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Conheça "Crochê Cuiabano", empreendimento sustentável de artesã que entrelaça memórias em bordados

Da Redação - Pedro Coutinho Bertolini

Quando se viu em meio a crises de ansiedade durante o período de isolamento na pandemia, a historiadora e hoje empreendedora, Eliane Alini reencontrou no crochê uma forma terapêutica de minimizar esses problemas. Em meados de 2020, sua prima lhe influenciou a postar as produções no Instagram e, de forma orgânica, as pessoas foram se interessando pelo trabalho e uma clientela surgiu. Completamente apaixonada pelo que faz, atualmente ela entrelaça memoras entre os fios no comando da loja “Cochê Cuiabano”.

Com materiais sustentáveis, como o algodão 100% que é biodegradável, o conceito do negócio envolve sustentabilidade, memória, a valorização do fazer manual e, especialmente, a particularidade exclusiva no pedido de cada cliente. Para adquirir os produtos, basta acessar o perfil oficial para fazer encomendas. A loja também tem uma estação na Galeria Mandala e percorre a capital nas feirinhas de artesanato.

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“Hoje minha marca tem como objetivo levar para os meus clientes um crochê que conta História de um povo. Algo inovador, onde nem todos tem o domínio sobre a história do povo que aqui vive”, ressalta.

Bolsas, biquínis, objetos decorativos, sousplat, e a menina dos olhos do empreendimento, as “ecobags” fazem parte do rol de produtos feitos artesanalmente por Eliane.

Confeccionadas com barbante de algodão 100%, as ecobags são biodegradáveis e sustentáveis. Eliane tem a preocupação de que seus produtos carreguem um conceito, determinada história e memória.

Nesse sentido, tudo que ela produz envolve a particularidade de cada pedido de seus clientes, a sustentabilidade e valoriza a produção manual, o saber fazer artesão.

Os bordados de Crochê Cuiabano cabem perfeitamente para o cotidiano dos clientes como apetrechos de moda e estéticos. Mas, além disso, incentiva o uso consciente como, por exemplo, a utilização das bolsas ecológicas para fazer compras no mercado e evitar o desperdício de sacolas plásticas – que são agressivas ao meio ambiente.

Os biquinis, croppeds e peças de roupa que voltaram para o gosto do público após Jade Picon aparecer no BBB usando e abusando das costuras de crochê, também são sucesso para o negócio da historiadora.

“Foi um sucesso. Hoje também a mídia, que está ajudando bastante. Essa questão toda começou com o BBB e agora nas novelas também. A Pantanal é nova agora também tem uma personagem que faz muito uso das roupas que são de crochê, então as pessoas pedem e aí perguntam se eu consigo fazer”, contou.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação partilhada por Crochê Cuiabano I Eliane Alini (@crochecuiabano)



Não demorou muito, Eliane abraçou a proposta e entrelaçou novas confecções a partir da tendência que foi reacendida nas telinhas e chegou no cotidiano das pessoas.

Além da beleza estética, da produção sustentável, de um conceito que envolve a produção e das memórias que permeiam os produtos, os bordados em crochê ainda são atemporais (acompanham vários ciclos da moda sem cair em desuso) e são peças feitas exclusivamente para cada cliente.
 
 
Entre a História e o Bordado

O primeiro contato de Elaine com o crochê aconteceu quando ela ainda era adolescente, por meio de um projeto de assistência social de Várzea Grande. Incentivada pela avó, ela completou um curso de bordado, mas, logo depois, deixou adormecido o novo conhecimento que adquiriu.

Apaixonada por memórias, culturas, artesanato e os modos de fazer manuais, Elaine se formou em história pela UFMT e seu trabalho de conclusão de curso foi exatamente sobre a cultura de artesanato praticada às margens do Rio Cuiabá.

“Eu amo história, tanto que no meu instagram eu sempre puxo essa questão da cultura cuiabana, pontos turísticos, linguajar cuiabano, sempre jogo isso nos posts porque meu TCC foi sobre isso, o modo de fazer a viola de cocho, a cerâmica. Então isso é uma coisa que eu amo, eu vivo isso. Quem me conhece sabe o quanto eu amo nossa cultura”.

O tempo passou e a vida de Elaine tomou novos rumos. Ela se formou e começou a dar aulas. Sua rotina era completamente voltada para a escola, onde passava suas manhãs, tardes e noites.

Na pandemia, ela perdeu sua vaga docente na unidade escolar que lecionava e se viu diante de um novo desafio: ocupar o tempo livre que nunca tivera. Não foi tarefa fácil e logo começou a ter crises de ansiedade por conta das “horas vagas”.

Uma amiga lhe disse que também estava passando pelos memos problemas e que sua terapeuta havia indicado o crochê como uma forma de amenizar as crises.

“Ela me sugeriu que eu fizesse crochê, pois a terapeuta dela indiciou como tratamento para ansiedade”, contou. Eliane, então, foi na internet para ver se ainda levava jeito para o bordado e, “foi como andar de bicicleta”.

Diante das habilidades que já tinha desde o tempo de adolescente, somadas com a desenvoltura didática que adquiriu dentro de sala de aula, ela foi influenciada por uma prima a colocar as confecções no Instagram.

Não demorou muito, as encomendas começaram a surgir e, rapidamente, uma clientela foi cativada. “Assim começaram as primeiras encomendas e o crochê foi tomando cada vez mais espaço na minha vida”.

Hoje, Eliane dedica todo seu tempo para entrelaçar memórias através de suas linhas e bordados, fazendo o que ama.  Enquanto supre as demandas e encomendas, tem tempo de cuidar fazer tarefas e acompanhar o crescimento de sua filha, o que antes não era possível devido à rotina como professora.

E os impactos positivos que os bordados tiveram na vida dela sempre são ressaltados. Eliane faz questão de pontuar as mudanças que passou após entrar a fundo no empreendimento com as linhas.

“Conheci novas pessoas, lugares que admirava e não tive oportunidade de conhecer. Me tornei uma pessoa mais calma, centrada. Minha autoestima aumentou 100% e eu trabalho com o que amo”.

Agora, ela tem como meta continuar produzindo para a loja e, principalmente, levar adiante todo o conhecimento que adquiriu.

“Minha meta futura é continuar dando aulas, fazer cursos online para ficar nas plataformas e ajudar outras mulheres, porque eu sou mãe. E eu também tive muito problemas”, disse acrescentando que logo logo irá disponibilizar oficinas com intuito de auxiliar mulheres que estão perdidas, em busca de renda, a encontrar soluções por meio do crochê.
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