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Revista Época afirma que futebol americano é a esperança de ocupação para a Arena Pantanal

Da Redação - Darwin Júnior

O futebol americano é a grande esperança para que a Arena Pantanal seja ocupada e não vire um ‘elefante branco’, como preconiza a mídia nacional. A projeção é da revista Época em uma matéria onde analisa o legado da Copa do Mundo em Cuiabá. Segundo a publicação, com o título 'O futebol será agora com as mãos', a expectativa é de que o futebol americano se torne o esporte número um na cidade que tem hoje um time bicampeão brasileiro e desponta como grande força na elite nacional. Segundo a revista Época, Cuiabá a ‘capital do futebol americano’ no país e uma ‘especialista’ nesse esporte.

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A Revista Época fala de previsões de que as arenas de Cuiabá, Manaus, Natal e Brasília se tornarão grandes ‘elefantes brancos’ após a Copa do Mundo. Para Cuiabá, a sugestão é de que a cidade que hoje não conta com nenhum clube na primeira divisão do futebol brasileiro, troque os pés pelas mãos. O argumento é de que o Cuiabá Arsenal é o grande orgulho dos mato-grossenses, despontando como ‘principal alternativa de aproveitamento do estádio no futuro’. A matéria ainda lembra que no ano passado, em seus 78 jogos somados, só foram somados 44.926 pagantes.

A Época ainda fala sobre o legado da mobilidade urbana em Cuiabá, ressaltando que o investimento total previsto para melhorias na cidade, somando aeroporto, estádio e obras de mobilidade urbana, é da ordem de R$ 3 bilhões. De um total de 56 obras que deveriam ter sido realizadas para o Mundial, cerca de 60% foram concluídas, segundo a Secopa. A secretaria também afirma, numa previsão otimista, que, dentro de 60 dias, o percentual de melhorias concluídas alcançará 95%, diz a revista.


Time do Cuiabá Arsenal: esperança de ocupação para a Arena Pantanal após o Mundial 2014. Foto: reprodução

Confira a matéria publicada pela revista Época ou veja no link da revist aqui

A Copa em Cuiabá não se resumiu ao estádio, que prometia um custo de R$ 420 milhões e acabou saindo por mais de R$ 600 milhões. O investimento total previsto para melhorias na cidade, somando aeroporto, estádio e obras de mobilidade urbana, é da ordem de R$ 3 bilhões. De um total de 56 obras que deveriam ter sido realizadas para o Mundial, cerca de 60% foram concluídas, segundo a Secopa. A secretaria também afirma, numa previsão otimista, que, dentro de 60 dias, o percentual de melhorias concluídas alcançará 95%. “A cidade realmente recebeu muitas obras. Nosso faturamento caiu de 15% a 20% no período de mais obras, porque a gente não conseguia andar”, diz o taxista Elias Cândido. Ele afirma que gastava uma hora da região central da cidade até o aeroporto. Agora, numa Cuiabá menos caótica, faz o mesmo percurso em 15 minutos, dependendo do horário. Segundo ele, se as obras em andamento terminarem, o legado da Copa para a cidade será real. “Se todas que começaram terminarem, Cuiabá ganhará muito mesmo. Mas tenho medo de que não concluam o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos, uma espécie de bonde). Hoje dizem que ele era para os cuiabanos, e não para os turistas. Mas estava nas obras da Copa”, afirma Cândido.

O VLT é a maior obra já licitada na capital mato-grossense. Com investimento de mais de R$ 1,4 bilhão, a construção do sistema de metrô de superfície era prometida como maior legado para a região metropolitana de Cuiabá. Com mais de 22 quilômetros de extensão, ele surgiu como a principal proposta para resolver grande parte dos problemas de mobilidade da cidade. Os atrasos das obras superaram qualquer expectativa pessimista, e a população parece preocupada com o que poderá acontecer após a Copa. “O que prometeram, no geral, não cumpriram. Acredito que possa ficar abandonado após a Copa. O VLT, só acredito vendo”, diz o advogado Leonardo Vilas Boas. Para ele, várias obras foram disfarçadas para o Mundial. Segundo o secretário Guimarães, “a garantia de que o VLT sairá é real, tanto que não paramos nem durante a Copa”. O servidor público Jaime Garcia está otimista. “Uma Copa no Brasil, ainda mais nesta região tão esquecida, não dá para torcer contra. E vai ficar legado, sim. O trânsito melhorou muito, apesar de as obras ainda não estarem concluídas”, afirma Garcia. Para ele, a marca ruim deixada pela Copa foram as denúncias de desvios de recursos. “Foi um ponto negativo, mas aí o povo tem de saber escolher quem coloca lá”, afirma. Garcia refere-se à soma de denúncias do Ministério Público Estadual, que fizeram com que o Tribunal de Contas do Estado embargasse obras como o VLT, por suspeitas de irregularidades nos projetos e na licitação. O governo estadual sempre negou qualquer irregularidade.

Do ponto de vista turístico, a Copa em Cuiabá pode ser considerada um sucesso. É difícil encontrar taxistas, restaurantes ou hotéis que não tenham aumentado consideravelmente os rendimentos nas duas semanas da festa do futebol. A cidade recebeu milhares de chilenos para o jogo entre Chile e Austrália e comemorou os 98% de ocupação de seus hotéis. Seus leitos atingiram ocupação total para a última partida, entre Colômbia e Japão. Alguns torcedores chegaram a ter de se hospedar em Primavera do Leste, cidade a mais de 200 quilômetros de Cuiabá. Segundo a Secopa, a cidade recebeu 100 mil turistas durante o Mundial. O Ministério do Turismo calcula que tenham deixado em Mato Grosso mais de R$ 300 milhões. “Se você pegar os últimos dez dias, já começamos a ver no mundo algumas notícias da felicidade das pessoas de terem ido ao Pantanal”, diz Guimarães. “O mundo está vendo a Chapada dos Guimarães, o Pantanal, então acho que vale a pena.” O recorde de público da Arena Pantanal na Copa foi estabelecido na partida entre Bósnia e Nigéria, pelo Grupo F, no dia 21 de junho: 40.500 pessoas. Isso num jogo entre duas seleções com pouca história no futebol, representantes de países distantes. O telão montado pela Fifa Fan Fest em Cuiabá atraiu mais de 45 mil pessoas, durante a vitória do Brasil sobre Camarões, na semana passada. O local já recebera 43 mil pessoas para ver o jogo entre Brasil e México, e 17 mil acompanharam no telão a abertura do Mundial – vitória do Brasil sobre a Croácia.

Os mato-grossenses fizeram sua parte – torceram, gastaram, festejaram. Desde a semana passada, não há mais Copa do Mundo em Cuiabá. A realidade local será novamente marcada pelas obras, cuja conclusão voltará a ser cobrada – agora sem a pressão originada pelo calendário do Mundial. Mesmo que a bola oval do futebol americano consiga trazer um futuro promissor à custosa Arena Pantanal, fora dela os objetivos traçados pelas autoridades de Mato Grosso estão longe de alcançados. A ressaca da Copa em Cuiabá poderá ser dolorosa, caso a cidade não avance o que pretendia. Os torcedores e os atletas foram embora, mas as promessas feitas aos moradores de Cuiabá ficam.
 

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