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Escritores recebem o prêmio de literatura e governador firma compromisso pelo fim do analfabetismo

Da Redação - Isabela Mercuri

O Salão Nobre Clóvis Vettorato estava em festa na noite da última terça-feira (14), com a cerimônia de premiação do Prêmio Mato Grosso de Literatura, inédito no estado. Na mesma ocasião, foi lançado pela Secretaria de Estado de Cultura o Prêmio 2016 e assinado pelo governador o ano de 2016 como o ano Manoel de Barros.

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Nove escritores, sendo cinco do interior do estado, foram premiados e tiveram seus livros publicados. Stéfanie Medeiros, a mais jovem, lançou com este prêmio sua primeira publicação de prosa, “O último verso”, e já planeja inscrever outra obra no Prêmio 2016. “Será um livro de poesia sobre as mulheres, de poemas que escrevo desde 2014. (...) A publicação deste livro me impulsionou a continuar, porque eu percebi que se eu tiver disciplina, consigo escrever e publicar minhas obras”, disse.


A premiada mais nova, Stéfanie Medeiros, entre o Secretário Leandro Carvalho e o Governador Pedro Taques (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

Marilza Ribeiro, 82, foi a premiada mais velha, e discursou no final da cerimônia: “A poesia me torna um pássaro. A poesia é um pássaro dentro de mim. Porque a poesia me faz voar, conhecer o mundo de cima, e também como aquele pássaro que tem um olhar agudo sobre a realidade, a terra, a floresta”, afirmou.

Em sua fala, exaltou também a temática de seu livro premiado “Balaio Amarelo”, que reúne 107 poemas da época em que esteve envolvida com a biodança e a análise junguiana, lembrando que sua voz feminina na literatura é importante por contrastar a realidade em que as mulheres tiveram que estar, por muito tempo, caladas, apenas ‘tagarelando’.


A escritora Marilza Ribeiro (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

Outro premiado que exaltou a importância do edital foi o ator Ivan Belém, autor de “Liu Arruda: A travessia de um bufão”.
Segundo Ivan, o texto começou a ser feito em 2012, e foi sua tese de doutorado. “Na verdade eu não tive essa ideia. Quem me influenciou foi minha orientadora. (...) Há quem diga que por eu ter sido parte do grupo Gambiarra de teatro eu não poderia escrevê-la, que não seria imparcial. Mas não é pra ser imparcial. Eu adotei métodos de pesquisa que me permitiam participar do tema”, afirmou.

Ivan lembrou, ainda, que por ser uma tese de doutorado, o livro estaria extremamente distante da sociedade, não fosse o prêmio: “Acho de extrema importância, pois sabemos que as produções acadêmicas se distanciam muito do público. É uma forma de aproximar”.

Fazer esta ponte entre o leitor e o livro é, exatamente, o objetivo do Prêmio. O Secretário de Estado de Cultura, Leandro Carvalho, lembrou o imenso abismo que existe no número de leitores brasileiros, citando a pesquisa “Retratos da Literatura no Brasil”, publicada há cerca de um mês, que mostrou que 44% da população brasileira não lê, e 30% nunca comprou um livro. Regionalizando, o governador Pedro Taques relembrou os 150 mil mato-grossenses que ainda são analfabetos.


Governador Pedro Taques (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

“É conhecida a frase do médico, escritor Moacir Scliar, que diz que a leitura no Brasil deveria ser tratada como uma questão de saúde pública. É verdade. Para a saúde social de nosso país é fundamental melhorar a circulação de bens culturais, em especial do livro e da literatura nas escolas, nas praças, nas bancas de revistas, nos mercados, nos pontos de cultura, nos bares, cafés, açougues, porque não? E onde for possível”, afirmou Leandro.

Taques, por fim, chamou a população para, junto ao Governo, firmar o compromisso de erradicar o analfabetismo. “Eu tenho vergonha disso. Não que nós tenhamos a soberba de dizer que o saber seja mais importante que a sabedoria. O saber é formal, a sabedoria independe de você saber ler ou escrever. (...) Eu estou propondo aos senhores e às senhoras que aqui se encontram um pacto contra isso. Pra que nós possamos juntos. Aqueles que sabem ler, aqueles que podem ensinar, junto com a Secretaria de Cultura, junto com a Secretaria de educação. Mas isso é pouco. Junto com aqueles que escrevem, com a Academia Mato-Grossense de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico, possamos tirar essas pessoas da escuridão do analfabetismo”.

O governador ainda relembrou a importância da cultura: “Um estado não se constrói apenas com obras que sejam físicas. Um estado se constrói com a concretização de sonhos. O que nós estamos fazendo aqui é concretizando sonhos de pessoas”.

A presidente licenciada da Academia Mato-Grossense de Letras, Marília Beatriz, também estava presente, e afirmou que a partir de agora os premiados tem a obrigação de escrever cada vez mais e cada vez melhor. “Este prêmio, além de incitar a publicação destes autores, influencia outros que vão se inscrever nos próximos", afirma. A professora também elogicou a ação da editora, que há alguns anos publica obras de autores mato-grossenses.


Marília Beatriz, presidente licensiada da AML (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

Também estiveram presentes no evento o presidente em exercício da Academia Mato-Grossense de Letras, José Cidalino Carrara, e o neto do escritor Graciliano Ramos, Ricardo Ramos, que fizeram parte da comissão julgadora do Prêmio MT de literatura 2015.
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