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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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'Divã a 2' foi feito para discutir casais modernos, diz Rafael Infante

Foto: (Foto: Divulgação)

Rafael Infante faz par romântico com Vanessa Giácomo em 'Divã a 2'

Rafael Infante faz par romântico com Vanessa Giácomo em 'Divã a 2'

Marcos só dá valor a ex-mulher quando a vê com outro amor. O personagem de Rafael Infante no filme "Divã a 2", que estreou nesta quinta (14), é um produtor de eventos que mal consegue almoçar com sua esposa Eduarda (Vanessa Giácomo). Eles, então, fazem terapia e decidem se separar.

Trabalho, casamento, filhos. São essas questões do casal moderno que chamaram a atenção de Rafael. "Antes, separar tinha um preconceito esquisito de que uma mulher desquitada seria mal vista. Hoje em dia, graças a Deus, não tem mais isso", afirma ao G1.

Ele começou sua carreira de ator no grupo de improvisação Avacalhados, em 2005, e participou dos filmes "Podecrer!" (2007) e "Muita calma nessa hora 2" (2014), além das séries "Louco por elas", "Adorável Psicose" e "Divertics". Com propriedade para falar sobre o assunto, mas rejeitando a classificação "comediante", o ator afirma que o público brasileiro percebeu que quer um outro tipo de comédia. Leia a entrevista:

G1 – Sua família é de psicológos. Acharam irônico você estrelar 'Divã a 2'?

Rafael Infante – Meu pai era psiquiatra e minha mãe e minha irmã são psicólogas. Elas acharam interessante, mas o mais engraçado é que, ao longo da minha trajetória, em vários trabalhos esse assunto volta e meia aparece. Há pouco tempo fiz a peça 'Rain man', que não tem um divã, mas eu fazia o irmão de um cara com autismo, o que traz para esse mundo psicológico. Esse tema sempre está no pano de fundo dos trabalhos que eu faço.

G1 – Como surgiu o convite para o filme e o que mais interessou no seu personagem?

Rafael Infante – O diretor Paulo Fontenelle me chamou para fazer uma leitura do roteiro e conhecer todo mundo. O que mais me interessou foi a atualidade. Hoje, os casamentos ocorrem muito cedo e o homem e a mulher estão saindo de casa para trabalhar. O filme cria essa discussão. Como isso desgasta? Como isso pode ser modificado? Será que é assim mesmo? E questiona qual o lugar da família para o casal moderno.

G1 – O filme mostra que o casamento perdeu um pouco aquele lance sagrado e que tudo bem se separar.

Rafael Infante – Sim. Antes, separar tinha um preconceito esquisito de que uma mulher desquitada seria mal vista. Hoje em dia, graças a Deus, não tem mais nada disso. As pessoas ficam juntas se estão a fim mesmo de ficarem juntas. Agora sem dúvida tanto o homem quanto a mulher tem a carreira ocupando um lugar muito forte na vida. O importante é conseguir conciliar essa vida afetiva com o seu trabalho.

G1 – É raro ver filmes brasileiros sobre casais jovens em crise. Agora tem o 'Ponte aérea', da Julia Rezende. Acha que é mais fácil emplacar um romance se for comédia romântica?

Rafael Infante – Acho que o cinema nacional nesse momento emplaca bem comédias. Mas acho que, na verdade, independentemente de ser comédia ou não, emplaca quando o produto é bom. Um bom drama ou bom terror, que o Brasil também não produz muito, emplaca. A sensação que eu tenho é que gente precisa de mais roteiros nacionais.


G1 – Você começou sua carreira em um grupo de improvisação. Acha que o improviso é um recurso mais de ator que faz comédia?

Rafael Infante – Acaba sendo na prática, mas não deveria. O improviso é uma ferramenta que se usa para várias coisas porque traz uma inteligência, um ritmo cênico que é importante para qualquer coisa, seja uma palestra que você vai dar. É igual malhar o músculo. Eu acho uma grande escola. Agradeço muito ter começado dessa forma.

G1 – Você faz humor na internet desde 2010, com o Anões em chamas do Ian SBF. Quais foram as transformações?

Rafael Infante – O Porta dos Fundos falou com um público que estava necessitando de uma coisa que fosse mais direta, como a gente fala na vida mesmo. O olhar do humor já vem fazendo isso com o stand-up, situações do cotidiano. E é uma transformação que acontece não só na internet. As TVs estão mudando a partir disso também, percebendo que o público quer esse outro tipo de comédia, uma coisa mais realista. A comédia sempre foi muito forte no Brasil e estava começando a ficar antiga, com alguns formatos antigos.

G1 – Na TV, você esteve no Divertics. O que você destaca dessa experiência?

Rafael Infante – De positivo, o encontro com pessoas maravilhosas de trabalhar, que eu sempre fui fã também, tipo Leandro Hassum e Luis Fernando Guimarães. E trabalhar num veículo novo também porque era meio filmado ao vivo, com plateia. Então era televisão e teatro ao mesmo tempo. De negativo, primeiro porque foi um programa para cobrir o 'Esquenta' da Regina Casé, mas eu acho que, como eu já tinha uma imagem com o Porta, eu fiquei no meio do caminho de como o meu público me veria fazendo aquilo. Mas foi uma aventura superinteressante.


G1 – Na peça 'Rain man', você foi dirigido por José Wilker. Como foi estar em um dos últimos trabalhos dele?

Rafael Infante – Foi uma faculdade. Você dava uma frase de um jeito e ele: 'fala assim com uma pausa'. E o resultado você via na plateia, que mudava imediatamente. Ele tinha um conhecimento do jeito de falar do ator, de texto muito forte. Ele também pedia muita disciplina e estava sempre instigando. Ele sempre queria tirar o máximo de você.

G1 – O stand-up 'Infantaria' é assinado em parceria com a sua mulher. É uma forma de passar mais tempo com ela ou vocês realmente têm ideias em comum para projetos?

Rafael Infante – É um pouco dos dois. A gente se conheceu trabalhando em uma peça. Além da sintonia amorosa que a gente foi descobrindo, a gente já se admirava no trabalho. Quando a gente se casou isso ficou natural. Ela tem um olhar muito parecido com o meu e eu tenho o olhar muito parecido com o dela. Ela sabe escrever o jeito certinho de eu falar. Acaba que a gente passa mais tempo junto.

G1 – Além de 'Divã a 2', você atuou em 'Podecrer!' e 'Muita calma nessa hora 2'. Você não tem receio de ficar conhecido como um ator apenas de comédia?
Rafael Infante – Não. Acho que não dá para classificar assim como ator de comédia ou comediante. Porque a comédia expande para fazer tanta coisa. É muito rico o processo.
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