Não é a arquitetura, o povo ou qualquer coisa que logo impressionam quem chega a Cusco. A primeira impressão, na verdade – e que não é tão boa assim – é sobre o trânsito maluco e o aspecto ruim das regiões periféricas. Mas, logo passa, e no centro histórico da cidade, aos redores da Plaza de Armas, o charme local desarma qualquer um.
Depois de 1.800 quilômetros rodados em dois dias e meio, saindo de Ji-paraná (Rondônia), chegamos a Cusco remexidos com tantas curvas e bastante cansados por conta da altitude. Na estrada chegamos a quase 5 mil metros sobre o nível do mar, descendo a 3,4 mil, altitude local.
A indicação que lemos por toda parte é tentar descansar no primeiro dia, para evitar os males da altitude. Assim, saímos apenas para jantar, mas dar uma volta pela praça é algo inevitável. Muito organizada, movimentada, de jardins impecáveis e linda, muito linda.
Ao redor, uma arquitetura histórica de encher os olhos, com casarões e igrejas, inclusive a catedral da cidade, que ao
invés de altar todo em ouro, nos presenteia com construção belíssima em prata.
Em torno da praça existem muitos restaurantes, lojas e opções de hospedagem. Uma das ruas que desembocam na praça, a Plateros, é repleta de restaurantes, muito procurados pelos turistas.
Uma atração especial a ser contemplada: as pessoas, com suas características únicas e suas vestimentas típicas.
Hospedagem
As hospedagens são para todos os bolsos. Havíamos reservado o Hostal Inti Wasi, na Calle Del Medio, em um pequeno calçadão de acesso à Plaza de Armas. Localização incrível, instalações boas, café da manhã bom, atendimento cordial, a 55 dólares a diária de casal. Como ponto negativo, em dois momentos tive raiva do chuveiro que não estava esquentando bem (banho morno com um frio de poucos graus não dá!) e numa noite de sábado, com a praça lotada, o barulho nos perturbou um pouco. Mas, os pontos positivos compensaram a estadia.
Alimentação
Comer no Peru é uma tarefa que exige critério e sorte. Critério porque a noção de higiene dos peruanos é muito diferente da nossa, então, muita coisa nos parece suja e/ou inadequada. Sorte porque, mesmo escolhendo lugares que aparentam limpeza, é muito comum que turistas sejam surpreendidos com uma disenteria ou até uma infecção intestinal. Foi o meu caso, a segunda opção, que me rendeu um dia de hotel e uma cartela de antibióticos para tomar.
A indicação (que, ufa, seguimos) foi carregar na mala Floratil, para os casos de desarranjo intestinal. No meu caso, um farmacêutico, já bem habituado à situação, me “consultou” e medicou e, no dia seguinte, já estava bem.
No primeiro dia em Cusco (chegamos ao anoitecer morrendo de fome) fomos ao Ama Lur, na Calle Plateros. Péssima escolha. Nossas sopas de entrada estavam maravilhosas, mas os pratos principais – todos os quatro ordenamos truta grelhada – estavam inadequados. Três deles vieram com cabelo! É de perder a fome... Já na primeira refeição estávamos entendendo porque as pessoas haviam nos alertado sobre alimentação. Então, replicamos o alerta.
Apesar dessas pequenas infelicidades, também tivemos muito prazer em refeições deliciosas. Foi o caso do Café Bagdá, Limo Cocina Peruana & Pisco Bar e Cicciolina, os dois primeiros em frente à praça e o terceiro, o que mais me agradou de todos, em uma rua que termina nela.
Sobre as comidas típicas e os sabores deliciosos do Peru, merecem um texto à parte, que será publicado em breve!
Compras
Impossível não sair comprando tantos artesanatos típicos e lindos em Cusco: mantas, roupas de frio, cerâmicas, joias em prata e pedras locais (uma das especialidades do Peru), objetos de decoração, os famosos espelhos peruanos e outros.
A dica é não comprar nada nas lojinhas em torno da praça, pois é tudo muito mais caro. Alguns quarteirões fora da praça, você encontra as mesmas coisas a preço muito menores. No Mercado San Pedro, por exemplo, há desde artesanato a verduras, carnes e outros. Se você suportar o cheiro dessa mistura, vale a pena comprar itens ali.
Cheguei a encontrar produtos que custavam menos que a metade de um igual vendido em frente à praça. Se o ambiente não agradar, há galerias e feirinhas bem próximas. E pechinche, os vendedores jogam os preços lá em cima para os turistas e, se você pede desconto, eles dão mesmo.
Também visitamos o bairro de San Blás, reduto de artistas e boêmios. Muita arte e artesanatos lindos, mas mais caros ainda que pertinho da Plaza de Armas.
Passeios
Para o entorno de Cusco, compramos um passeio de uma tarde por 30 soles (algo em torno de 24 reais) com traslado e guia. Passamos pelas atrações de Qorikancha (antiga construção Inca dentro da cidade), Saqsaywanan (foi construído para ser reservatório de água da cidade), Puka Pukara (forte e depósito de alimentos), Q’enqo (caverna “cemitério”) e Tambomachay (onde existe a “fonte da fertilidade”). Valeu a pena. O ingresso para os parques arqueológicos podem ser comprados individualmente na entrada de cada um, ou o turista pode comprar um passaporte que dá acesso a diversas atrações. Compensa muito, custa 130 soles e pode ser encontrado perto da Plaza, na Calle Del Sol, na “Municipalidad de Cusco”.
História
Cusco tem hoje pouco mais de 300 mil habitantes e sua data de fundação carece de fontes seguras. Há indícios que o local já fosse habitado há 3 mil anos. A cidade foi o mais importante centro administrativo e cultural do Império Inca.
Cusco está a 3,4 mil metros de altitude e seu nome significa "umbigo", no idioma quíchua. Em 1983 a cidade, especialmente seu centro histórico, foi declarada como "Patrimônio Cultural da Humanidade" pela Unesco.
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Fotos: Thalita Araújo