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25/07/2014 - 11:33

Dunga não explica negócio nebuloso com jogador

ESPN

 No meio do caminho do comando da seleção existem duas pedras maiores e mais eliminatórias do que as próprias eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. O primeiro obstáculo é uma história para lá de nebulosa envolvendo uma suposta segunda venda do jogador Ederson. Desta vez para o minúsculo Club Atletico de Las Piedras (Uruguai), cuja transferência jamais ocorreu. Tendo como protagonista o advogado, braço direito do técnico do Brasil e secretário executivo do Instituto Dunga, Juarez Rosa da Silva. Ocorrida em 2007, quando Dunga já era o comandante da equipe brasileira.

A segunda situação é o necessário esclarecimento, por parte de Dunga, sobre o pagamento de U$ 575.000,00 (quinhentos e setenta e cinco mil dólares) que fez para o RS Futebol Clube, relativos a 25% do passe de Ederson. O treinador alega, em processo na justiça, que foi um empréstimo para o grupo Image Promotion Company (IPC) efetuar tal compra. No entanto, até aqui, existe a revelação da documentação, pública, do depósito em nome dele para o clube. Mas não a volta, o ressarcimento da IPC para o próprio Dunga. O que poderia dar margem ao entendimento de que é o dono dos 25% do passe de um jogador, atividade incompatível com a função de treinador de uma seleção brasileira.

Como a reportagem do "Dossiê 2014" mostrou na última quinta-feira, Dunga intermediou a venda do meia Ederson, em 14 de janeiro de 2004, do RS Futebol Clube para os investidores do IPC, recebendo de comissão R$ 407.384,08 do valor de U$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil dólares), por 75% dos direitos federativos e econômicos do jogador. Depois, no dia 8 de maio de 2006, o próprio Dunga foi o autor do depósito de U$ 575.000,00 pelos 25% restantes. Esta segunda parte do negócio tinha entre as condições primordiais para a realização, por determinação do IPC, a cessão de uma procuração para que Juarez Rosa fosse o representante do RS Futebol Clube na negociação. Condição que se encerrava no ato de formalização da transferência. Após o pagamento por parte de Dunga, o vínculo desportivo foi transferido para o Nice e a procuração do clube gaúcho para Juarez Rosa se encerrou, 1º de julho de 2006.

No entanto, mesmo com o valor da procuração entre o RS Futebol Clube e Juarez Rosa esgotado um ano antes, surge uma peça para lá de misteriosa no acanhado Cartório de Notas de Las Piedras, cidade uruguaia cinco vezes menor do que o bairro carioca de Copacabana: um contrato de transferência de vínculo de Ederson, beneficiando o já citado miúdo Club Atletico de Las Piedras. Valor: direito de crédito de 700 mil euros e direitos futuros equivalentes a 50% em caso de saída do Nice para outro time. Quase um presente do RS Futebol Clube para a agremiação de Las Piedras. Uma segunda venda de Ederson, discriminada no papel do cartório, mas que não virou transferência jamais. Nesta ação entre os dois clubes, Juarez Rosa assinou para o RS Futebol Clube. Como representante do clube uruguaio assina Mauro Paglioni, empresário de futebol e agente Fifa. Além de uma terceira assinatura, do representante do IPC. Essa segunda e inusitada transação, para um inusitado clube, de um jogador sobre o qual Dunga havia ganho comissão na venda anterior dos 75% e depositado posteriormente o equivalente aos 25% dos direitos, é realizada por um homem de confiança do treinador e ocorre quando este já está no comando da seleção brasileira. Em 26 de julho de 2007.

Surpreendidos com o surgimento de uma nova transação, com um jogador já vendido e realizada em seu nome, os representantes do RS Futebol Clube abriram processo contra Carlos Caetano Biedorn Verri, o Dunga, Juarez Rosa da Silva e a Image Promotion Company. O processo está no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília. Dunga foi excluído do processo, pelo entendimento de que não foi parte nesta fase da transação, a "segunda venda de Ederson". Juarez Rosa é presente em todos os momentos e decisões importantes do treinador. Estava com ele no dia da volta de Dunga ao posto de técnico da seleção, em encontro recente com Marin e Del Nero. Em 2010, às vésperas do embarque do time para à África do Sul, Dunga visitou a governadora Yeda Crusius para falar sobre o Instituto Dunga. Presente, Juarez Rosa foi apresentado como secretário geral do Instituto, como está no Diário Oficial de 3 de maio de 2010.

A reportagem encaminhou questões relativas ao contrato com o clube uruguaio para Juarez Rosa, sem obter resposta. Ao técnico Dunga foram enviadas questões sobre as circunstâncias do depósito dele para pagamento dos 25% do passe de Ederson, alegado como empréstimo dele para o IPC e sobre o pagamento de volta para ele, também sem resposta por parte do treinador.

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