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 A fase de Fred na seleção brasileira na Copa do Mundo não anda nada bem. Nos cinco jogos do torneio, o camisa 9 fez apenas um gol, diante de Camarões na última partida do Brasil na fase de grupos. Apesar da confiança de Felipão no atacante do Fluminense, o jogador é o alvo principal dos torcedores, que questionam a pouca participação e a falta de produtividade do centroavante. No entanto, para Fabio Cannavaro e para o treinador do Arsenal, da Inglaterra, Arsène Wenger, o maior problema para a falta de gols de Fred está nos jogadores que não chegam na área para tabelar e dar passes precisos, deixando o atacante isolado entre os zagueiros adversários.

- Ontem, eu estava jantando com o Arsène Wenger, treinador do Arsenal, e ele me disse uma coisa muito importante. Para fazer gol, o atacante precisa de passes. Ele precisa de um jogador que dê o passe certo. Nesse momento, o problema não está só com o Fred, mas também com quem está em volta dele. Porque não estão apoiando ele da maneira correta. Por exemplo, acho que o Hulk faz jogadas individuais demais. Talvez, ele devesse jogar um pouco mais com Fred e assim veríamos um Fred diferente. Como disse o Wenger, no futebol, o atacante precisa de alguém que dê a bola para ele para fazer gol - comentou, o capitão do tetracampeonato italiano, que concluiu:

- O Oscar é outro jogador que, até agora, não mostrou nada do que ele vale. Esse é outro problema. Olhamos só para o Fred, porque ele é o camisa 9 e tem a responsabilidade de fazer os gols, mas quem está em sua volta não está ajudando.

Capitão do Brasil na campanha do tricampeonato, na Copa de 1970 no México, Carlos Alberto Torres segue a mesma linha do ex-zagueiro italiano. Para o "Capita", o meio-campo brasileiro não chega à área adversária e, por isso, o fraco desempenho de Fred, que está acostumado a jogar no Fluminense com a companhia de outros jogadores próximo ao gol, como Wágner, Rafael Sóbis e Conca.

- É o número 9 que tem a missão de fazer os gols que a seleção precisa. E não estão saindo. É uma fase muito adversa que o Fred está passando, apesar da força que a comissão técnica está dando para ele. Mas eu penso, e acredito, que o que está faltando para o Fred acertar é a presença de um jogador ali no meio-campo que chegue junto com ele lá na frente. Não apenas esperar que o Hulk chegue à linha de fundo ou o Neymar fazer a jogada para o Fred. O jogador que vem de trás, e o Fluminense tem muito isso com o Wagner, Rafael Sóbis e o próprio Conca que chegam de trás para tabelar com o Fred. Acho que o Fred precisa de um jogador com essa capacidade para que ele possa subir de produção - disse Carlos Alberto.

No entanto, a explicação para a falta de gols de Fred na Copa do Mundo pode ser muito mais psicológica. Para Lothar Matthäus, capitão da Alemanha no Mundial de 1990, o camisa 9 do Brasil pode estar sofrendo com uma falta de autoconfiança, provocada pelo número de lesões sofridas entre a Copa das Confederações e o Mundial de 2014.

- No ano passado funcionou muito bem. Ele jogou muito bem na Copa das Confederações. Na época, o Fred fez muitos gols e o Brasil não mudou de lá para cá. Acompanhamos nesse tempo ele tendo muitas lesões e não jogando muito bem no seu time. E é muito importante para um atacante a autoconfiança - afirmou.

A lembrança da Copa das Confederações por parte de Matthäus gera um complemento de Carlos Alberto Torres, que cita o baixo desempenho de Paulinho no Mundial desse ano como mais um argumento para amenizar as críticas a Fred.

- É bom lembrar, como o Matheus citou, que nós tinhamos na Copa das Confederações ano passado um jogador que estava numa fase espetacular e que chegava sempre na área: o Paulinho. E agora, ele não está bem. Na Copa das Confederações, ele sempre chegava na frente e o Fred nunca ficava sozinho. Chegava o Paulinho, o Neymar, o Oscar, então ele sempre tinha o apoio de alguém. Assim, se o Fred tiver o apoio de dois ou três jogadores que cheguem juntos na área adversária, aí ele vai subir de produção - concluiu.

Mediador do "É Campeão!", o jornalista André Rizek lembra da história de superação de Zidane na Copa de 1998, na França, para que Fred possa se recuperar das fracas atuações no Mundial de 2014 e, assim, melhorar sua média de gols no restante do torneio.

- O Müller jogou bem todas as partidas até aqui e é um dos candidatos a craque da Copa. Mas, se o Fred fizer duas partidas fantásticas, a Copa do Fred vai ser maior que a do Müller. Vou entregar para o Fred o livro da vida do Zidane. Em 98, o Zidane foi expulso contra a Arábia Saudita, pegou dois jogos de suspensão e viu a França quase ser eliminada pelo Paraguai nas oitavas. Voltou contra a Itália e não foi bem, jogou contra a Croácia e não foi bem. Aí na final faz dois gols e vira herói nacional. Isso pode inspirar o Fred - falou o comentarista.

Brasil e Alemanha se enfrentam na próxima terça-feira, às 17h, no Mineirão, em busca de uma vaga na final da Copa do Mundo. Holanda e Argentina fazem o outro duelo na quarta.