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Sobrevivente do terremoto, rapper haitiano investe na carreira em Cuiabá

Da Redação - Isabela Mercuri

Esdras Altidor, mais conhecido como Asid Adult-Man, 25, saiu do Haiti enquanto tentava se formar na faculdade de ciências econômicas, em 2012. Sua família passou pelo terremoto de 2010, e não tinha mais condições de bancar seus estudos. Asid foi para Santiago, capital do Chile, onde vivia seu pai, e um ano depois mudou-se para o Brasil, onde tenta ganhar a vida e realizar seu sonho de fazer sucesso com o rap. Atualmente, rima junto com o parceiro G bay, também haitiano, e com quem forma o grupo ‘Star Magic 509’.

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Morando em Cuiabá, para onde veio encontrar a irmã, Asid tentou por várias vezes formar-se no ensino superior, mas os horários sempre conflitavam com seu trabalho, de garçom, e a necessidade de pagar as contas falava mais alto. Começou psicologia na Universidade de Cuiabá (Unic), Engenharia Civil na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e também na Unic. Conseguiu fazer um curso de eletricista e um de auxiliar administrativo no Senai. Do rap, no entanto, nunca se separou.

“Eu gosto de ser um artista, isso faz minha pessoa, aquela pessoa que eu quero ser”, contou o rapper em entrevista ao Olhar Conceito. Asid começou a cantar ainda adolescente, na escola, quando ouvia seus ídolos haitianos e também nomes como Jason Derulo e Fifty Cent.

De família evangélica, até mesmo na igreja ele já rimou. “Tem umas ideias que eu quero passar, e eu faço isso só pela música. O rap é um porta-voz. Quando você quer chegar num lugar que você não pode, sua voz vai e faz o trabalho pra você”.

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Star Magic 509

Já em Cuiabá, Asid uniu-se a G bay e lançou, há cerca de um ano, sua primeira música oficial, ‘Revolution’, que fala sobre a revolução do povo negro. Segundo ele, suas músicas são escritas e rimadas em várias línguas, como português, francês, inglês, espanhol e criolo, que é sua língua nativa.

“Às vezes as pessoas perguntam: ‘Asid, porque você não canta só em criolo?’ Sim, eu tenho um público que fala criolo, sou haitiano e falo criolo, mas eu estou morando no Brasil, e o povo fala português. Às vezes a pessoa gosta de um ritmo, de uma música que não sabe o que quer dizer, mas, também, às vezes, quer ouvir alguma coisa e saber o que você está falando, o que você está sentindo. Eu sou um artista polivalente. Eu misturo as coisas, trabalho pra vários públicos diferentes. Cada um tem que se ver dentro daquilo que eu faço. Cada um tem que se sentir dentro daquela vibe que eu estou fazendo”, explica.

Ele também mistura os ritmos, como rap, trap e funk carioca. Todas as músicas são de sua autoria. “São coisas do meu dia a dia, eu escrevo todo dia. Às vezes penso em algo no serviço, e já escrevo pra não esquecer. Tudo o que eu escrevo é o que aparece no meu dia a dia, e também penso no público, me coloco no lugar dele: o que o público gosta? Estou misturando um pouco de rap, trap, funk brasileiro, pra todo mundo participar daquilo que eu faço”.

A Star Magic 509 já tem algumas músicas gravadas, e sua própria produtora, a ‘Dream production HT’. Em breve, será lançada um novo single, ‘dinheiro’, com beats do beatmaker Jatobá Beatz – o mesmo que trabalhou no último álbum do Projota.

Para o futuro, a dupla pretende gravar um álbum, mas não sem antes conquistar seu público. “Quando a gente precisa, a gente corre atrás. Quem tem um sonho, não pode ficar parado. Se a gente está onde está hoje, é porque lutamos muito pra isso”, afirma. “Qualquer artista quer ter seu álbum, mas a gente está numa fase de abrir mais, pra mais gente conhecer; investir mais em nossa carreira, pra mais gente conhecer o Asid, mais gente conhecer o G bay, o Star Magic 509; essa é a ideia, pra não focar só em Cuiabá”, finaliza Asid.

Serviço

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