A Faculdade Intercultural Indígena (Faindi) da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), pioneira e referência na América Latina na condução intercultural de uma proposta pedagógica de ensino diferenciado e de valorização étnica, será tema de uma reportagem do programa da TV Globo ‘Como Será’, no próximo sábado (13). A matéria faz parte da série ‘Brasil em outras línguas’, que mostra iniciativas de preservação das línguas indígenas e chama a atenção ao risco de extinção que muitas línguas sofrem, assim como povos, culturas e as riquezas por trás delas.
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A série começou no último sábado (6), e o episódio da Faindi já foi gravado. A repórter Mariane Salerno e sua equipe participaram das atividades da etapa intermediária da faculdade, também chamada de ‘tempo aldeia’, realizada na Aldeia Rio Verde em Tangará da Serra-MT. A equipe também participou da oficina de "Projeto Aspectos fonológicos da língua Nambikwara: subgrupos Mamaindê, Negarotê, Kithaulu, Wakalitesu, Sawantesu, Alantesu, Hahaintesu e Wasusu", realizada na Aldeia Barracão Queimado, em Comodoro-MT.
Mônica Cidele da Cruz e Wellington Pedrosa Quintino, professores da Faindi, explicam que as oficinas são realizas junto às comunidades Nambikwara do Vale e do Cerrado de Comodoro para estudar as línguas desses subgrupos, com o objetivo de formar linguistas dessa etnia.
A Faindi já formou 450 professores e especializou 140 deles. Este ano, a Faculdade aprovou a oferta mestrado profissional em Ensino em Contexto Indígena Intercultural, voltado especificamente para os povos indígenas.
Os cursos de graduação ofertados pela Faindi são exclusivos para a formação de acadêmicos indígenas, obedecem a uma metodologia diferenciada e são desenvolvidos em duas etapas: presencial e intermediária, esta também chamada de "tempo aldeia".
Durante esse período, os estudantes realizam pesquisas, que podem estar associadas à investigação do trabalho de conclusão de curso (TCC) ou a componentes curriculares ofertados na etapa presencial, e ainda desenvolvem atividades de estágio. Todos são orientados por professores da Unemat.
Em 2019 é comemorado o ‘Ano Internacional das Línguas Indígenas’ por membros e parceiros da agência das Nações Unidas (ONU), para alertar que grande parte dessas línguas faladas por povos indígenas estão desaparecendo em um ritmo alarmante. Sem medidas apropriadas para tratar esse problema, a contínua perda de línguas e de suas histórias, tradições e memórias reduzirão consideravelmente a riqueza da diversidade linguística no mundo.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), para os povos indígenas, as línguas não apenas identificam sua origem ou participação em uma comunidade, mas também carregam os valores éticos de seus ancestrais e os sistemas de conhecimento indígena que tornam, cada um deles, uma unidade com a terra e são cruciais para sua sobrevivência e para as esperanças e aspirações de sua juventude.