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Cuiabá pode perder rota internacional e ficar sem nenhum legado da Copa no turismo

Da Redação - Darwin Júnior

Após seis anos de espera, a aterrissagem, no aeroporto Marechal Rondon, de um avião da Amaszonas, procedente de Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), às vésperas da Copa do Mundo, colocava Mato Grosso na rota internacional e encurtava em cerca de 1.500 quilômetros, a distância da capital a países como Estados Unidos, Canadá e México. Era então, o único legado da Copa no turismo, setor que não recebeu nenhum investimento para o Mundial.

Agora, encerrada a Copa em Cuiabá, a notícia de que a nova rota internacional foi suspensa por determinação da Receita Federal - a alegação foi falta de estrutura'no aeroporto de Várzea Grande -, surpreendeu o trade turístico e frustrou as expectativas do setor. E mais do que isso, deve deixar na mão centenas de turistas e investidores que contavam com a permanência do voo Cuiabá-Santa Cruz. O último voo ocorreu no dia 3 de julho e as decolagens programadas para os dias 5, 7, 10 e 13 foram suspensas. A empresa também suspendeu a venda de novas passagens.

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Indignado com a situação e pressionado pelo trade turístico, o presidente do Sindicato das Agências de Viagens de Turismo do Estado (Sindetur), Oiran Gutierrez lamenta o fato e vê forte prejuízo para toda a categoria. Foram muitos anos de luta para conseguir internacionalizar o aeroporto. Agora que o terminal foi ampliado e já conta com uma área para desembarque específico, veio essa ordem. "É um retrocesso imenso para Mato Grosso", bradou.

Oiran Gutierrez afirmou que “com este voo, os empresários almejam fazer conexões com várias outras cidades da América do Sul que ficam a uma hora de viagem deste ponto. Seria muito mais rápido chegar a países como Peru, Argentina e Chile. Ele ainda acredita que entre três ou seis meses de operação, a empresa faria estes voos – que no início aconteceram três vezes por semana – diários: “Se isso acontecer, sabe o que pode gerar? A empresa LAN – uma das maiores da América latina - começará a operar na cidade, os benefícios seriam imensos para a capital mato-grossense”, enfatizou.


O desembarque internacional no aeroporto Marechal Rondon funcionou apenas no período da Copa. Foto: Darwin Júnior

A Receita - A Receita Federal decidiu solicitar à Anac a suspensão do voo internacional, alegando falta de estrutura necessária para o trâmite alfandegário. Não havia local apropriado e nem aparelhagem necessária para esses procedimentos, segundo a Receita. 

Prejuízo - A suspensão do voo pregou de surpresa não só as agências de viagens que já vinham recebendo impressionante procura por passagens para a Bolívia, mas, principalmente a empresa aérea. O gerente no Brasil da empresa Amaszonas, Bardo Gomez, lamentou profundamente o fato. "Estamos perdendo uma importante conexão com a América do Sul a partir de Cuiabá. Sem contar os prejuízos financeiros que são grandes, já que tínhamos centenas de assentos já fechados e um interesse crescente de investidores por essa rota. É uma pena que isso esteja ocorrendo após um grande esforço para conseguir essa linha", afirma o gerente que ainda não vê tudo perdido: "Vamos procurar os políticos de Mato Grosso para que intercedam junto aos órgãos e as medidas necessárias sejam tomadas. Caso contrário, há um risco muito grande desse voo ser suspenso definitivamente".

A internacionalização do aeroporto Marechal Rondon também foi uma longa luta do Estado. O governador Silval Barbosa chegou a destacar a importância da internacionalização do Aeroporto Marechal Rondon, dizendo que o Governo trabalhou mais de 20 anos por isso.

O voo entre Cuiabá e Santa Cruz, operado pela empresa Amaszonas, colocou Cuiabá na rota internacional em uma viagem que conectou o Estado a vários países da América do Sul. O voo permitia conexões com o maior hub da América Latina, que fica na cidade do Panamá, fazendo com que a duração do transporte fosse muito menor. Um voo para Miami nos Estados Unidos, por exemplo, teria o seu tempo total reduzido em quatro horas. Hoje se demora mais para ir de Cuiabá até Santa Cruz de La Sierra do que ir à Europa. Com o início dos voos, entre sair de casa, ir ao aeroporto, desembarque e ir para o hotel, não demora mais que três horas e não 16 horas como ocorria.

A companhia aérea utiliza aviões biturbina da empresa Bombardier, com capacidade para 50 passageiros em uma rota que facilitaria a vida de centenas de turistas e investidores. Pelo menos 300 pessoas poderiam ir e vir entre Cuiabá e Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, todas as semanas. Foram seis anos de espera, até o anúncio, no dia 7 de maio, feito pelo ministro Vinícius Nobre Lages (PTB), do Turismo, durante reunião com o governador Silval Barbosa (PMDB), ao lado do empresário Sérgio Deurioste, presidente da Companhia Amaszonas, de La Paz (Bolívia).


Aeroporto Marechal Rondon passou a ser um dos maiores do país após a ampliação, mas ainda estaria faltando estrutura para funcionamento da alfândega. Foto: Darwin Júnior

Atualizada às 13h30


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