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Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024

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Elogiado por Dalí e Jorge Amado, Waldomiro de Deus fará novas telas com inspiração em Cuiabá

Foto: Danilo Bezerra/Olhar Direto

Elogiado por Dalí e Jorge Amado, Waldomiro de Deus fará novas telas com inspiração em Cuiabá
Imagine a cena: Uma galeria de arte em Paris com as paredes todas ocupadas com as obras de um pintor brasileiro. E o artista em questão, Waldomiro de Deus, está andando pelo espaço, cumprimentando os que vieram prestigia-lo. Enquanto isto, em outro ponto da cidade, um dos maiores pintores surrealistas da história mundial da arte chega em casa e encontra um bilhete. No pedaço de papel, Salvador Dalí lê: “Dalí, meu amigo brasileiro Waldomiro de Deus está com uma exposição muito bonita na galeria tal. Visite-a”. A nota é de uma amiga que Waldomiro e Dalí têm em comum.


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E na galeria, Waldomiro vê um homem entrar em silêncio, ver todos os seus quadros e, quando terminou, chegou até o brasileiro, o abraçou e agradeceu. As pessoas em volta falaram para Waldomiro: “Você sabe quem é esse? É Dalí!”. Mas na época, já há muitos anos, o artista plástico da Bahia não sabia quem era Dalí. Mas agora esta pequena e breve história é um marco na sua trajetória como artista internacionalmente reconhecido. Mas Waldomiro a conta como se fosse apenas um encontro com o vizinho no mercado na esquina de casa. Isto porque, diferente de muitos pintores, Waldomiro tem a humildade necessária para carregar consigo a grandeza de sua obra.

Na sexta-feira passada (22 de agosto), este mesmo artista estava sentado em uma mesinha montada na galeria da Peixaria Mirante das Águas, em Várzea Grande. Segurando um copo de suco de uva, Waldomiro contava das suas férias de uma semana em Cuiabá. O pintor está viajando de carro pelo país, escolhendo vários destinos para fazer novos mercados, contatos e obter inspiração.



Em Mato Grosso, Waldomiro visitou vários municípios do interior. Os caminhões que viajam pelas estradas do estado o impressionaram. São muitos caminhões, as estradas são ruins, são maquinários grandes e marcantes. O artista voltou para sua casa em Goiânia no sábado (23 de agosto), com as imagens que viu frescas na mente, prontas para virarem obras de arte.

Sete de suas pintoras, aliás, estavam expostas no Mirante das Águas. Três já haviam sido vendidas. Simpático, usando sua boina xadrez, bermuda, camisa pólo e sandálias, Waldomiro sentou-se com seu suco para conversar com a Reportagem do Olhar Conceito. Sua fala, apesar de extremamente humilde, é como um discurso apaixonado, não importando o assunto. Waldomiro vê a vida, as pessoas e as coisas de um jeito peculiar. E sua visão não passa despercebida pelos apreciadores de arte.


(William Gama, proprietário da galeria Mirante das Águas, e Waldomiro de Deus)

Sobre Waldomiro

Mas as coisas não começaram em uma galeria parisiense sendo abraçado por pintores universais. Na verdade, quando criança Waldomiro trabalhava como engraxate. Em resumo, era um menino de rua. Um polícia da região lhe ofereceu uma casa para morar, mas aos 16 ou 17 anos, o futuro artista mudou-se para São Paulo afim de buscar um emprego.

“Precisa-se de jardineiro”, dizia uma placa.

Como Waldomiro havia trabalhado na roça, candidatou-se para o trabalho e conseguiu o emprego como jardineiro. Na casa de seus novos empregadores, havia uma garagem com material de pintura. Waldomiro perguntou se poderia ficar com as cartolinas, pincéis e tintas. Depois de ganhar aquelas coisas, o jovem passava as noites em claro pintando. Nesta época, o artista era uma semente. Ele ainda não era o Waldomiro, mas apenas uma semente do que viria a ser. Os materiais o regavam e, com o tempo, o jovem pintor iria nascer e desabrochar.

Como o jovem passava a noite toda pintado, ele não aguentava e dormia na hora que tinha que trabalhar. Até que foi demitido por negligência. Waldomiro então enrolou as cartolinas, pegou o material que ainda tinha e saiu andando. Quando chegou a um viaduto, expôs os desenhos que tinha. No mesmo dia, vendeu dois e foi parar nos jornais. Depois, um decorador de luxo, chamado Terry Della Stuffa, foi quem deu a Waldomiro o material e local de trabalho necessários para o jovem profissionalizar-se.



Os anos foram passando e a biografia de Waldomiro ficando cada vez mais rica, cheia de detalhes, de histórias e exposições. O artista brasileiro esteve em vários países da Europa, em Israel e diversos estados brasileiros. Sobre ele, o escritor Jorge Amado disse em 1979:  “É realmente de Deus esse Waldomiro que reinventa a vida com a pureza de sua ingênua sabedoria. Um poeta do povo, um mágico. Jogral a misturar as cores como quem faz versos ou inventa um passo de dança, recriando a vida com amor, Waldomiro de Deus nos oferece com sua pintura o que de melhor existe: o gosto de viver, a fraternidade, a ternura”.

Ainda no final deste ano, a biografia autorizada do pintor, escrita por Enock Sacramento, deve ser publicada. Para saber um pouco mais sobre Waldomiro de Deus e suas obras, acesse o site oficial do pintor clicando AQUI.
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