Da Redação - Jardel P. Arruda
Dizem que o Brasil só começa a funcionar depois do carnaval. Então, passada data comemorativa, a expectativa geral da população era de ver as obras para a Copa do Mundo darem um “boom” e acelerarem freneticamente. No entanto, faltando menos de 100 dias para o começo do evento mundial, e os canteiros de obras em Cuiabá e Várzea Grande deram poucos sinais de um aumento na produtividade.
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“Eu não vejo praticamente ninguém fazendo nada. Passa o tempo, passa o tempo, e isso aqui nunca fica pronto. Eu não entendo isso”, disse o empresário Jorge Feltrini, 47, enquanto olhava para a trincheira Santa Izabel/Verdão, já asfaltada, mas ainda em obras. “Agora dá para ver que vão terminar antes da Copa, mas já deviam ter terminado há um ano. E, mesmo assim, ainda vão demorar muito nessa preguiça”, completou.
Enquanto isso, um idoso que vinha da direção da Arena Pantanal se equilibrava sobre a grade de aço de uma fina camada de concreto para atravessar a trincheira sem precisar dar uma cansativa volta. “Enquanto eles não terminam, esse é o atalho”, comentou rindo. Morador da região, ele ergueu os braços para mostrar as sacolas de compras que trazia do outro lado da obra.
A mesma sensação de cansaço por esperar, esperar e não ver nada acontecer também atinge quem precisa passar diariamente pela trincheira vizinha, a do Santa Rosa. Mais curta e com menos movimento de pedestre se comparada a do Santa Izabel/Verdão, ela causa menos problemas, mas ainda é motivo de reclamação.
“Essa obra é que faz ter pouca gente passando aqui. Olha aqui em volta, tá tudo fechado”, comentou a estudante Ana Lima, 19, apontando vários imóveis fechados ao redor da trincheira. “Antes tinha muito mais movimento. Mas isso aqui quebrou todo mundo. Se eles já tivessem terminado você veria”.
A obra da trincheira do Santa Rosa enfrentou vários problemas, entre eles a paralisação temporária devido precárias condições de trabalho, e é uma das mais atrasadas do conjunto de construções para melhorar a mobilidade urbana. Outra obra que teria causado a redução do movimento diário de pessoa ao redor é a “trincheirona”, entre a perimetral Miguel Sutil, a Rua Jurumirim e a Avenida dos Trabalhadores.
Os moradores e, principalmente, comerciantes, também reclamam da suposta falta agilidade nas obras do Complexo Viário do Coxipó. Uma das maiores obras, senão a maior, de mobilidade urbana em Cuiabá prevista para a Copa do Mundo. Para eles, muito poucos homens tem trabalhado na construção. “Coloca uma equipe só com um caminhão e uma patrola e pronto. Por isso que não terminam isso nunca”, argumentou o vendedor César Reis, 43.
Já em Várzea Grande, fora a trincheira do Zero Quilômetro, uma das primeiras obras a serem iniciadas, ainda parecer uma poça de lama devido às águas das chuvas e pouco se ver de movimento no seu canteiro de obras, uma das coisas que mais incomoda os moradores e trabalhadores da cidade são as obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT).
As principais avenidas que ligam a cidade Indústrial a Cuiabá passam por interdições que mudam quase diariamente e, para os habitantes da cidade, pouco se viu avançar nessas obras. “Não terminaram de preparar nem o começo do asfalto para receber o VLT. Estão a quanto tempo mexendo na mesma parte e não terminam nunca?”, falou Vitório Campos, 37, morador da cidade.
Por enquanto, as obras do VLT avançam com mais propulsão no trecho entre o aeroporto e o Zero Quilômetro. Depois, até a viaduto da Dom Orlando Chaves, uma nova frente faz os trabalhos começarem a aparecer. “Mas há quanto tempo a FEB está interditada? Por que só agora eles estão se mexendo aqui? É muita lerdeza, viu”, ponderou o vendedor Vinicius Duarte, 29.