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Notícias / Artes Cênicas

Cuiabana que começou na música aos 14 hoje canta, dança, atua, desenha e fotografa

da Redação - Isabela Mercuri

Artes plásticas, cênicas, fotografia, música, literatura. Todas as vertentes dominadas pela cuiabana Ariana Alves Oliveira Roberto, 32, dão significado à sua vida, mas, hoje, têm que se espremer entre as poucas horas de folga de quando não está trabalhando no serviço público. Ela, que já teve quatro bandas, hoje se esforça para continuar se expressando da forma que mais ama.

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“Pra mim a arte é catarse”, define. “É uma forma de [mostrar] todas as leituras que eu faço do mundo, negativas ou positivas, [que] às vezes eu não consigo expressar em palavras. A arte consegue catalisar isso, e eu consigo liberar de alguma forma. Porque a gente vive num mundo pesado. As notícias nem sempre são arco-íris, e é uma forma de lidar não só com as coisas do mundo, mas com as minhas questões pessoais também”.

Ari Room, como é conhecida, teve seu primeiro contato com a arte pintando e desenhando, e aos nove conheceu a música, através de fita VHS gravada por uma amiga de sua irmã mais velha, com músicas de Guns N’ Roses, Aerosmith, Skid row e Nirvana. "A fita até rasgou de tanto assistir e a cada nova fita mais meu interesse por música, especialmente Rock, aumentava", conta. 

Aos 17, já tinha sua primeira bandinha de rock, a ‘MistyMind’. “A segunda banda foi ‘Incrise’, e com essa já participei das prévias do Kalango e do Grito Rock, ela já foi mais conhecida, mas durou só dois anos, quando eu tinha em torno de 20 até os 22”, lembra.

Neste meio tempo, Ariana decidiu estudar publicidade e propaganda na Universidade Federal de Mato Grosso. “Quando eu vi o leque de possibilidades aqui, o que eu achei um pouco mais voltado para a arte foi a publicidade, e me interessou”, conta. Como publicitária, acreditava que poderia enveredar para a fotografia e a atuação.

Formada, ela até chegou a atuar em algumas agências, enquanto fazia covers em barzinhos da cidade. No entanto, precisou fazer um concurso público para buscar estabilidade.  Formou outras duas bandas, uma aos 25 anos, chamada ‘Sub Machine’ e a última,’Mantrare’, que encerrou as atividades há dois anos.

“Quando a banda encerrou as atividades eu voltei às minhas raízes de arte. E em paralelo a isso eu sempre escrevi. E voltei a desenhar. Foi até engraçado, porque em casa eu não tinha nem material, tinha uma caixa velha de lápis de cor e comecei, voltei a me interessar mais e desenvolver outras técnicas”, conta a artista.

Ari usa seu Instagram como portfólio, onde publica suas fotos e telas, feitas com diferentes técnicas, mas voltadas principalmente para abstração e muita cor. “Gosto muito de misturar técnicas, como colagem, estêncil...”. Com estas obras, já expôs na Feira do Vinil, no Sesc Geek, Master Nerd, e no Cerrado Fuzz, em Rondonópolis.

Recentemente, também atuou em um clipe do cantor Gabriel Bong, por meio de quem conheceu Rau Lizzard – com quem gravou a música ‘Charm’, que será lançada no próximo dia 8 de novembro. “A gente se conheceu, foi uma identificação imediata. Ele mostrou a track dele, e eu achei bacana e já coloquei a letra em cima... ele já tinha a letra, mas eu acrescentei e criei a melodia de voz em cima”, lembra. “Foi uma experiência nova para mim, porque eu sempre cantei rock, e um pouquinho de MPB e blues, e dessa vez fui para a música eletrônica, que é outro universo. E foi bem bacana poder conhecer outro mundo”.

De todas as vertentes em que atua, Ari conta que é mais apaixonada pela fotografia, pelo fato de chegar a mais pessoas e conseguir se expressar de forma mais rápida. Sobre o cenário artístico em Cuiabá, ela tem uma visão otimista. “Eu acho que a cultura, hoje, está sofrendo um retrocesso. Hoje, iniciando como artista, eu não tenho condições de viver com arte, mas as pessoas que vivem, como o Gabriel, o Dan Morel, eu vejo que se esforçam muito, estão sempre na correria, e conseguem viver da música. Eu acho que é um cenário que tem muitos artistas talentosos, que é um campo que pode ainda ser muito explorado, mas não sei se hoje é um campo que está solidificado ainda. O bom de estar em varas áreas é que eu conheço muita gente e vejo o quanto Cuiabá é rico em arte e cultura, então temos que aproveitar melhor os espaços, e os investimentos públicos, quando tem”. 

Pessoalmente, acredita que o desenvolvimento pessoa ajudou seu eu artista "Além do machismo e racismo, que infelizmente é de lei para quem faz parte de minorias, tive que lidar com questões de auto-estima e depressão durante minha adolescência e 20 poucos anos", lembra. "Uma fase que me marcou e me transformou enormemente foi o processo de transição capilar, em que parei de alisar o cabelo, permitindo sua textura natural. Mas foi muito além do cabelo! Pude conhecer mais a cultura negra e, assim como reconstruí meu cabelo e minha imagem, reconstruir minha identidade abriu um universo totalmente novo para mim, ao qual sou grata. E a artes e música foram instrumentos para eu conseguir traduzir tudo aquilo que me acontecia, todos os sentimentos que me assombravam, uma forma de integrar os acontecimentos e liberar essas memórias para algo melhor do que alimentar traumas", finaliza. 

Arte por Ari Room

Serviço

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No próximo dia 1 de dezembro, ela também se apresenta junto à Companhia de Dança da professorae coreógrafa Najmah Al Nureen, com o
espetáculo KASHMIR, que músicas da banda Led zeppelin com dança do ventre. 
Data: 01/12/2019
Horário: 20h
Local:Cine Teatro Cuiabá 
Ingressos a venda com Ari pelo (65) 99911-5608
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