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Estudantes vencem edital de R$100 mil e fazem documentário sobre grafites da Trincheira Santa Rosa

Da Redação - Naiara Leonor

A história dos grafiteiros da Trincheira Jurumirim, em Cuiabá, ganhará as telas pela visão de dois estudantes de Radio e Tv da Universidade Federal de Mato Grosso. A dupla que foi contemplada por um edital que financiará a produção, tem até novembro deste ano (2015) para apresentar o produto final.

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Conseguir apoio e a grana para produzir seu próprio filme é o sonho de boa parte dos profissionais de audiovisual. Mas, e quando isso acontece com quem ainda está na faculdade? Os estudantes de Rádio e Tv da Universidade Federal de Mato Grosso, Ana Carulina Roelis e Jorge Antônio Nunes Miranda foram contemplados no Edital Jovem.doc e terão 100 mil reais para produzir um documentário.


Ana Carulina Roelis e Jorge Antônio Nunes Miranda

O projeto, que é uma realização da Fundação de Apoio a Unifesp (Fap-Unifesp), Universidade Federal Paulista (UNIFESP), Cinemateca Brasileira e Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAV-Minc), tem como objetivo fomentar projetos audiovisuais documentais de jovens autores  e realizadores que constroem sua cidadania em centros urbanos de todas as regiões do país, protagonistas em suas comunidades locais ou virtuais. O Edital visa à produção de 10 documentários de 26 minutos sobre a relação do jovem com o espaço público. Jovens cineastas do Brasil inteiro entre 18 a 29 anos com apoio de uma produtora independente poderiam se inscrever.

O financiamento de projetos audiovisuais vem ganhando a atenção de órgãos governamentais, instituições de ensino e fomentadoras da cultura, e essa atenção tem rendido o lançamento de vários editais como este, que buscam realizadores da área. De olho nesses editais, a dupla terá a oportunidade de realizar seu documentário, que de acordo com edital, foi encaixado no tema “Cidadania, Culturas Urbanas e Cultura Digital”.

Em entrevista para o Olhar Conceito, os realizadores contaram que a ideia do roteiro do filme veio com o conhecimento do edital, eles queriam retratar algo que fosse regional e as manifestações dos grafiteiros na trincheira foi o tema certo para o edital certo.

O fato aconteceu em janeiro deste ano, quando artistas grafiteiros foram detidos pela Polícia Militar enquanto grafitavam as paredes da trincheira Santa Rosa. O Governo do Estado, já havia se manifestado favorável aos desenhos de outra trincheira, a Jurumirim, e haviam até divulgado fotos de apoio a ação dos artistas em sua página no facebook. Entretanto, três dias após a publicação, André Gorayeb, André Eduardo e Simone Ishizuka foram conduzidos ao Centro Integrado de Segurança e Cidadania (CISC / Planalto), de forma incisiva e sem a possibilidade de conciliação.

Após a prisão dos artistas, um protesto em apoio aos grafiteiros foi organizado via facebook. No dia da manifestação o trecho da Avenida Miguel Sutil, na Trincheira Jurumirim, foi interditado e cerca de 50 pessoas compareceram ao local para apoiar a ação dos artistas.

Ana Carulina e Jorge Antônio já estão trabalhando na produção do documentário seguindo o cronograma exigido no edital. A dupla firmou parceria com a “A Produtora Filmes”, que irá fornecer equipamentos e profissionais para a realização do documentário. Mas eles não descartam convidar alguns amigos de faculdade para participar. “Também queremos envolver alguns amigos universitários da área para ter acesso a essa mesma experiência que estamos tendo, para que todos possam ter um contato maior da tecnologia que há além dos muros da universidade, que é muito rica e engrandecedora”.

Os estudantes afirmaram que sempre estão de olho nos sites que promovem políticas culturais e que acreditaram desde o início que poderiam ser escolhidos no edital. “Vimos a noticia da abertura do edital em fevereiro e a deadline seria dia 27 de marco. Conversamos sobre o que queríamos documentar seguindo as escolhas que o edital nos dava. Tínhamos tudo na cabeça, por sorte tivemos o mesmo feeling”.

Com a conclusão do documentário, o próximo passo será a divulgação do trabalho em festivais, mostras e eventos da área. “Vamos aproveitar ao máximo todas as oportunidades, até porque não adianta fazer algo para não ser visto”.

Resta agora acompanhar a trajetória desta dupla promissora na cena audiovisual mato-grossense. Tá (quase) na lata!
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