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Cavernas, lagoa cristalina e cachoeiras escondidas: A Chapada que você não conhece

Da Redação - Isabela Mercuri

A apenas 64km de Cuiabá, a cidade de Chapada dos Guimarães é o ‘quintal’ dos cuiabanos. Conhecidos e visitados por grande parte da população, a Salgadeira (que continua fechada), o mirante e a Cachoeira da Martinha estão, quase todos os finais de semana, cheios de turistas. Mas o município guarda ‘paraísos’ ainda pouco conhecidos, como a trilha das cachoeiras dentro do Parque Nacional e o circuito de cavernas (29km para frente de Chapada, no sentido Campo Verde).
Para divulgar mais estes atrativos, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) organizou uma viagem e levou os jornalistas de Cuiabá e região para conhecê-los.

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A estratégia faz parte, também, do objetivo maior que é colocar Mato Grosso na rota dos grandes centros de turismo nacional e internacional, e promover o desenvolvimento econômico do Estado através desse seguimento. Também para isso, será realizada na capital a Feira Internacional de Turismo do Pantanal, nos próximos dias 20 a 24 de abril.

Circuito das Cachoeiras

O Parque Nacional de Chapada possui diversos atrativos turísticos. O mais famoso deles, a cachoeira Véu de Noiva, chega a receber, na alta temporada, duas mil pessoas por dia. Já os outros pontos, como o Vale do Rio Claro, o Morro de São Jerônimo, o Circuito de Cachoeiras e a Cidade de Pedra recebem, juntos, apenas 20% dos visitantes.

A necessidade da visita guiada e a trilha um pouco extensa pode ser a causa deste ‘esquecimento’. Para conhecer as cinco cachoeiras do circuito, por exemplo, é necessário andar cerca de sete quilômetros mata adentro. Cada pausa, no entanto, vale a pena.

O turista pode sair, à pé, da área do Véu de Noiva, ou ir de carro até a ‘boca’ da trilha, e deixar o carro no estacionamento do Parque – vale lembrar que nem a entrada do parque nem o estacionamento é cobrado. São cerca de 40 minutos de caminhada até chegar ao primeiro ponto de parada.

Depois, o percurso fica menor entre uma cachoeira e outra. Estão na lista a Cachoeira do Pulo, Cachoeira Degraus, Prainha e a Cachoeira das Andorinhas. Quem quiser, pode andar um pouco mais e alcançar a Cachoeira 7 de setembro e a Casa de Pedra.


Cachoeira das Andorinhas (Foto: Olhar Conceito)

A forma como se faz a trilha é decidida pelo turista junto ao guia. É possível parar para tomar banho em todos os pontos, ou passar direto por eles e ficar em um só. De acordo com a presidente do Parque, Cintia Brazão, a visita só é autorizada com guias e até as 17h por questão de segurança.

“Em relação a acidentes com cobras, animais peçonhentos no geral, o Parque não tem soro porque quem administra o uso de soro antiofídico é o pessoal da saúde. Mas a cidade de Chapada também não tem, então tem que levar para Cuiabá. Se necessário, os primeiros socorros são feitos pelo SAMU ou é feito resgate com helicóptero”, explica. Segundo a presidente, no entanto, nunca foi necessário fazer esse tipo de procedimento por causa de picadas.


Cintia Brazão (Foto: Olhar Conceito)

A visitação ao parque é feita das 9h até as 17h, e aos finais de semana os guias podem pegar as chaves a partir das 5h da manhã: “Explicamos sempre, que nós fechamos às 17h porque se acontecer alguma coisa à noite, no escuro, não é possível fazer resgate. E também porque é mais perigoso andar na mata sem luminosidade”.

Cintia conta que o Parque Nacional está em sexto lugar entre os parques nacionais do país, e é a ‘Chapada’ mais visitada dentre as quatro nacionais (dos Veadeiros, Diamantina, das Mesas). Só em 2015, foram 175 mil visitantes. Dentre eles, a maior parte é de turistas locais, realidade diferente, por exemplo, do turismo realizado no Pantanal.

Quem quiser agendar uma visita ao Circuito de Cachoeiras deve se cadastrar pelo Ecobooking e escolher uma agência de viagens / guia para acompanhá-los. Atualmente, Chapada possui 200 opções, entre guias e condutores. O preço varia, e existem profissionais que cobram a diária e outros que cobram por pessoa.

Fazenda Água Fria


Saindo da cidade de Chapada, trinta e cinco quilômetros sentido Campo Verde, encontra-se um atrativo ainda menos conhecido do que o circuito de cachoeiras. Ali, depois de virar à direita na Rodovia Emanuel Pinheiro – MT-251, e andar mais onze quilômetros de estrada de terra, chega-se à Fazenda Água Fria, onde está a maior caverna de arenito do Brasil, a ‘Aroe Jari’, ou ‘Morada das Almas’, a lagoa azul e a caverna Kiogo Brado.


Entrada da caverna Kiogo Brado (Foto: Olhar Conceito)

A fazenda é uma propriedade privada de Carlos Francisco Pereira, que desde 1992 luta para transformar o local em um grande atrativo turístico. Nestes quase trinta anos, no entanto, o proprietário encontrou diversas dificuldades e falta de apoio para criar o ‘plano de manejo’ e fazer seu sonho viável.

Hoje a situação é muito mais favorável do que há alguns anos. A fazenda já possui lanchonete, as trilhas foram todas construídas e Seu Carlos ainda comprou um trator que leva os turistas que não querem andar os seis quilômetros de ida e seis de volta para chegar aos atrativos.


Seu Carlos, proprietário da fazenda (Foto: Olhar Conceito)

O plano de manejo, no entanto, ainda não está concluído, e o dono da fazenda sonha com o dia em que vai construir uma pousada com chalés, sala para reuniões, piscina, campo de futebol e um restaurante maior. Assim, pode transformar o turismo em sua principal atividade, já que atualmente ele também trabalha com criação de gado.

Cavernas e Lagoa Azul

Depois de andar os seis quilômetros ou a pé ou no trator, os turistas chegam à trilha. Ali, vão andar mais três (obrigatoriamente) para encontrar as duas cavernas e a lagoa azul. A primeira delas, Kiogo Brado, tem 270m de extensão e pode ser atravessada por completo. Segundo o guia Leonardo Guarin de Paula, que trabalha na fazenda há seis anos, é preciso tomar cuidado para não pisar em pedras que estejam soltas.

A segunda parada é a Lagoa Azul. Entre os meses de abril a agosto, na parte da manhã, e em dias de sol, é possível ver a cor azul da água muitos metros antes de chegar até a lagoa. São seis metros de profundidade, e a cor da água se deve à composição de arenito junto às microalgas.


Lagoa Azul (Foto: Rafaela Zanol / GCom)

Apesar do apelo dos turistas, ali não é permitido tomar banho: “Pra preservação. Antes podia, aí o primeiro grupo que vinha via a água azulzinha, e tomava banho. O outro grupo, que vinha depois, já via a água toda suja”, conta Leonardo.
Depois desta parada, perfeita para tirar fotos, o grupo segue para a caverna Aroe Jari, a maior caverna de arenito do Brasil. O nome é indígena e significa ‘Morada das Almas’. No total, são 1500m de extensão.

Esta caverna não pode ser atravessada, porque parte dela é alagada e também porque não existe luminosidade. No entanto, o turista pode entrar 200 metros (de um lado), ou 700 metros (pelo outro lado, nos meses de outubro e novembro, época da seca. E só pela manhã). Depois de conhecer as cavernas e a lagoa, o turista pode ainda ir até a Cachoeira do Relógio tomar banho.

O preço para entrar nos atrativos da Fazenda Água Fria é de R$45 por pessoa. Quem preferir ir até a entrada da trilha de trator deve pagar mais R$20. Se a opção for de fazer apenas um trajeto (ou ida ou volta) de trator, o custo é de R$15. E não vale enganar o guia – na escolha do trajeto, cada turista ganha uma pulseirinha indicando se ele vai andar ou não.
Dependendo do ritmo do grupo, o passeio pode durar de 2h30 até 5h. Por isso, é indicado que se chegue cedo ao local.

“Nosso último horário é às 3 da tarde, e nesse horário a gente só libera para ir e voltar de trator. Para ir andando, o último horário de saída é ao meio dia”, explica o guia Leonardo. A fazenda ainda disponibiliza espaço para camping, onde é cobrado R$20 por barraca.

Nos dias de baixa temporada, os visitantes na Fazenda não chegam a dez pessoas. Nos finais de semana e feriados, pode chegar até 100 - número muito baixo quando comparado aos grandes atrativos Chapadenses.

Para saber mais informações sobre os atrativos da Fazenda, confira no Ecobooking. 
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