mecanismo próprio desse sistema – e exige que a pessoa com acesso restrito tenha alguém com liberdade de conexão.

Esse amigo então ativa o programa em modo "servidor", enquanto quem precisa do acesso usa o "modo cliente".

Quando o primeiro usuário restrito tentar acessar um site, o Facebook Tunnel codifica isso em uma mensagem enviada pelo chat. O amigo recebe a mensagem, envia os dados codificados para a internet "de verdade" e depois encaminha a resposta de volta pelo chat. Com isso, o acesso à internet fica completo, com o amigo e o chat servindo de "ponte".

Restrições
No entanto, o Facebook Tunnel ainda precisa ser ajustado para funcionar por conta de mudanças no processo de login do Facebook. Insaurralde acredita que esses ajustes serão possíveis, visto que o programa tem atraído atenção de programadores interessados em colaborar com o projeto.

O software também precisa implementar outras melhorias, como a inclusão de suporte a mais plataformas, como Mac e Android.

O programa necessita ainda de um mecanismo de segurança. Por enquanto, o amigo que fica de "ponte" no acesso poderá interceptar todos os dados da outra pessoa que não forem de acessos a sites seguros (com o "cadeado" no navegador).
Outra questão é o tráfego de dados. Se ele for muito alto, o Facebook pode aplicar limitadores que dificultam ou impedem o uso do aplicativo.

O G1 questionou o Facebook se o uso desse aplicativo viola os termos de serviço da rede social e se os usuários que podem ser punidos por usarem o aplicativo. Até a publicação desta reportagem, a rede social não se pronunciou sobre o assunto.

Motivação

Insaurralde é um crítico de projetos como o Internet.org, do Facebook, que patrocina internet grátis em diversos locais ao redor do mundo, mas restringe os acessos e permite que apenas certos sites possam ser abertos.

O programador diz acreditar que esse tipo de iniciativa viola o princípio da neutralidade da rede e que é preciso ter acesso irrestrito à internet. "Eu sou um autodidata. Quando comecei a programar computadores, dez anos atrás, o acesso irrestrito à internet foi o mais importante. O que eu podia achar em livros impressos era muito limitado", conta.

O argumento de Insaurralde é o mesmo das entidades brasileiras que criticam um acordo firmado entre a presidente Dilma Rousseff e o Facebook, no início de abril, com o objetivo de ampliar a inclusão digital. A parceria deve ser anunciada formalmente só em junho, mas organizações temem que esse acesso gratuito à rede não seja pleno e que a maioria dos sites fique inacessível.

Segundo o programador, a oferta de internet grátis no Paraguai existia por um acordo de uma operadora local com o Facebook. Esse acesso está migrando para um plano pago, mas que ainda é mais barato no caso de certos serviços, como Facebook e WhatsApp. Com o Facebook Tunnel, seria possível usar esse acesso mais barato para entrar em qualquer site.
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